A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) ficou de apreciar ontem (19) propostas comerciais para uma mega-aquisição que visa atender a dezenas de crianças com até dois anos e que não podem se alimentar do leite de vaca comum, ou por serem alérgicas às proteínas e ao soro que o constituem, ou por serem intolerantes à lactose. Com a medida, o governo Darci Lermen pretende utilizar até R$ 3.062.214,87 em registro de preços para o fornecimento gratuito da nutrição especial aos 96 bebês cadastrados num programa específico de distribuição de leite.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu e podem ser conferidas na íntegra aqui. O Blog apurou que dez tipos de leite diferentes estão previstos para serem adquiridos, com base nas necessidades nutricionais das crianças que integram o Programa de Alergia à Proteína do Leite de Vaca. O produto mais caro são as latas de leite para maiores de 1 ano e cuja fórmula é de 100% de aminoácidos livres, de alta absorção. Cada unidade sai a R$ 276,93, e a Semsa estima comprar 3.563. O custo total é de R$ 986 mil.
Os bebês de até 1 ano vão ganhar um leite especial do mesmo tipo, mas apropriado a sua faixa etária, e que custa R$ 261,67 a unidade. Serão adquiridas 3.564, totalizando aproximadamente R$ 933 mil. A Secretaria também deve comprar pós lácteos com proteína do soro do leite de vaca hidrolisada para fácil digestão das crianças alérgicas; leites sem lactose; e leites com proteína da soja.
De acordo com justificativa assinada pelo titular da Semsa, Gilberto Laranjeiras, a medida faz parte de um protocolo que tem em vista o “fornecimento regular e ininterrupto de fórmulas nutricionais infantis dietoterápicas específicas indicadas para garantir todos os nutrientes a crianças menores de 6 meses não amamentadas e complementar os nutrientes provenientes da alimentação de crianças maiores de 6 meses”.
Alergia e intolerância
Muita gente pensa que ter alergia ao leite é a mesma coisa que ser intolerante a ele, já que os sintomas costumam, via de regra, ser semelhantes de início. Mas não é a mesma coisa, e isso precisa ser entendido até para facilitar o diagnóstico e o tratamento, principalmente em crianças, que têm o organismo mais frágil.
A alergia à proteína do leite (são três as proteínas: a caseína, mais abundante, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina) ou ao soro do leite é uma reação do sistema imunológico à substância que o corpo identifica como invasora. Para combater o corpo estranho, o organismo começa a liberar uma série de substâncias, produzindo reação alérgica que pode variar de leve à severa. A questão é tão séria e a gravidade é tal que a alergia pode ser desencadeada mesmo após o simples contato de uma gota de leite com a pele, por exemplo. Famílias com crianças alérgicas devem seguir recomendações rigorosas, para evitar contaminação cruzada ou a presença de traços de leite no alimento.
Já a intolerância ao leite, ou precisamente à lactose, é um problema causado pela deficiência de uma enzima no organismo chamada lactase, que é responsável por quebrar o açúcar vindo do leite. A lactose é uma espécie de “superdoce”, formado pela junção de outros dois açúcares menores, a glicose e a galactose. Se o corpo não tiver enzima suficientemente capaz de triturar a lactose, esse açúcar fica sambando no sistema digestivo causando sintomas.
As entidades de saúde calculam que 350 mil crianças são alérgicas à proteína do leite e que a intolerância à lactose atinge cerca de 40% da população brasileira, sendo esta última a condição mais comum.