Há quem resista a largar de mão as sacolinhas de plástico, mas como diz a antiga expressão: eis aí um mal necessário. E o meio ambiente agradece. Exatamente por essa razão a Assembleia Legislativa aprovou esta semana o projeto de lei para substituição e recolhimento das sacolas de plástico usadas pelos estabelecimentos comerciais de todo o Pará.
De autoria do próprio presidente da Casa, deputado Dr. Daniel Santos (MDB), o projeto coloca o Pará na lista dos Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, que já proíbem o uso das sacolinhas de plástico. Na terra paulista, a proibição vem desde 2011. Já os cariocas começaram a se adaptar às novas regras na hora das compras bem recentemente, em junho deste ano.
Para a proibição das sacolinhas no Pará, é preciso que o projeto de Daniel Santos seja sancionado pelo governador Helder Barbalho, o que pode acontecer ainda neste mês. “Eu vou fazer a entrega dos projetos em mãos do governador”, adianta o presidente da Alepa, consciente de que a sua proposta poderá provocar reações contrárias.
Contudo, para apresentar o projeto, Daniel Santos se baseou em dados que mostram o quanto a sacola de plástico é maléfica ao meio ambiente, já que o plástico derivado do petróleo pode levar nada menos que 300 anos para se decompor, e além de poluir o solo e a água e provocar entupimentos nos bueiros das cidades ainda se transformou em causa da morte da fauna aquática.
Portanto, diz Daniel Santos, é preciso sair do discurso e agir para a proteção do meio ambiente. “Queremos criar conscientização na população para que, cada vez mais, utilize aquela sacola retornável, que possa levar no supermercado, fazer suas compras e trazer de volta a sacola pra casa. Evitando as sacolas de plástico, fazemos a nossa parte quando se trata de cuidar do meio ambiente”.
O parlamentar teve o cuidado de, no projeto, fixar um prazo para que os estabelecimentos se livrem das sacolinhas. A partir da sanção e publicação da lei, os estabelecimentos comerciais de médio e grande portes terão 12 meses para substituir a embalagem de plástico. Já os pequenos comerciantes terão prazo maior, de 18 meses.
Pelo projeto, ficam proibidos a distribuição e uso das sacolas e sacos plásticos descartáveis compostos por polietilenos, polipropilenos ou similares, seja de forma gratuita ou comercialmente. A proposição ainda revoga a Lei Estadual nº 7.537/2011, que permite o uso de sacolas plásticas oxibiodegradáveis nas embalagens descartáveis distribuídas pelos comércios.
A revogação, justifica Daniel Santos, deve-se ao fato de que esse tipo de material se desfaz em pequenas partículas e quando atinge rios e mares acaba sendo ingerido por peixes e outros animais marinhos, prejudicando a saúde desses animais e provocando a morte. Estima-se que cerca de 100 mil pássaros e mamíferos morrem anualmente em todo o planeta por ingerir sacolas plásticas. A proposta é que seja usado material biodegradável.
Estímulo ao consumidor
Para estimular o consumidor a devolver as sacolinhas aos estabelecimentos comerciais, o projeto prevê que os locais com área construída superior a 200 metros poderão fazer coleta e permuta com as seguintes condições: o cliente que não utilizar as sacolas plásticas terá direito ao desconto mínimo de R$ 0,03 centavos sobre suas compras, a cada cinco itens adquiridos; e será concedida permuta de 1 quilo de arroz ou feijão a cada 50 sacolas ou sacos plásticos entregues por qualquer pessoa. Neste caso, quem não comercializa feijão ou arroz poderá fazer a permuta por outro produto que compõe a cesta básica.
Segundo o Banco Mundial, o Brasil é 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, com 11,3 milhões de toneladas por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos, China e Índia.
Em meio a opiniões contrárias e favoráveis ao fim da sacola de plástico no Rio de Janeiro, o ambientalista Sérgio Ricardo lembrou que os brasileiros nem sempre existiram essas embalagens: “A minha geração não tinha sacola plástica. Era o vasilhame, era garrafa de vidro para o leite. A gente ia ao supermercado com sacolas de pano. Há poucas décadas não existia essa ‘cultura do plástico’. Isso foi uma coisa da indústria que foi impondo esse modo de vida. Ninguém vai morrer se não tiver sacola plástica para as pessoas. Tem que adaptar. Acho que isso é muito bem-vindo”.
Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog em Belém
2 comentários em “Sacolas de plástico no Pará com os dias contados”
O que é mais maléfico ao Meio ambiente? As ditas sacolas plasticas ou a falta de saneamento básico nas cidades? Algo vergonhoso em Belém e Ananindeua por exemplo a falta de saneamento básico. Esse tipo de projeto só mostra a falta de prioridades em politicas publicas no estado.
Amigo, isso é uma situação bem complicada, pois hoje a maioria das pessoas depende das sacolas dos supermercados e levar as retornáveis vc sempre que que lavar para a próxima compra, para evitar contaminação. Isso consome mais detergentes e água, o que prejudicam o meio ambiente do mesmo jeito.
A solução seriam sacolas biodegradáveis. as revistas da Globo Editora já utilizam nas suas embalagens esse tipo de material. E aqui mesmo, na UFPA, alunos e professores inventaram um plástico feito da goma de mandioca que degrada rapidamente, sem ser prejudicial ao meio. A solução então seria investir nesses experimentos, mas parece que o atual Governo cortou as verbas para esses tipos de pesquisa.
No Brasil, a empresa CBPack (RJ) aproveita a fécula da mandioca para a produção de descartáveis. Copos e as bandejas de isopor que, segundo o fundador e CEO da empresa, Claudio Rocha Bastos, são os principais produtos fabricados, são totalmente biodegradáveis e compostáveis, desde 2012.
Em até 90 dias as embalagens se transformam em terra vegetal, além de colaborar com a redução das emissões de gás carbônico e com a gestão de resíduos sólidos e consumir menos água na produção. Outra vantagem é que as embalagens suportam temperaturas entre -10 oC a 75 oC, e podem ser usadas para acomodar líquidos e sólidos. A tecnologia é 100% brasileira.
E mais, essas propostas com decisões sem uma solução mais concreta, a mim, demonstram simplesmente mais uma motivação política que uma preocupação com o meio ambiente.
Grande abraço!