Saiba o tamanho dos gastos com servidores da Câmara de seu município

Legislativo de Canaã, que representa 70 mil habitantes, desembolsa quase mesma coisa que Câmara de Castanhal, que legisla para 200 mil. Castanhal é proporcionalmente a mais cara enquanto Canaã é a mais barata. Disparidade é devido ao tamanho da arrecadação municipal.

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Belém, capital paraense e metrópole com 1,5 milhão de habitantes, é, como se espera, o município que tem a Câmara de Vereadores que mais gasta para manter a estrutura administrativa, notadamente servidores públicos. Em 12 meses corridos, o legislativo da capital desembolsou R$ 82,437 milhões para garantir salários a parlamentares, assessores e servidores concursados e temporários, dinheiro que daria para sustentar por um ano inteiro mais da metade das prefeituras do estado.

Mas, proporcionalmente, nem de longe Belém possui o parlamento municipal mais caro. Parauapebas, cuja Câmara representa uma população seis vezes inferior à de Belém, desembolsou em 12 meses corridos R$ 37,091 milhões com pessoal, enquanto Marabá gastou R$ 20,598 milhões. Só que nenhum desses municípios hospeda o legislativo mais caro. No quesito despesa proporcional ao tamanho da arrecadação local, o troféu vai para Castanhal.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou a prestação de contas referente ao segundo quadrimestre consolidado de 60 legislativos municipais que entregaram o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) ao Tesouro Nacional. Ainda hoje, seis dias após o prazo limite de entrega, 58% das câmaras paraenses seguem inadimplentes junto ao órgão máximo de controle externo do Brasil.

A Câmara de Castanhal é a que mais gasta com servidores proporcionalmente ao tamanho da receita líquida local arrecadada. Em um ano, 2,82% do faturamento municipal foram parar no bolso dos funcionários do parlamento local. O custo total com o funcionalismo é de R$ 12,617 milhões, até barato diante de parlamentos com porte inferior, como a de Barcarena, que custa R$ 15,884 milhões, e Canaã dos Carajás, que desembolsa R$ 12,494 milhões.

Receita ofusca despesa alta

A situação da Câmara de Castanhal ― que, ressalte-se, está rigorosamente dentro dos parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ― merece parênteses. O fato de ser a que mais gasta proporcionalmente com servidores decorre da arrecadação local, que é baixa (R$ 447,276 milhões líquidos por ano) para o porte do município (cerca de 200 mil habitantes) e, então, qualquer despesa com pessoal toma proporções exageradas, mesmo sem ser.

Em municípios como Parauapebas e Canaã dos Carajás, onde — neles, sim — a despesa com o funcionalismo das respectivas câmaras é elevada, o impacto proporcional se torna minúsculo em função de a arrecadação total passar da cifra do bilhão. É devido a isso, por exemplo, que a Câmara de Canaã, que legisla para apenas 70 mil habitantes, consagra-se a mais econômica no tocante à despesa com servidores, comprometendo apenas 0,75% da arrecadação municipal com a folha da Casa, mesmo ostentando um gasto real equivalente ao parlamento de Castanhal. A receita alta mascara a realidade.

CONFIRA OS GASTOS DAS CÂMARAS MUNICIPAIS, CONFORME DECLARAÇÃO DELAS MESMAS AO TESOURO NACIONAL.

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