Um grupo de militantes do Movimento dos Sem-Terras, acampados na Fazenda Peruano, a 12 km do local onde foram assassinados 19 trabalhadores pela polícia militar em 17 de abril de 1996, próximo a Eldorado dos Carajás, interditou a rodovia BR-155, antiga PA-150, que liga Eldorado dos Carajás à Marabá. A pista ficou fechada desde as 6 horas e só foi liberada por volta do meio dia depois da intervenção do juiz Líbio Moura, da Vara Penal da Comarca de Parauapebas, que estava entre os usuários da rodovia naquele momento e se comprometeu que um representante do INCRA estaria se reunindo com os manifestantes na próxima quarta-feira, 14.
Segundo informado por um senhor de prenome Miguel, um dos líderes do movimento, a manifestação de deu em virtude do grupo estar há nove anos esperando pela desapropriação da fazenda e pelo descaso com que o INCRA vem tratando o assentamento.. A fila de carros no sentido Parauapebas/Marabá chegou aos 8 quilômetros e no sentido de Marabá à Parauapebas 14 quilômetros de carros parados na estrada.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocupou a fazenda Peruano, em Eldorado dos Carajás, em 17 de abril 2004, após evento que lembrou o oitavo aniversário do assassinato de 19 trabalhadores rurais pela polícia militar em uma manifestação pela reforma agrária. Na época da ocupação, cerca de 1200 famílias marcharam 12 quilômetros, da “Curva do ‘S’” – local na rodovia PA-150 onde ocorreu o massacre – até a propriedade e estão acampadas a um quilômetro da sede.
A fazenda com mais de 10 mil hectares de área e, de acordo com o proprietário Evandro Mutran, 11 mil cabeças de gado, sempre esteve na pauta de reivindicações dos movimentos sociais para a reforma agrária. Uma das principais justificativas foi a constatação de trabalho escravo na propriedade em 13 de dezembro de 2001, quando 54 pessoas foram libertadas pelo grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.
Fotos: Del Martins