Dando prosseguimento à estratégia traçada para ter a maioria dos nomes na diretoria do Banco Central, o governo Lula aguarda com interesse o resultado da sabatina que ocorre nesta terça-feira (4), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado com o economista Gabriel Muricca Galípolo e o advogado Ailton de Aquino Santos. Eles foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a diretoria do Banco Central do Brasil (BC). Se aprovadas, as indicações precisam do aval de no mínimo 41 votos em Plenário, em sessão que deve ocorrer hoje.
A matemática do governo é indicar todos os nomes possíveis para “formar maioria” nas reuniões que elaboram a condução da política macroeconômica do país, ou seja, os componentes do Copom – Comitê de Política Monetária, que tem como principal função:
• Implementar a política monetária;
• Estabelecer a meta da Taxa Selic (taxa anual de juros) e
• Analisar o Relatório de Inflação.
As decisões do Copom passam a ter como principal objetivo o cumprimento de metas para a inflação, definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Essas reuniões, oito em média ao ano, produzem um relatório detalhado que é uma fotografia da economia, nominada como Ata do Copom, que é publicado na semana seguinte à reunião e é o farol do mercado financeiro e dos investidores.
Nesse sentido, o governo quer, de alguma forma, ter o controle da decisão das reuniões especificamente quanto à taxa de juros.
Desde o início do governo, Lula implica com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem rotula de bolsonarista. Ocorre que além da independência do Banco Central garantida constitucionalmente o voto do presidente do BC é apenas um de muitos outros. Vejam que vota nas reuniões:
Os membros do Copom associados ao Banco Central do Brasil são:
• Presidente;
• Diretor de Administração;
• Diretoria de Política Econômica;
• Diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos;
• Diretoria de Fiscalização;
• Diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural;
• Diretoria de Política Monetária;
• Diretor de Regulação;
• Diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania.
Também participam das reuniões os chefes de departamentos do Banco Central:
• Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos;
• Depto de Operações do Mercado Aberto;
• Departamento Econômico;
• Depto de Estudos e Pesquisas;
• Departamento das Reservas Internacionais;
• Depto de Assuntos Internacionais e o
• Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais.
Caso sejam aprovados, Galípolo e Aquino ocuparão os cargos por quatro anos. Há ainda a possibilidade de recondução por igual período.
Os indicados
Gabriel Galípolo, 41 anos, é ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, o 2º cargo mais importante na hierarquia do órgão. Também é mestre em economia política.
Em 8 de maio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, além de seu auxiliar ser um “nome de confiança” do mercado financeiro, a “primeira pessoa” a sugeri-lo para a cúpula da autarquia foi o próprio Campos Neto. A conversa entre o chefe da equipe econômica e o presidente do BC se deu durante evento do G20 em Bangalore, na Índia.
A indicação de Galípolo conta com a relatoria do senador Otto Alencar (PSD-BA), aliado de Lula. O relatório só informa se há condições para que a CAE sabatine o indicado pelo presidente da República.
Segundo o parecer de Otto Alencar, Galípolo já demonstrou seu “alto nível de qualificação” para justificar a indicação. Também afirma que o economista tem “larga experiência em cargos públicos” e “sólida formação acadêmica”.
Já Ailton de Aquino Santos, 48 anos, é auditor-chefe do Banco Central, onde está desde 1998. Se assumir o posto de diretor, será o primeiro homem negro a integrar a cúpula da autoridade monetária.
Ele é formado em ciências contábeis e direito. Também tem pós-graduação em contabilidade internacional e engenharia econômica de negócios. Atua na área de Fiscalização há 25 anos. É ainda especialista em auditoria de banco de dados de crédit
A indicação do auditor-chefe é relatada pelo senador Irajá (PSD-TO). Entretanto, até às 21h08 de 2ª feira (3.jul) o relatório ainda não havia sido publicado.
A indicação do auditor-chefe é relatada pelo senador Irajá (PSD-TO), também aliado do presidente Lula.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.