Por Raimundo Pereira Moura Martins.
Pedagogo, professor efetivo da rede municipal de Parauapebas e Técnico em Educação da SEDUC.
Há tempo os educadores de Parauapebas vinham se segurando para não explodir com a gestão municipal do sistema de ensino. A greve que o município sofre hoje é consequência de um calendário letivo apertado que não respeita os finais de semana dos educadores, e de um sistema de formação equivocada que ignora o saber fazer pedagógico dos professores, quando não aceita que estes já trazem um acúmulo de experiências educativas em suas práticas pedagógicas.
As cobranças e o modismo exacerbado que foi importado do sul pelo Cedac – Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária – que desenvolve o Programa Escola que Vale em parceria com a Fundação Vale e o município de Parauapebas, precisa ser revisto pelo nosso sistema de ensino. Hoje os professores e os coordenadores pedagógicos passam mais tempo preenchendo papel e respondendo relatórios do que atendendo os alunos em suas peculiaridades em sala de aula.
Não vale mais um programa que só cobra do professor e ignora os fatores políticos que prejudicam o sucesso do trabalho dos professores em sala de aula, como por exemplo: a desvalorização salarial e profissional, as salas super lotadas, a falta de acompanhamento das famílias na escola, a falta de material didático e pedagógico e a falta de democratização das decisões. Esses fatores são responsáveis pelo insucesso do trabalho dos educadores, que atinge diretamente a aprendizagem dos alunos.
Fala-se muito em avaliação de desempenho do trabalho do educador, mas em nenhum momento é feita uma avaliação de desempenho do sistema de ensino, o qual faz parte de um ciclo vicioso que está diretamente ligado ao modelo político de nosso país que é fundado no autoritarismo e na corrupção.
Enquanto os gestores não reconhecerem essa falha no sistema, não conseguirão avançar na democratização da escola pública. Por mais que nosso atual Secretário Municipal de Educação seja uma pessoa tecnicamente preparada para assumir o comando da educação do município, falta-lhe maturidade política e humildade para reconhecer que a educação é uma construção coletiva que necessita da prática do processo democrático.
Historicamente, nenhuma conquista educacional aconteceu de forma individual e isolada. O conjunto das ações desenvolvidas no interior das escolas é que fazem a diferença no sistema municipal de ensino, e não ao contrário. Por isso, cabe ao sistema, resguardar-se ao avaliar o servidor de forma individual e isolada, sem ao menos ouvir a comunidade para qual este servidor presta o seu serviço.
Todo diretor tem o direito de fazer a sua avaliação sobre qualquer servidor da escola, todavia não pode fazer essa avaliação sozinho, sem a participação dos segmentos da comunidade escolar, neste caso o Conselho da Escola, órgão co-responsável pela gestão da escola que precisa recuperar o seu papel para além das exigências burocráticas do sistema.
Como disse o Prefeito Darci: “é em momento de crise que se constrói”. Portanto, cabe a ele, reconhecer que a greve deflagrada pelos trabalhadores em educação da rede municipal é justa e legítima, para fazer avançar a educação de nosso município em todos os sentidos.
Precisamos de um novo Plano de Cargos e Carreiras para garantir a promoção de todos os profissionais da educação, como também de um salário compatível com o custo de vida e com a arrecadação do município de Parauapebas. Os diretores e vice-diretores das escolas precisam ser fruto da escolha democrática da comunidade escolar e não da vontade política de governo.
É por tudo isso que rompemos o silêncio na educação e deflagramos a greve municipal no dia 7 de junho de 2010.
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2 comentários em “Rompendo o silêncio na educação de Parauapebas”
Parece que o objetivo da semana do meio ambiente não foi alcançado, pois o que se viu hoje pela manhã na praça de eventos foi à quantidade de lixo que foi deixado depois da festa. Quando alguns locutores de meios de comunicação preocupavam-se com o que os professores poderiam fazer para atrapalhar as suas comemorações,que, até a policia foi acionada para evitar o tal “quebra quebra,” por parte dos professores que poderiam danificar as barracas, pois estavam usando para se protegerem da chuva, esqueceram de conscientizar seus funcionários que prestaram serviços, que lugar de lixo é no lixo, e não no espaço publico, e que depois de uma grande festa, deixa –se casa limpa, principalmente na semana do meio ambiente.Os professores na concepção deles, podem até ser barraqueiros, mas são limpinhos.
Parabéns pela postagem. Estou me formando em Geografia pela UFPA, pretendo fazer estágio em sala de aula. Mas não pretendos eguir carreira, pois isso é desistimulante. Trabalharei em qualquer área de projetos, menos ministrar aulas. Ser professor hoje no Brasil é acabar com qualquer vocação de ensinar. Parabéns à todos os prefessores da rede de ensino de nossa cidade. A greve de vcs é válida.