Por Eleutério Gomes – de Marabá
Pelo transcurso do Dia da Amazônia, nesta terça-feira (5), o Projeto Rios de Encontro, coordenado pelo ativista cultural galês Dan Baron, teve espaço de 30 minutos na sessão da Câmara Municipal de Marabá, durante o qual fez o encerramento do Fórum Bem Viver, evento que iniciou no último dia 28 de agosto com várias atividades culturais.
Voltado para a defesa do meio ambiente, à preservação dos bens naturais e, consequentemente, do ser humano, o discurso de abertura de Baron defendeu um amplo debate acerca dos grandes projetos para o município e região, com destaque para a Hidrelétrica de Marabá e a derrocagem do Pedral do Lourenção, no Rio Tocantins, em Itupiranga.
Ele afirma que esse modelo de desenvolvimento é falido, norteado pela ganância de poder político de grupos que não têm compromissos com as comunidades atingidas. Lembra de Belo Monte e cita Altamira, onde o que ficou depois da implantação da hidrelétrica foi a pobreza a e violência.
Participou também da apresentação, o vereador Leonardo Santana, da Câmara Municipal de São João do Araguaia, cidade que será atingida pela Hidrelétrica de Marabá. Ele disse que não quer a barragem, afirmando que o empreendimento não só enterrará a história do município com destruirá as raízes do povo são-joanense. “Queremos o rio para a vida e não o rio da morte”, exclamou, encerrando sua fala.
Em seguida falaram a dançarina colombiana Claudia Giraldo e o músico equatoriano Oscar Paredes, ambos também ambientalistas, que protestaram contra o modelo de desenvolvimento que destrói florestas, rios e desaloja comunidades, disseminando a violência e a pobreza. O discurso foi o mesmo de um terceiro ativista, este norte-americano. Aconteceram também apresentação de música de percussão e dança, executados por jovens que participam do Rios de Encontro.
O que é o Rios de Encontro?
É um projeto desenvolvido na comunidade ribeirinha afrodescendente do Cabelo Seco, bem na ponta entre os Rios Tocantins e Itacaiúnas, o bairro matriz da cidade de Marabá. Nele, Dan Baron procura transformar a riqueza cultural adormecida, pela formação artística, gestão cultural e produção transcultural, em uma proposta que integra quatro gerações da comunidade, gestores do poder público e profissionais de educação, saúde, cultura e segurança.
Formado por um núcleo gestor de jovens artistas de microprojetos artístico-culturais da comunidade Cabelo Seco, apoiados por um núcleo gestor de suas mães produtoras na sua Casinha de Cultura, o Projeto hoje atua em sete frentes: o grupo musical Latinhas de Quintal; a companhia de dança AfroMundi Pés no Chão, o projeto de jornalismo social Nem Um Pingo; o coletivo audiovisual Rabeta Vídeos, um Cine Coruja, e Folhas da Vida: bibliotecas familiares.