Na próxima segunda-feira (7), a partir das 9h, o Conselho de Comunicação Social do Senado Federal realiza audiência pública interativa para discutir a violência contra profissionais de comunicação. José Antônio de Jesus, um dos membros do conselho, destaca a importância do seminário para debater a questão, já que muitos profissionais fazem denúncias contra prefeitos, vereadores, etc.: “Nós temos os programas de rádio e televisão que são programas policiais, com enfoque mesmo na questão da violência, e vão para a linha de frente, como nós estamos vivendo no Rio de Janeiro, onde os trabalhadores usam coletes. Então, esses são atingidos mais diretamente”.
Foram convidados para a reunião a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga; o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Tonet; o coordenador de Comunicação e Informação da Representação da Unesco no Brasil, Adauto Soares; a diretora de Redação do Correio Braziliense, Ana Dubeux; o presidente da Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão (Fenaert), Gulíver Augusto Leão; o secretário Jurídico Adjunto da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Rádio, Televisão (Fitert), Josemar Pinheiro e o presidente da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Márcio Novaes.
Segundo relatório elaborado pela Fenaj, em 2017 foram registrados 99 casos de agressão aos profissionais, a partir de atos como a violência física, ameaças, atentados, detenções arbitrárias e ações judiciais. O objetivo de tais ações violentas, segundo o documento, “é o cerceamento da liberdade de Imprensa”.
Além desses, o relatório também registra censura interna nas redações, manipulação dos fatos, meias-verdades e mentiras, as chamadas fake news. No relatório, o caso que enfatiza os atos citados é o da censura sofrida por jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Segundo a presidenta da Fenaj, a empresa teve o seu caráter público desvirtuado a partir de 2016, quando, até este ano, estava a caminho de ser uma referência na produção jornalística pública.
Os dados relatam a região Sudeste do Brasil como sendo a região de maior número de casos de violência contra jornalistas, com 34,35% dos casos; São Paulo como o Estado com maior número de agressões (16,16%); o sexo masculino como maioria entre as vítimas (83 profissionais), repórteres cinematográficos e fotográficos como os mais atingidos no exercício da profissão, o jornal (impresso e Internet) com o maior número de casos de violência na mídia e os policiais como os principais autores das agressões.
Os últimos casos de agressão ocorreram no dia 5 de abril passado, durante protesto em frente à Central Única dos Trabalhadores (CUT), no centro de Brasília, quando uma equipe do jornal Correio Braziliense – uma repórter, uma fotógrafa e um motorista – teve o carro em que estava depredado. Uma equipe do SBT e um repórter fotográfico da Agência Reuters também foram atacados; e no dia 6, em São Bernardo do Campo (SP), quando o jornalista Nilton Fukuda, repórter da Agência Estadão Conteúdo, e a jornalista Sônia Blota, da Band, foram agredidos ao registrarem manifestações em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ambos foram atingidos por ovos jogados pelos manifestantes.
Em Marabá, em janeiro passado, uma delegada de Polícia Civil confiscou o drone do jornalista Ulisses Pompeu durante a cobertura de um caso de polícia. Minutos antes, outro policial tentou derrubar o equipamento a tiros, sem explicação alguma.
A audiência no Senado Federal é de caráter interativo e qualquer cidadão poderá participar enviando perguntas e comentários por meio do Portal e-Cidadania ou do Alô Senado, no telefone 0800 61 22 11.