Um trabalhador sem instrução no Pará não recebe sequer um salário mínimo por mês. E nessa condição, analfabetos, há 379 mil no mercado de trabalho do estado. Às vésperas da divulgação de uma nova Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T), o Blog do Zé Dudu vasculhou a base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para verificar o rendimento do trabalhador paraense por nível de instrução.
A situação é cruel e reflexo do baixo grau de desenvolvimento do estado, o que o condena a ter economia centrada em poucas atividades, dificultando a atração de negócios e a ampliação da oferta de emprego e renda. Enquanto um analfabeto em Santa Catarina ganha R$ 1.574, um analfabeto paraense no mercado recebe R$ 659 por desempenho de função equivalente. Diga-se de passagem, um cidadão qualquer catarinense, sem instrução, ganha praticamente o mesmo que uma pessoa com nível superior incompleto no Pará: R$ 1.577.
E mesmo aqui dentro do estado há diferenças gritantes na remuneração. A média no Pará é de R$ 1.486, partindo de R$ 659 para um analfabeto a R$ 3.827 para um profissional de nível superior. Entre esses dois níveis de instrução, há ganhos médios de R$ 897 para quem tem ensino fundamental incompleto; R$ 1.100 para quem tem ensino fundamental completo; R$ 977 para quem tem ensino médio incompleto; e R$ 1.389 para quem já concluiu o ensino médio.
Longe de ter o salário médio de analfabeto mais baixo do Brasil (os piores estão no Piauí, R$ 388; Sergipe, R$ 492; Ceará, R$ 541; Bahia, R$ 559; e Paraíba, R$ 592), mas muito distante de ter ganhos de estados com os profissionais sem instrução mais bem-sucedidos (Santa Catarina, R$ 1.574; São Paulo, R$ 1.534; Goiás, R$ 1.409; Rio de Janeiro, R$ 1.341; e Mato Grosso, R$ 1.330), o Pará remunera muito mal, também, seus trabalhadores de nível superior.
O estado possui o oitavo salário médio mais baixo, com situação melhor apenas que Piauí (R$ 3.277), Maranhão (R$ 3.499), Rio Grande do Norte (R$ 3.544), Rondônia (R$ 3.581), Alagoas (R$ 3.743), Amazonas (R$ 3.765), Pernambuco e Minas Gerais (empatados com R$ 3.798).