Leônidas Mendes envia por e-mail a sua opinião sobre o que disse o Secretário de Administração de Parauapebas, Luiz Vieira, na postagem “Direito de resposta concedido ao Secretário de Administração de Parauapebas, Luiz Vieira”. Procurei o presidente do partido, Nilson Dias, para ouví-lo sobre a posição do partido sobre o texto, mas não fui atendido. Segue a íntegra do que pensa Léo sobre o texto publicado:
“ Caro Zé,
Começarei pelo óbvio: não tenho nenhum motivo pessoal para exigir um posicionamento do PT em relação ao tal “caso das telhas”. Em toda a minha militância política, sempre agi por motivações políticas.
Agora, por exemplo, tenho insistido porque entendo que um ato deste tipo atinge a imagem do Partido; ainda mais em ano eleitoral e quando temos problemas políticos (construção de alianças estaduais, especialmente com o PMDB), administrativos (principalmente, em nossa administração municipal, nesse momento semi-paralisada) e morais (quem acreditaria ou acreditará, fora nós mesmos, petistas, que as telhas foram levadas para a casa de familiares do secretário por engano? Por que, se era um engano, não se enganaram de endereço e levaram para a casa de uma família mais necessitada?) Façamos uma pesquisa junto a população de Parauapebas, seria uma boa!
O segundo ponto que quero levantar é o mesmo que o senhor secretário tornou último, aproveito para reclamar-lhe apoio: é isto mesmo, vamos exigir da OAB, do MP, do Poder Judiciário, das igrejas, dos movimentos sociais, de nós todos, uma imensa campanha, não apenas para apurar o “caso das telhas” (3, 30, 300, 3000 – qual é a diferença? A quantidade altera o ato de improbidade e peculato? Lembro que ambos não admitem modalidade culposa, basta ver a Lei); mas fazer uma campanha também para investigar crimes como chantagem, peculato, enriquecimento ilícito e outros crimes hediondos que nem vale citar. (Estas últimas palavras são literalmente do próprio secretário. E me deixaram apavorado: o que será que secretário quis dizer com crimes hediondos que nem vale citar? Como não vale a pena denunciar crimes hediondos?)
(Aliás, sinto-me na obrigação de lembrar-lhe, senhor secretário, que “saber de crime – ainda mais, hediondo, e as palavras são suas, e não denunciá-lo às autoridades competentes é crime; ou não é, Dr. Ademir? Digam-me, nossos membros integrantes do Poder Judiciário, MP, advogados em geral, se alguém sabe de crimes como chantagem, peculato, enriquecimento ilícito e outros crimes hediondos (sic) tem ou não a obrigação legal de denunciá-los? Meus professores do curso de Direito/UFPA estão me ensinando errado? Reclamo agora uma resposta oficial da OAB, pois, também preciso estudar, inclusive para fazer a própria prova da OAB: que resposta daria, se por acaso uma questão assim estiver na minha prova? Senhores, agora estamos falando de crimes hediondos? Eu, quando instei o PT a um posicionamento estava falando apenas do “desvio de telhas”. Este eu sei que foi cometido, embora não saiba afirmar por quem!)
Não vou discutir senhor secretário, seus conceitos de honra e respeito. Quem sou eu para duvidar de seus valores? Vou me ater a outros que encontrei em seu direito de resposta. No caso, principalmente três: banalidade, austeridade e pseudo-petista. Comecemos pelo primeiro: o que exatamente o senhor quis dizer com assunto tão banal? Banal no caso foi “desviar as telhas”? A quantidade de telhas? As próprias telhas? Ou cobrar do Partido dos Trabalhadores um posicionamento? Podemos pedir a formulação de um novo conceito para banalidade; e estabelecermos que até 300 telhas é banal, daí pra frente é improbidade. Penso que pode ser uma boa pauta para discutirmos no próximo encontro do Partido, não é mesmo?
Vamos ao segundo: austeridade. O que é austeridade? Presentear parentes com telhas velhas? Muito bom: eram entulhos e estavam sujando e atrapalhando a administração municipal; talvez, enfeando-a? Não? Pode ser demitir um “companheiro” por ser um pseudo-petista a bem do serviço público, pois, ele se opunha à retirada das telhas do Almoxarifado Municipal? Ou talvez não, ele queria que as telhas velhas fossem levadas para a casa de algum parente dele e, neste caso, evidente quebra de hierarquia, pois que, sendo subordinado ao secretário, deveria primar pelos parentes do secretário, não pelos seus? Penso que isto também requererá de nós, petistas, pseudos ou não, uma grande reflexão; espero, entretanto, que nos apressemos e não façamos mais um daqueles intermináveis debates – podemos simplesmente ir ao dicionário, supondo que este nos seja suficiente.
