Rodovia federal é fechada por precariedade de água e esgoto. Prefeitura põe culpa na HF Engenharia, que construiu o conjunto

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Moradores do residencial Tiradentes, localizado na rodovia BR-222, em Marabá, interditaram a via durante a manhã desta segunda-feira (5), em protesto contra as condições de moradia do local, mais precisamente em relação aos serviços de água e esgoto.

A interdição começou por volta das 5 horas, no trecho da rodovia entre os núcleos São Félix e Morada Nova, e desde as primeiras horas do dia um enorme congestionamento se formou nos dois sentidos da via. Eles dizem que estão sem água desde a última semana e não há previsão para solução para o problema. “Estamos aqui irados porque o sistema de água entrou em colapso total. São mais de 4 mil pessoas que dependem do poço que construíram aqui, mas infelizmente o poder público não resolve o problema”, conta Maria Trindade Dutra, 32, moradora do Tiradentes. Mãe de três filhos – o menor com quatro anos – ela diz que a qualidade da água não é boa e o sistema de esgoto sanitário não presta de forma alguma, gerando um odor insuportável para a comunidade. Ela também aproveitou para queixar-se das ruas esburacadas devido ao asfalto mal feito e ainda a falta de coleta de lixo e de escolas na área.

Por outro lado, quem precisou trafegar pela rodovia foi impedido, e não havia ninguém para organizar o trânsito. José Magalhães Villas Boas, comerciante, vinha com a filha adolescente de Jacundá para uma consulta e exames da moça em Marabá e tinha horário marcado. Ficou revoltado e disse que não tinha nada a ver com a história, não devendo pagar pelos problemas do município onde ele não mora. “É um absurdo, pois  quem precisa estudar e trabalhar não pode passar por causa da interdição. Não há policiamento, não há ninguém no local para resolver a situação. Aqui é uma cidade até grande, não podem deixar acontecer esse tipo de coisa”, desabafou.

Em princípio, nem a Caixa Econômica Federal (CEF), nem a construtora que fez as casas e o asfaltamento das ruas, se manifestaram. Trata-se de um longo processo de divisão de responsabilidades sobre as condições dos residenciais construídos com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas que por outra os moradores acabam realizando protesto por causa dos problemas de estrutura que se agravam.

A interdição da rodovia federal só acabou por volta de 13 horas, depois que representantes da prefeitura estiveram no local e começaram a mexer no sistema elétrico da casa de bombas do residencial.

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Nota da Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Marabá deu as seguintes explicações:

No último dia 28 de novembro, a Sevop (Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas) foi informada de que um caminhão teria colidido com os postes de energia que alimentam duas bombas hidráulicas no Residencial Tiradentes.

Imediatamente a Sevop enviou equipe técnica ao local onde ficou constatado que o transformador havia sido danificado e toda a fiação elétrica das bombas havia sido furtada.

A equipe, então iniciou os serviços de emergência para a regularização do abastecimento de água. Foi feita uma ligação provisória, mas logo se constatou que, em uma das bombas, o cabo foi rompido na base do aparelho de sucção, sendo necessária a retirada do equipamento. No momento, o serviço de recuperação está sendo realizado.

No tocante ao esgoto, a Sevop já disponibilizou um caminhão limpa-fossa exclusivamente para o Residencial Tiradentes a fim de minimizar os transtornos.

Vale lembrar que todas as demandas do Residencial Tiradentes, inaugurado em junho de 2013, são de responsabilidade da empresa HF Engenharia, que construiu o conjunto, uma vez que a obra ainda está na garantia de cinco anos, conforme contrato com o Governo Federal.

Essa construtora, entretanto, apesar de já ter assinado TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) diante do Ministério Público Estadual, nunca procurou reparar as falhas detectadas após a entrega das 1.400 unidades habitacionais.

Já a Prefeitura de Marabá jamais se furtou em prestar assistência aos moradores do Residencial Tiradentes, sempre que solicitada, a fim de não deixar a população daquele residencial desassistida”.