“Senti TPF”, revela Dira Paes antes do início das filmagens de Pureza, em Marabá

Longa-metragem com atriz paraense começa a ser filmado nesta segunda na Feira da Laranjeiras e amanhã será em becos da Velha Marabá

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A famosa TPM (Tensão Pré-Menstrual), que tanto incomoda as mulheres, ganhou um paralelo no mundo da dramaturgia: é a TPF (Tensão Pré-Filmagem), conforme revelou a atriz Ecleidira Maria Fonseca Paes, ou simplesmente Dira Paes, que está em Marabá atuando nas filmagens do longa-metragem “Pureza”. Os trabalhos intensos devem seguir por aqui até o início do mês de julho. No último sábado, 3, a direção do filme reuniu atores e equipe técnica no restaurante Tertúlia – que foi fechado só para o evento – e promoveu uma interação entre as diferentes equipes, tanto de Marabá quanto as que vieram de várias partes do País.

Ao usar a palavra para falar com os demais membros da equipe do set de filmagem, Dira Paes revelou que sentia a tal TPF, porque estava muito ansiosa para o início dos trabalhos e porque o longa-metragem vai exigir muito dela como protagonista, tendo quase um monólogo e aparecendo em praticamente todas as cenas.

A atriz multipremiada comparou seu papel no filme com uma convocação para a Copa do Mundo: “são daquelas situações que você não pode recusar, você só aceita e vai. Em muitos momentos parecia que as datas não se encaixariam, mas de alguma forma alguns compromissos foram mudando e, no fim das contas eu estou aqui em Marabá hoje”.

Dira disse também que, mesmo sendo paraense, tendo circulado por muitos municípios do Estado, nunca tinha vindo ao sul do Pará antes e que está se sentindo muito bem acolhida na terra de Francisco Coelho.

A atriz também destacou a intensidade da história, revelou conhecer Dona Pureza há mais de 15 anos, antes mesmo de sua saga ganhar grande repercussão e declarou que ficou encantada pela força e determinação daquela mulher maranhense.

Renato Barbieri, diretor e produtor do filme Pureza, comparou a equipe que está sob sua coordenação com uma ópera, que bem afinada pode produzir uma linda obra. O cineasta destacou a presteza do povo marabaense, “que não se cansa de estar disponível para qualquer coisa, a qualquer hora que for necessário”, disse.

A filmagem desta segunda-feira, dia 4, está concentrada na feira coberta do Bairro Laranjeiras, simulando o início da viagem de Pureza em busca de seu filho. Para o primeiro dia de trabalho, Dira começou a ser maquiada as 5h30. Ela passou por uma caracterização que foi projetada por um dos mais renomados nomes da maquiagem do cinema, Martin Macias. Sua representante no set é Mari Pin. Em seu figurino, ela usa uma saia jeans longa e uma blusa branca.

Dois dos acessos à feira foram bloqueados pelo DMTU, para facilitar o trabalho da equipe técnica. Ao todo, mais de 100 pessoas participam dos trabalhos de filmagem.

Alguns dos feirantes ficaram boquiabertos quando viram tantos equipamentos eletrônicos, mas a maioria não tirava o olho de Dira Paes. No intervalo entre uma gravação e outra, a protagonista de Pureza senta em um banco de uma barbearia, responde mensagens no Whatsapp, lê o texto de sua fala no filme e ainda conversa com algumas pessoas da comunidade, informalmente.

Amanhã, terça-feira, as filmagens continuam em becos da Marabá Pioneira, na quarta devem simular um cabaré e na quinta uma audiência pública em que Pureza participou para falar de sua longa jornada a procura de seu filho.

História de Pureza

O filme gira em torno da saga de Pureza Lopes Loiola, que sai à procura do filho Abel, que sumira aos 19 anos, de Bacabal, a 246 quilômetros de São Luís, no Maranhão. Ainda morando no mesmo local de onde partiu para procurar o filho em 1993, “revirando as fazendas e matas do Maranhão e Pará”, Pureza lembra os piores momentos da viagem que parecia sem fim e que a levou a flagrar repetidas situações de exploração brutal do trabalhador.

Dira Paes e Dona Pureza

E foi assim a vida de Pureza naqueles três anos. Via as condições degradantes de trabalho, que deixaram de ser consideradas para se caracterizar trabalho escravo, por meio de portaria do Ministério do Trabalho. “Toda a fazenda que tinha trabalho escravo, eu denunciava. Eles eram tratados como bicho, pior do que porco, que a gente trata bem para vender. Tinham malária e eram deixados lá. Bebiam a mesma água do gado. Viviam debaixo de lonas. Comiam feijão duro, arroz e, às vezes, tripa de porco”, conta Pureza em recente entrevista.

Ulisses Pompeu – de Marabá