O Dr. Célio Kennedy Borges, médico da rede municipal de saúde, tendo sido citado no post “E agora, a quem recorrer?”, enviou e-mail ao blog esclarecendo o assunto. Confira o que relatou o médico:
“Caros responsáveis pela edição deste blog, venho me pronunciar a respeito da notícia "E agora, a quem recorrer?", postada dia 17/fevereiro/2010. Independente de qualquer tipo de comentário feito ou do que se possa pensar a respeito da Saúde do município, fiquei preocupado com a notícia de que a Sra. Karla Castro, mãe de paciente a quem atendi e solicitei exame ultrassonográfico, não conseguiu realizar o exame na rede pública. Como eu atendo mais de 50 crianças por dia na rede pública, não consigo agora lembrar-me do nome da criança para buscar o seu endereço e solicitar busca-ativa do caso, como é de praxe se fazer nesses casos, mas lembro do caso e asseguro a todos que leram a notícia o seguinte:
1) O caso não teve urgência, pois se assim o fosse eu teria fornecido meu número de celular e solicitado à mãe do paciente que me ligasse caso não conseguisse o exame para assim eu mesmo procurar os gestores e garantir o imediato diagnóstico;
2) Não fui contatado pela mãe do paciente e nem por administrativos ou gestores para saber da urgência ou não do exame.
3) Como Médico, atuando no SUS há 24 anos, e também ex-diretor e ex-secretário de saúde, conheço bem as dificuldades do gerenciamento da rede pública, não solicito exames que não sejam absolutamente necessários; no entanto, essa afirmativa não justifica a não realização do exame para que se possa dar seguimento ao diagnóstico e tratamento, mas há que se estabelecer prioridades dentro do se que tem disponível no momento.
4) É minha obrigação solicitar os exames que eu achar necessários para conclusão segura do diagnóstico e estabelecimento do tratamento mais adequado de meus pacientes, independente do seu custo e de da sua disponibilidade pelo SUS ou rede privada da cidade em que trabalho;
5) Estou surpreso com a informação dada pela mãe ao blog sobre a cotização do exame por região do corpo;
6) Todos os meus pacientes que não conseguirem realizar ou entregar os exames que eu solicitar devem procurar-me no local onde eu os atendi para que eu possa encontrar uma solução para cada caso.
7) Há instâncias dentro da Saúde para o usuário recorrer quando encontrar dificuldades e se sentir insatisfeito com qualquer atendimento: nesse caso, o próprio médico que sou eu, a Diretora da Atenção Básica, já que a criança foi atendida na Atenção Básica, o Gestor (Secretário de Saúde) e/ou a Ouvidoria.
Agradeço e coloco-me à disposição, e espero que com a ajuda deste importante canal, a Senhora Karla Castro possa ser avisada e venha me procurar na Unidade de Saúde, o mais breve.
Respeitosamente ao público”,
Dr. Célio Kennedy Borges de Paiva – médico.
Nota do Blog: Dr. Célio, este blogger e a população de Parauapebas sabem que o problema da saúde em nosso município não é a qualificação dos profissionais que militam na área da saúde. Agradeço seu posicionamento, sabedor que sou de que cabe ao médico solicitar os exames, mesmo que não sejam feitos na rede pública, e louvo vosso interesse na busca de solucionar os entraves aos pacientes que por ventura surjam com a solicitação de exames como o citado aqui pela mãe da paciente.
O problema da saúde em Parauapebas é a falta de remédios nas farmácias dos postos de saúde e HM, é a falta até de esparadrapo para se fazer um simples curativo, é o gasto excessivo em certas áreas e a distribuição incorreta dos recursos. Os 8 milhões gastos na faraônica obra do novo Hospital Municipal, que trará um custo operacional enorme para a secretaria de saúde de Parauapebas quando for inaugurado, se for, daria para construir pelo menos 20 postos de saúde nos bairros, totalmente equipados e assim fazer com que a população, já sofrida pela doença, não tivesse que se deslocar para o HM em busca de socorro, tendo que suportar a espera por doze ou mais horas até que seja atendido.
Enfim, o problema da saúde é de gestão e não de pessoal, que na minha humilde opinião é um dos mais qualificados do município. Agradeço ao Dr. Célio o posicionamento e coloco este espaço à disposição para o debate, em busca de melhorar sempre a saúde em Parauapebas.
2 comentários em “Saúde de Parauapebas: profissionais 10 x 0 Gestão”
Complicado dar 10 para os profissionais e 0 para a gestão, até porque a gestão é feita por um grupo de profissionais que, inclusive, faz gestão colegiada. Eu diria que o grande nó da saúde está mais acima do que se pensa. Infelizmente ainda falta um equilíbrio entre as decisões do gabinete e de secretarias mais próximas a ele com as decisões da Semsa. A PMP está parecendo um corpo em que cada membro quer seguir um caminho diferente e que não entra em homeostase.
Dizendo isso eu posso parecer que estou torcendo contra, mas torço mesmo é que esse governo se encontre e passe a atender os anseios de quem confiou nele. Do jeito que está, não dá.
No mais, bonita a iniciativa do Célio. Por sinal, em Parauapebas ele está entre os médicos que se conta nos dedos de uma mão, daqueles que são preocupados em atender na rede pública com o mesmo respeito e atenção que se vê mais facilmente em médicos que fazem atendimento particular.
Dr. Celio disse simplesmente a verdade. Profissional com Etica. Ze, a saude falta vergonha na cara dos gestores, principalmente o prefeito. O Rombo é grande, vende-se até remedio desviado nos postos de saúde e hospital.