Por fim, o derradeiro: pseudo-petista. Como posso fazer para diferenciar um petista verdadeiro de um pseudo-petista? Proposta número 01: pela quantidade de telhas que ele decidir mandar para casa de parentes. Parece-me uma boa pedida, não obstante, tenhamos um problema numerológico: o número ideal seria 3, 30, 300, 3000, 3000000? Pode ser tijolos, independentemente do número? Ou tem que ser telhas, ainda mais se for velhas? Isto certamente gerará longos debates. Já imagino quantas tendências internas novas surgirão em torno desta questão. Quantas serão as teses a serem registradas nos diretórios? Pelos menos poderemos responder aos nossos adversários demos-peessedebistas quando nos chamam de petralhas : exigiremos que nos denominem petelhas!
Proposta número 02: serão considerados verdadeiros petistas somente aqueles que, dizendo-se sabedores de crimes hediondos, entenderem que também isto é um assunto banal e não vale à pena citar? Ou os que defenderem uma mudança na Lei de Crimes Hediondos? Não? Então, já sei, verdadeiros petistas serão os justos, os de bom e limpo coração, mas que, mesmo sabendo de crimes como chantagem, peculato, enriquecimento ilícito e outros crimes hediondos entenderem que não vale a pena denunciá-los e que a sociedade ficará melhor assim, pois, estes terão principio ético e moral, embora digam que não vão denunciar crimes de que se dizem sabedores? Entendo agora porque desviar telhas é um assunto banal. E concordo! Temo, uma vez mais, que precisaremos de uma nova teoria socialista!
Por fim, proposta número 03: serão considerados verdadeiros petistas os empresários bem sucedidos econômica e politicamente, que não acobertem erros de supostos companheiros (mas: por que só dos supostos? Os outros podem?) que achem que, pelo fato de ser do PT, têm direito de cometer desmandos? Devemos incluir desvio de telhas entre dos tais desmandos? Não seria melhor considerarmos verdadeiros petistas apenas os empresários, mesmo que não sejam bem-sucedidos? Melhor não! Consideraremos verdadeiros petistas apenas aqueles que correm risco de vida por ter mexido numa estrutura podre e, vendo que ela estava pra cair, decidirem levar ao menos as telhas, pois, que, estando no teto, podem representar risco de vida para os demais cidadãos mesmos que sejam pseudo petistas ou nem mesmo sejam petistas?
O que me preocupa, num momento tão rico em debates como este, é que nossos aventureiros arvorados de intelectuais, de revolucionários, gritadores de palavras de ordem não tenham a capacidade teórica e nem o coração limpo para formularem nossa nova teoria de transformação social: e, aí, se apague de vez nossa tão minguada centelha revolucionária.
Saudações (pseudo ou verdadeiramente – quando eu descobrir, aviso) Petistas!
Leo Mendes Filho ”
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10 comentários em “Réplica”
Zé…
a maior parte do PT também entende que o governo ainda não se mostrou petista. O PT não é o governo. Nossas disputas internas já tiveram nível mais elevado do que discutir telhas. Mas, este é o sintoma de a que ponto chegamos, por isso, entendo que o partido deve e vai dar a volta por cima. O governo um dia, inevitavelmente, passará, nós, o PT, continuará. É importante aprendermos com nossos erros; mas, o mas importante é corrigí-los… Agora, mais urgentemente ainda. Não gosto de chavões, mas, penso que este descreve bem nossas necessidades; “Neste mundo, o que se pensa interessa muito. Mas, o que se faz interessa muito mais!”.
Abraços,
Leo
Eldan, o problema da “ajudazinha” aos órgãos do governo do estado é embrionário, acontece desde que Parauapebas virou município, no governo do então prefeito Faisal. Continuou no governo do Cortinas, nos dois de Bel e agora no do Darci.
A solução seria eleger, agora em outubro, um candidato comprometido com o sul e sudeste do estado, pois esse problema não é só de Parauapebas. Se governantes sul-paraenses querem ver o estado funcionar em seus municípios, tem que usar do regime paternalista e substituir quem só quer sugar, dando pouco em troca, ou quase nada, infelizmente.
Reconheço que o Leonidas teve uma réplica muito boa. Mas também quero parabenizar os comentaristas: este post esta de alto nivvel, apesar de – na verdade – esta guerra interna do PT estar de péssimo nivel. No entanto, digo isto não devido ao debate, mas aos motivos que trouxeram a ele.
Parauapebas é uma cidade de um potencial tremendo. Mas quando se està no poder, costuma-se ressaltar as dificuldades, como o crescimento demografico tão citado até aqui pela atual administração – diferente dos palanques, quando se propõe obras de 1 Milhão de Reais a cada mes.
Este caso especifico das telhas é um péssimo sinal. O PT de Parauapebas demonstra que é um partido, no minimo, estranho. Enquanto outros partidos estão se articulando para enfrentar a campanha que vem chegando, olha o que eles estão fazendo?
