Mais de dez caminhões de lixo foram retirados de duas áreas do bairro Primavera nesta terça-feira, 12, pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semurb). São áreas na rua São Paulo, que ficam bem perto do rio Parauapebas e que, constantemente, são usadas irregularmente para depósito de lixo doméstico e de entulhos e onde são jogados até animais mortos.
Em Parauapebas existem cerca de 500 pontos críticos de despejo de lixo, o que tem preocupado bastante a Semurb. “Todo cidadão tem a responsabilidade de cuidar dos seus resíduos. Ele tem que fazer o papel dele. Não é porque tem áreas como essas que ele pode transformá-las em lixão”, diz o analista ambiental da Semurb, Rafael Mergulhão.
No bairro Primavera a situação fica ainda mais grave com a chegada do inverno, porque a água da chuva leva tudo o que não presta para o rio Parauapebas. “Isso é crime ambiental porque vai tudo para o rio. Não podemos permitir. É um sacrilégio cometido contra a natureza”, alerta Rafael Mergulhão, para reconhecer que a Semurb não tem dado conta de recolher tanto lixo no município, apesar da coleta regular nos bairros e de realização de campanhas educativas, principalmente nas áreas periféricas da cidade, onde é maior o acúmulo de resíduos.
Ou seja, frisa o analista ambiental, não é por falta das ações da Semurb que Parauapebas registra áreas infestadas por lixo, ideais para proliferação de mosquitos transmissores de doença, como a dengue e a leishmaniose. A falta de conscientização ambiental é a maior causa do problema. “As pessoas alegam de tudo para jogar os resíduos nessas áreas. Na realidade, é uma forma de tirar o problema da porta delas para jogar na porta dos outro. A gente quer mudar essa realidade. Como cidadão, como contribuinte, não podemos permitir mais que isso aconteça porque precisamos cuidar do futuro do meio ambiente não apenas da minha rua, do bairro, mas do planeta”, conclama Rafael Mergulhão.
Para combater o problema, o analista ambiental considera de “extrema importância” que a população denuncie os casos de pessoas que despejam lixo e entulhos em qualquer lugar. Daí, a criação do whatsApp (94) 98414-9907. “A gente pede o apoio da população, para que nos ajude a fiscalizar porque hoje a nossa luta é sem fim. A gente limpa num dia e o pessoal vem jogar lixo no outro. É uma briga de gato e rato”, compara Mergulhão.
Para o whatsApp, os colaboradores podem mandar imagens (fotos ou vídeos), com o endereço do local. O nome de quem denuncia ficará no anonimato, afirma o analista ambiental do governo. “A Semurb criou essa ferramenta justamente para a pessoa não se indispor com o vizinho. De longe, a pessoa pode fazer uma foto, uma filmagem e mandar para esse número”. Com a denúncia feita, fiscais da Semurb irão até o local para conversar e orientar quem insiste em tratar o lixo de qualquer jeito.
Pedidos em vão
As donas de casa Marlene da Silva e Gabriela Lopes são moradoras do bairro Primavera. São conscientes que o acúmulo de lixo faz mal à saúde e ao meio ambiente. E as duas afirmam que não são os moradores da rua que despejam resíduos nas áreas críticas do local. “Esse pessoal que joga o lixo aí é de fora. A gente até tenta falar, mas eles não escutam, xingam, se acham os donos da razão. A gente acha um desgosto, mas não pode fazer nada”, diz a jovem Gabriela.
Dona Marlene mora há sete anos no Primavera e conta que sempre foi assim. Ela também pede para não jogarem lixo na área, mas é em vão. “O que eles fazem é zangar com a gente quando a gente pede para não jogar o lixo aí. Se a gente falar mais, começa a briga”.
Na rua, informam as moradoras, a coleta de lixo é feita três vezes na semana. “Então, não tem motivo pra jogar lixo aí. Eles não têm consciência não”, reconhece Gabriela, para contar que até animal morto é jogado na área. “É preciso os moradores estar tirando o bicho morto para levar para outro local, para enterrar”, reclama ela.
Trabalho extra
Em Parauapebas, segundo a Semurb, cada habitante produz uma média de um quilo de lixo por dia. Levando-se em consideração que a população do município é de 202.882 pessoas, segundo o último censo, são quase 203 toneladas diárias recolhidas pelo governo. Isso, sem contar com os resíduos produzidos pela construção civil, saúde e com o serviço de limpeza da cidade.
Em 2018, o contrato da Semurb com a coleta de lixo foi de R$ 22,4 milhões, conforme o Portal da Transparência, volume que tende a aumentar com trabalhos extras a exemplo dos realizados nos pontos críticos iguais ao do bairro Primavera.
Serviço: Além do whatsApp (94) 98414-9907, a Semurb também pode ser acionada pelos telefones 3346-1807 / 3356-1023 / 3356-1482