Três semanas após o Blog do Zé Dudu divulgar dados inéditos dos nascimentos (relembre aqui) e das mortes (relembre aqui) em 2020 no Pará, com números tabulados pelo próprio Blog a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), nesta segunda-feira (30) o Ministério da Saúde lança em seu portal as estatísticas consolidadas com 99,99% de semelhança com as do Blog.
Agora, com dados oficiais, o Blog investigou o saldo vegetativo (diferença entre nascimentos e mortes) da população e constatou que Parauapebas foi um dos 35 municípios brasileiros com maior crescimento líquido de novos moradores, superando localidades com mais de 1 milhão de habitantes. Para quem duvida, vale a pena checar diretamente na fonte, que é a nova plataforma do DataSUS, do Ministério da Saúde.
Com saldo líquido de 3.659 parauapebenses, entre os que morreram e os que nasceram, a Capital do Minério superou, no ano passado, Porto Alegre (RS), uma metrópole de 1,5 milhão de habitantes, mas que registrou saldo de apenas 2.661 novos moradores. Além disso, a cidade de São Gonçalo (RJ), com 1,1 milhão de residentes, registrou saldo de 201 novos moradores somente.
O excesso de mortes, no ano marcado pelo início avassalador da pandemia de coronavírus, fez diminuir a diferença entre óbitos e nascimentos de diversas cidades brasileiras. Além disso, o Blog apurou que, dos 5.570 municípios, 452 apresentaram mais mortes que nascimentos, registrando diminuição vegetativa da população. As piores situações foram verificadas em localidades que estão entre as mais desenvolvidas do Brasil.
Santos (SP) registrou decréscimo populacional de 862 habitantes, em razão de mais mortes (4.947) que nascimentos (4.085). Nilópolis (RJ) encolheu em 304 cidadãos (1.573 nascimentos ante 1.877 óbitos), enquanto sua vizinha Niterói perdeu 264 habitantes (5.715 nascimentos frente a 5.979 mortes). Já São Caetano do Sul, por muitos anos considerando o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, recuou sua população em 215 pessoas (1.525 nascimentos e 1.740 óbitos).
Pará supera mais populosos
Os efeitos nefastos do ano da pandemia, marcado pela diminuição de nascimentos e pelo aumento de mortes por síndrome respiratória aguda grave, bagunçou o ranking do crescimento vegetativo nos estados. Todas as 27 Unidades da Federação apresentaram ganho de novos habitantes, mas perderam força perante a anos anteriores dado o número elevado de óbitos.
Impactado severamente no início da pandemia, o Pará, por incrível que pareça, registrou números menos absurdos que quase todos os demais estados, embora com excesso de óbitos de aproximadamente 11 mil pessoas em relação a 2019. A situação de outras Unidades da Federação conseguiu ser ainda mais drástica.
Com isso, o Pará fechou 2020 como o 4º estado brasileiro em crescimento vegetativo da população, com saldo de 80.950 novos habitantes, ficando colado na Bahia (81.781) e relativamente próximo de Minas Gerais (94.970). São Paulo, estado mais populoso do país, registrou saldo de 202.911 habitantes, tendo despencado cerca de 75 mil habitantes em relação a 2019.
Chama atenção o fato de o crescimento vegetativo no Pará superar o de estados muito mais populosos, como Ceará (52.408), Pernambuco (52.012), Rio Grande do Sul (38.197), Paraná (63.944) e, principalmente, o Rio de Janeiro (27.510), este último com o dobro da população paraense e, ainda assim, com excesso descomunal de óbitos, que levou à redução nada antes vista do saldo vegetativo.
Inclusive, o crescimento vegetativo de todo o estado do Rio de Janeiro em 2020, segundo o Ministério da Saúde, é metade do da cidade de São Paulo, que registrou 54.565 novos habitantes no ano passado. Enquanto isso, aqui no Pará, o maior crescimento vegetativo foi registrado em Santarém, com 4.262 novos indivíduos. Ele é seguido por Belém, com 3.951. Ananindeua, com 3.438, e Marabá, com 2.985, vêm atrás de Parauapebas.