O presidente Jair Bolsonaro fez a quinta substituição ministerial de seu governo na quinta-feira (7), deslocando Gustavo Canuto, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para a direção da Dataprev. Em seu lugar, assumiu a pasta Rogério Marinho, secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
Oficialmente, o Palácio do Planalto garantiu que a mudança foi determinada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro que delegou a Canuto “a missão de ‘desatar o nó’ das filas do INSS”, fonte das maiores reclamações da população ao governo.
Gustavo Canuto era alvo de críticas do setor de construção civil, de parlamentares e de integrantes do próprio governo.
No ano passado, o Dataprev – estatal responsável pelo processamento de dados do INSS – iniciou a oferta de 90 serviços digitais e um novo layout para o aplicativo Meu INSS (confira o aplicativo aqui). A empresa é responsável por prover a tecnologia necessária para melhorar a prestação dos serviços públicos aos segurados da Previdência, além de promover a celeridade na análise dos processos e a redução de pagamentos com indícios de inconsistência, três das inúmeras causas das enormes filas nas agências do INSS estimada em mais de 8 milhões de processos represados.
Real motivo
Mas, informações de bastidores, indicam que o real motivo da demissão de Gustavo Canuto teria sido um desentendimento com o superministro da Economia Paulo Guedes, que solicitou a substituição de Canuto por Marinho, sendo atendido por Bolsonaro.
De acordo com fontes graduadas do Ministério da Economia que pediram sigilo da fonte, a gota d’água para a demissão de Canuto teria sido um desentendimento com Guedes. Entretanto, por sua proximidade com políticos do Nordeste que apoiam o governo, especialmente o líder no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Canuto continuará no governo assumindo a direção da Dataprev.
Em transmissão ao vivo pelas mídias sociais na quinta à noite, o presidente Jair Bolsonaro disse que Rogério Marinho, “foi escolhido pela sua competência e pelo que tem a oferecer para continuar o trabalho de Gustavo Canuto, que está indo para a Dataprev. Foi conversado, acertado com ele que precisávamos de uma pessoa da formação dele, do conhecimento dele na questão de informática”.
A questão central envolve reclamações de representantes do setor privado e continuadas críticas de integrantes do governo que consideram Canuto um burocrata.
A avaliação é que ele estava na direção contrária à linha liberal da equipe econômica.
Nos bastidores, havia queixas de que ele estaria atuando para beneficiar adversários do governo, direcionando a liberação de recursos. A pasta é cobiçada por concentrar verba para habitação popular, saneamento e obras de mobilidade urbana. O ministro Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do governo negou haver problemas em relação a Canuto e limitou-se a declarar: “Não houve nenhuma má vontade do Canuto, não, muito pelo contrário. Motivo [para a demissão], confesso que não tenho.”
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu, em Brasília