Canaã dos Carajás sediou a XIX Semana de Geologia, nos dias 27 e 28 de maio, que reuniu especialistas e empresas que atuam em atividades minerais no sul e sudeste do Pará. Com a proposta de apresentar à comunidade, os trabalhos e as pesquisas realizados na região, o evento também propôs discussão sobre o mercado de trabalho para geólogos, engenheiros de minas, técnicos e profissionais que atuam no ramo.
Foram mais de 10 palestras realizadas nesta sexta-feira (27). No sábado, a festa pelo Dia do Geólogo, comemorado no dia 30 de maio, encerra o evento. A presidente da Associação dos Geólogos do Sul do Pará e presidente da Semana de Geologia, Camila Santos, ressaltou a importância de realizar o evento na região onde municípios como Canaã, Parauapebas e Curionópolis foram criados a partir da atividade mineral. “Principalmente, por meio do Projeto Ferro Carajás em 1981, com as pesquisas da antiga Companhia Vale do Rio Doce. Os trabalhos iniciaram na década de 60, com o geólogo Breno Santos e a equipe dele, que foi o descobridor de Carajás. Até hoje, a região gira em torno da mineração e parte da arrecadação municipal vem dos royalties da exploração da mineração”, disse a presidente da associação.
Camila ressaltou que a comunidade local precisa conhecer melhor os projetos minerais realizados na cidade. “A gente faz um trabalho com a comunidade para divulgar a geociência na região. E por meio da Associação dos Geólogos do Sul do Pará, nós abordamos vários alunos em algumas escolas que nem sabiam, inclusive os professores, o que era geologia e o que era a mineração. A única resposta que recebíamos era que a Vale está tirando o minério da região, mas mineração não se restringe às empresas. Ela tem um impacto social, ambiental, e econômico”, destacou Camila.
Do Pará para o Brasil
O empresário Egessilvan Almeida, proprietário da empresa Servidrill, apresentou a palestra “Empresa de sondagem que nasceu no Pará para o Brasil”, e contou a trajetória de seu empreendimento iniciado em Parauapebas, que é exemplo de investimento local que deu certo. “A Servidrill começou suas operações em 2011, no Pará, e já no segundo ano expandiu para o Brasil. Começou atuando no Paraná e já esteve presente em cerca de 10 estados, entre as regiões norte e nordeste. A empresa começou com 2 equipamentos e hoje tem cerca de 20 equipamentos, com 210 funcionários e uma marca de quase 300 mil metros de sondagem”, disse Almeida.
Para o empresário, compartilhar a história da empresa é inspirar empreendedores locais, que buscam investir seus negócios na região. “Somos uma empresa local, que está no páreo com as empresas multinacionais. Começamos na raça. Passamos de operário a patrão, mas sem perder essa essência de estar próximo das pessoas porque começamos pequenos e a gente nunca esquece as nossas raízes”, finalizou.
Inovação Digital
O gerente da TecWise, Adriano Trindade, também contou a experiência da empresa que é de Minas Gerais. O empreendimento foi fundado em 1997 e está presente no Pará desde 2007. “Há um ano estamos com uma filial em Parauapebas. Temos 50 funcionários entre geólogos e técnicos. A nossa área de atuação é a automação industrial, uma empresa de inovação digital. A gente atua no segmento industrial pesado”, disse o gerente.
Trindade explicou como a automação facilita o processo de uma empresa, principalmente na área de geotecnia, por meio da instalação de equipamentos de última geração para que a geotecnia consiga fazer o monitoramento da estrutura com eficácia. “O geólogo precisa ter algum recurso, uma ferramenta que faça uma leitura mais precisa. Dependendo da estrutura que ele vai estar analisando, é interessante que ele tenha dados e esses dados precisam ser coletados de alguma forma. Hoje, a grande maioria faz a coleta desses dados de forma manual e a gente implementa soluções para que essa leitura seja feita de forma automatizada”, pontuou Adriano.
Na palestra realizada por ele, foi apresentado uma plataforma que consegue consolidar todos os dados numa base, que permite ao profissional definir tendências, riscos e melhorias que precisam ser trabalhadas naquela estrutura.
Manganês no Pará
Com o tema “Projeto de Verticalização da Produção de Manganês no Pará”, Warley Pereira, relação institucional da empresa RMB Manganês, falou sobre a iniciativa do projeto em agregar valor na produção de manganês no estado, tornando o Pará um grande produtor de do minério no Brasil. “O RMB é uma empresa que tem projeto inovador que busca beneficiar esse minério, fazendo que se transforme em valor agregado, ou seja, pegando o minério e fazendo sulfato de manganês e outros produtos para vender ao agronegócio”, disse Warley Pereira.
A RMB atua no Pará desde 2016, quando adquiriu algumas áreas da região para viabilizar o projeto da empresa. Com cerca de 300 funcionários, sendo 200 no Pará. A expectativa com o projeto implementado é gerar mais de 500 empregos diretos e 2 mil empregos indiretos. “Para a RMB é importante participar desse evento, manter uma interação com os profissionais que fazem a mineração porque aqui é um polo da mineração. A ideia nossa foi mostrar um pouco da atuação da empresa no estado, o que temos feito não só na parte da mineração, mas também na parte social e na parte ambiental. Mostrar que a empresa está comprometida com a comunidade, comprometida com o estado do Pará e comprometida com meio ambiente”, destacou Warlei.
Para ele, não existe nenhum projeto de mineração sustentável, se não tiver o tripé econômico, social e ambiental. “Nós temos um projeto viável economicamente, mas nos temos que cuidar do meio ambiente, principalmente porque a nossa região sofre muito com a mineração ilegal que causa degradação ambiental. É necessário ter um olhar para comunidade, deixar um legado para a comunidade porque a mineração tem começo, meio e fim”, alertou.
Mercado de trabalho
A Semana de Geologia também contou com a participação das universidades. O professor Marcelo Lima Pinto, da Universidade do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) trouxe cerca de 30 alunos do curso de engenharia de minas. “Tem uma perspectiva muito grande porque diversas minas estão prestes a serem abertas na região como Ourilândia e Tucumã. Então a participação dos alunos é importante porque eles criam essa visão ampla do mercado, que muito em breve vão ocupar. Essa é uma oportunidade para as empresas apresentarem e divulgarem os trabalhos para a comunidade não só das empresas, mas também na comunidade científica, que tem a importância de fomentar a realidade local”, observou.
Ação social
Nas edições anteriores, a semana promoveu ações sociais junto a comunidades carentes, mas esse ano não foi possível. O vice-presidente da Comissão Organizadora do evento, Luis Claudio Gonçalves, explicou que não houve tempo hábil, contudo, a previsão é que para os próximos anos, essas atividades sociais sejam retomadas. “Nos anos anteriores, nós fizemos a doação de cesta básicas. Sempre contamos com patrocínio de algumas empresas que nos ajudam no evento, então além da parte técnica que é de excelente qualidade, a gente tem a parte social onde buscamos estar junto às escolas e à comunidade carente”.