As duas grandes estradas federais que cortam o oeste do Pará, a BR-230 (Transamazônica) e a BR-163 (Santarém-Cuiabá), estão nesta época do ano na mesma situação dos anos anteriores: tomadas por atoleiros, buracos e muita lama. O governo federal liberou recursos para a manutenção da estrada, mas o dinheiro chegou atrasado e está sendo gasto somente agora, no inverno, sendo transformado literalmente em barro.
Neste final de semana, a reportagem de O Estado do Tapajós percorreu alguns trechos da rodovia, de carro. Homens e máquinas estão trabalhando para tentar manter a trafegabilidade, mas por causa das chuvas, logo os atoleiros se formam novamente. Na Santarém-Cuiabá, entre as cidades de Santarém e Rurópolis, o trabalho está sendo feito pelo 8° batalhão de Engenharia e Construção (BEC). Na Transamazônica, por empreiteiras contratadas pelo governo.
Como era de se esperar, as obras na Transamazônica são melhores que as feitas pelo BEC na BR-163. Entre as cidades de Rurópolis e Placas, por exemplo, o trabalho feito por uma empreiteira garante o fluxo rápido de veículos, sem atoleiros. Mas isso não quer dizer que não há desperdício de dinheiro público. Entre Placas e Uruará, um trecho de apenas 60 quilômetros, a reportagem flagrou como o dinheiro investido na época errada pode literalmente virar lama.
Neste trecho se formaram vários atoleiros devido às chuvas. Há algumas semanas, uma construtora começou a trabalhar para recuperar a trafegabilidade. Na semana passada, aproveitando alguns dias de Sol, a empresa fez um serviço para aterrar os buracos e atoleiros, mas na sexta-feira uma forte chuva caiu naquela região. O resultado foi que a terra jogada na estrada virou um barro liso que impediu o tráfego de veículos. Novos atoleiros se formaram e os caminhões ficaram parados na beira da estrada, esperando uma melhora no tempo.
Na Santarém-Cuiabá, o dinheiro público também se transforma em lama e atoleiros. Depois de deixar o trecho entre as cidades de Santarém e Rurópolis (de 220 km) sem manutenção no verão, o governo liberou recursos durante o inverno, quando é impossível fazer outra coisa a não ser puxar carros em atoleiros. O trabalho deve torrar durante o inverno cerca de R$ 2 milhões para não deixar que a estrada fique totalmente intrafegável.
Pelo calendário amazônico, as obras de recuperação ou conservação de estradas sem asfalto só podem ser realizadas de junho a dezembro. É o período quando chove menos na região. De janeiro a maio, as chuvas não deixam que o trabalho seja feito e, sem as obras de conservação, as estradas ganham atoleiros quilométricos. Além dos atoleiros, as pontes velhas de madeira oferecem risco aos motoristas.
Além disso, o trabalho de recuperação feito pelo 8° BEC é apenas um paliativo, que não suposta dois dias de chuva. Na quinta-feira, dia 14, quando a reportagem passou pelo trecho entre as duas cidades, não havia grandes buracos que poderiam se tornar atoleiros. Mas no sábado, novos atoleiros já começaram a se formar em alguns trechos. Como não há condições de trabalho no inverno, a tendência é que todo o dinheiro gasto seja utilizado neste período em trabalhos de reparo e que, no próximo verão, não haja recursos para a conservação.
Por Paulo Leandro Leal – Repórter O Estado do Tapajós
3 comentários em “Rodovias federais que cortam o Pará viram atoleiros. Atraso na liberação dos recursos são os motivos alegados”
nunca essa estrada sera asfaltada
há muitos anos pretendo conhecer essa região, mas do jeito que está creio que logo logo o governo estará arrumando definitivamente esta estrada.
é muito loco é drenalina.