É bom que este tipo de coisa aconteça para que fique cada vez mais claro que este grupo não tem capacidade nem competencia para administrar uma cidade impar como Parauapebas – não digo o PT, uma vez que existem varios PTs dentro do PT, mas especificamente este grupo (vejam no post subsequente a este quando o Zé Dudu relata a “mãozinha” que a administração de Parauapebas da para o governo estadual na manutenção dos serviços deste por aqui).
Por outro lado é lamentavel que se tenha chagado a esse ponto de tamanho desacordo e com esta guerra interna dentro do PT. A tão esperada mudança para o vermelho aconteceu e mudou de fato: pra muito pior.
Desculpem-me os petistas e os “pseudo-petistas”, mas ja passou da hora da desunião desse “partdo-repartido” dar algum resultado, ja que a união do primeiro mandato não deu nenhum.
Na onda das citações, ainda vou ao meu velho amigo e professor de matemática, homem sério e dedicado, que dizia:
” Quem passou em brancas nuvens
E no plácido repouso adormeceu.
Quem passou pela vida e não sofreu,
Não foi homem.
Foi um espectro de homem.
Só passou pela vida, não viveu!”
Que o Leônidas e os demais pseudo-seilaoque que ainda se mostram corajosos em enfrentar essa massa inerte que se instalou na política de Parauapebas sejam homens, e não espectros de homens, e lutem com a voz e o conhecimento que tem para que a população dessa cidade possa ter orgulho dos seus títulos e da sua fama, estampada em grandes revistas do país e do mundo. Que saia de nossas fronteiras as verdadeiras virtudes de nossa gente, e que não se varra a sujeira pra debaixo do tapete. É preciso provocar e ampliar o debate sobre essa administração. Eu apostei que o prefeito não coseguiria concluir o mandato, e tenho grande chance de ganhar… Acorda, Parauapebas!!!!
BRILHANTE o Leônidas.
Simplesmente Brilhante.
E olha que sou do PMDB!!!!
Mas o cara é o máximo.
Também me inscrevo na onda de citações, pois ando a redescobrir e me re-apaixonar (inventei agora a palavra pra descrever um sentimento muito antigo e comum) por William Blake. Em seu provérbio do inferno ele dispara:
“Quem sofreu o teu domínio te conhece”.
Tá aí uma verdade que o povo de nossa cidade aprendeu da forma mais difícil.
É, e enquanto continuamos no âmbito da incerteza…
“Só podemos presumir…os bens materiais, os bens corporais e os bens da alma, e ninguém pode negar que a “felicidade” depende da obtençao dos três…e que por esse bem o homem cometerá qualquer tipo de crime, seja ele grande ou pequeno, para gratificar os seus apetites…sacrificará também os seus amigos mais queridos…por uma mísera moeda…porque é dono de uma mente frágil…como a de uma criancinha ou de um louco…”
Para Reflexão
“A justiça deve presidir e regular as relações sociais entre membros da cidade, de modo a conferir fundamento e coesão à vida social. A justiça política, que é própria do homem articulado em sociedade, tem dois aspectos: a obediência às leis, às quais se deve ajustar a conduta dos cidadãos.”
“Quando determinada classe degenera-se e enriquece as expensas da população, surgem as oligarquias sem o sentido da honra. A tirania, enfim, cede lugar aos regimes dominados pela plebe urbana, massa de homens livres apenas no nome, mas sem a virtude de saberem governar em democracia.”
E assim, o partido deve levar em consideração o que é melhor para a cidade, porque abrange todas as comunidades, ou seja, o cidadão.
Profundo, lembrou bem o que disse Aristóteles em A Poltítica. Não podemos esquecer todavia que, segundo Aristóteles, ” apenas um pequeno grupo de indivíduos responsáveis atingirá uma estatura moral completa ou perfeita; outros serão bons cidadãos, sem serem forçosamente homens de bem; outros nem possuem os requisitos necessários para a cidadania”.
Para Aristóteles, é a ciência política, a ciência da conduta do homem em sociedade que engloba a ética, ciência da conduta individual do homem. A Política de Aristóteles resume os preceitos finalistas da sua Ética: “Todos aspiram a viver bem e à felicidade. Toda a ação humana está orientada para o bem e para a felicidade (eudaimonia) que se define como criatividade da alma dirigida pela virtude perfeita. A virtude mais humana consiste na busca do bem e da felicidade”.
O pior e que o Leo me perde a eleicao para um rapaz como o Nil$on CK$….kd ele?O que ele acha disso tudo?Ser que os pseudopetistas a qual se refere o secretario inicia por ele presidente do partido?Parabens Leo vc faz eu ainda ter um pouquinho de fé no PT!