“O Pará está em último lugar no Brasil na educação do ensino médio”. Foi nesse tom, direto e incisivo, que o novo secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares, falou ao município de Parauapebas nesta segunda-feira (6). Estudantes do ensino médio, vereadores e representantes da Educação compareceram em peso à reunião no plenário da Câmara Municipal, para tratar do agravamento dos problemas do ensino médio local.
São questões que vão desde a falta de vigias, de professores e de material até a precariedade na estrutura dos prédios onde as escolas funcionam, sendo, em sua maioria, alugados. Ao todo, 13,1 mil alunos do ensino médio de Parauapebas estão distribuídos por 15 escolas estaduais, das quais apenas quatro funcionam em imóvel próprio.
Há ainda instituições cujas construções são intermináveis, como é o caso da “Janelas para o Mundo”, em obra há quase uma década, obrigando os alunos a estudarem em um prédio alugado.
A reunião durou quase três horas, com Rossieli Soares ouvindo reclamações e cobranças de pais de alunos, representantes de conselhos e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp). A promotora de Justiça Vanessa Galvão também falou ao secretário, avisando: “Parauapebas não vai mais aceitar promessas do governo diante do fato de que a problemática do ensino médio no município já se arrasta por décadas, comprometendo a educação dos jovens”.
A iniciativa foi da Comissão Temporária de Assuntos Relevantes, criada pela Câmara Municipal de Parauapebas na semana passada a partir de proposta do vereador Anderson Moratório (PDT), com o apoio do deputado estadual Ivanaldo Braz (PDT). Participaram da reunião ainda o vice-prefeito João do Verdurão e o secretário municipal de Educação, José Leal Nunes, representando a prefeitura.
Providências imediatas
Ao contrário do esperado, Soares não apenas reconheceu a problemática do ensino médio em Parauapebas como admitiu que providências urgentes precisam ser tomadas. Ele pôde constatar isso durante a visita realizada a várias escolas estaduais da cidade neste domingo (5), ao lado de um grupo de vereadores liderados pelo presidente da Câmara, Rafael Ribeiro (MDB), do Sintepp e representantes estudantis.
“Os jovens estão perdendo a capacidade de sonhar porque nós não estamos cumprindo o nosso papel. Estou aqui hoje com a clareza do governador de que precisamos enfrentar o problema,” disse o titular da Educação, que contou ter rejeitado convites de outros quatro estados para assumir a pasta.
Ele assumiu a Secretaria de Educação (Seduc) em janeiro deste ano e traz um longo currículo na área, que inclui um mestrado em Gestão e Avaliação Educacional pela Universidade Federal de Juiz de Fora, a gestão da Secretaria de Educação de São Paulo e do Amazonas, além do Ministério da Educação em 2018, entre outros. “Não vim para o Pará pra passear. Eu vim para transformar [a Educação],” frisou.
Soares considera “inconcebível”, por exemplo, que o Pará conte com apenas nove engenheiros para fiscalizar e acompanhar o andamento das obras, resultando na ausência desses profissionais nos canteiros, a exemplo do que ocorre na Escola “Janelas para o Mundo”, citada anteriormente.
Frente a esse problema, informou o secretário, Helder Barbalho já autorizou a contratação imediata de cem engenheiros. E mais: também autorizou a contratação de agentes de portaria para as escolas de Parauapebas e de mil merendeiras para todo o estado.
Outra medida anunciada durante a reunião foi que o estado está em fase de conclusão do processo para a contratação de 6,5 mil servidores da Educação, dos quais 5.372 são professores, o que deve suprir a demanda em Parauapebas. “Não temos como avançar nos indicadores [sociais e econômicos] se não tivermos investimento em Educação,” defendeu. Soares se comprometeu em voltar ao município dentro de 30 ou 40 dias.
Antes disso, contudo, a Seduc irá enviar um engenheiro e um arquiteto para o município nesta semana para fazer um levantamento técnico completo da situação das escolas estaduais, para que as providências sejam tomadas. “Todas precisam de atenção,” apontou o secretário, que garantiu estar disposto a enfrentar o desafio da Educação no Pará.
“O que tiver de enfrentar para dar educação de qualidade eu vou enfrentar,” afirmou ele. E acrescentou: “As coisas precisam e vão começar a andar”.