Com orçamento inicial de R$ 200 milhões e 486 mil, a saúde de Parauapebas poderia se candidatar a ser a melhor do Brasil, já que consome mais recursos que a prefeitura inteira de Redenção. Só que não. E o que já nem é tão bom assim pode ficar ainda pior porque, de setembro para frente, vai faltar orçamento para que os serviços prestados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) continuem sendo prestados. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
Em balanço entregue aos órgãos fiscalizadores, a Prefeitura de Parauapebas aponta ter utilizado R$ 92,87 milhões em serviços de saúde nos primeiros quatro meses deste ano. A assistência hospitalar e ambulatorial consumiu R$ 51,89 milhões, enquanto a atenção básica ficou com R$ 26,15 milhões. Foram gastos aproximadamente R$ 774 mil por dia. Matematicamente, para fechar o ano, vão faltar R$ 82 milhões — piorou em relação à previsão do primeiro bimestre. Na prática, até o dia 16 de setembro já não haverá mais dinheiro no caixa da saúde para pagar as contas.
O grande problema é que, sem orçamento, os serviços dos hospitais e das unidades básicas de saúde podem parar. Por colapso, podem faltar medicamentos e insumos básicos, ao passo que pequenos problemas de saúde podem virar grande dor de cabeça para toda a população. Atualmente, 130 mil parauapebenses dependem da rede pública de saúde gerenciada pelo município. Outros 79.700 são beneficiários de planos, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e, portanto, buscam atendimento na rede particular. Mas a Semsa atende, além dos 130 mil parauapebenses, milhares de pacientes que vêm de Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado do Carajás e Água Azul do Norte.
O maior problema é que os recursos destinados à saúde pública são majoritariamente consumidos pelo funcionalismo da pasta. A folha de pagamento da Semsa no primeiro quadrimestre deste ano engoliu R$ 61,1 milhões. A título de comparação, a folha da Saúde da Prefeitura de Marabá — que cuida do dobro de pacientes, de lá e de dezenas de outros da região — ficou em menos da metade no mesmo período: R$ 28,04 milhões.
A conclusão a que se chega é que a Semsa tem servido mais a seu pessoal, cerca de 2.000 servidores, que aos pacientes de fato, mais de 130 mil. E sem orçamento, até mesmo a despesa com pessoal precisará ser sacrificada, já que, pelo andar da carruagem e sem o milagre da suplementação, a Secretaria de Saúde não terá condições de quitar os salários de setembro, outubro, novembro, dezembro e 13º de seus servidores.