O mundo dos negócios perdeu, no domingo (18), um dos seus mais brilhantes empresários. Abílio dos Santos Diniz, um dos responsáveis pela revolução do setor varejista no país, morreu aos 87 anos, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite, segundo nota divulgada pela holding Península, que administra os investimentos da família. Ele estava internado em um hospital em São Paulo. Diniz deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos.
Abílio Diniz foi um empresário brasileiro do segmento varejista e fundador do Grupo Pão de Açúcar, considerado uma das maiores redes de varejo do país. Também chegou a ser um dos principais acionistas do grupo Carrefour Brasil, ocupando a vice-presidência global da holding francesa, que também atua no setor varejista. Abílio possuía participação relevante no francês Carrefour, com quase 14% de fatia nos direitos de voto no segundo maior grupo varejista do mundo.
Mas sua fortuna não é a única a receber os holofotes na carreira do empresário de 87 anos: ele era esportista, escritor e também esteve à frente de um programa de entrevistas na TV.
O bilionário era presidente do Conselho de Administração da Península Participações, empresa de investimento privado, focada na criação de valor para o longo prazo.
Nascido em 28 de dezembro de 1938, na capital paulista, Abílio Diniz foi um dos homens mais ricos do Brasil, de acordo com a revista Forbes. Em julho de 2022, ele perdeu um dos filhos, João Paulo, que morreu de infarto fulminante. Na ocasião Abílio declarou: “Ontem a vida me deu o golpe mais duro que eu poderia receber e eu estou completamente sem chão”.
Repercussão
Diversas personalidades se manifestaram após a notícia do falecimento de Abílio Diniz e prestaram condolências aos familiares do empresário.Pelo X (antigo Twitter), o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, lamentou a perda. “Recebi com grande pesar a notícia do falecimento de Abílio Diniz, um dos maiores empresários brasileiros. Sua vitalidade, dedicação ao trabalho e fé no Brasil formaram grandes lições de vida. Que seu exemplo continue a inspirar as próximas gerações de empresários no Brasil”, escreveu.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também se manifestou: “Recebi com tristeza a notícia do falecimento do empresário Abílio Diniz. Uma liderança empresarial brasileira, um homem determinado e com grande contribuição ao país”.“Lembro a oportunidade que tive de ser entrevistada por ele em seu programa ‘Caminhos com Abilio Diniz’ na CNN Brasil, onde conversamos sobre o assunto que tínhamos em comum: o amor ao Brasil e as medidas necessárias para colocá-lo no eixo, na direção de um desenvolvimento sustentável”, continuou ela.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, lamentou: “Perdi um amigo. O país perdeu um exemplo de empreendedor, de competência. Sempre viu o Brasil com otimismo, com esperança e fé inquebrantável no nosso futuro.”O economista Alexandre Schwartsman também se manifestou pela mesma rede social. “Foi meu patrão nos anos 80. Eu era um jovem economista e ele sempre me tratou com muito respeito. Lembro que foi trabalhar no dia seguinte à sua libertação do sequestro covarde e me disse: ‘Alexandre, é só assim que vou superar isto’. Que descanse em paz.
”O ex-governador de São Paulo e empresário João Dória escreveu: “Lamento profundamente o falecimento de Abílio Diniz. Um amigo querido cuja contribuição para o empreendedorismo e desenvolvimento econômico do Brasil, deixa um grande legado.”A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) lamentou o falecimento de Diniz, por nota. “Abilio, com seu espírito empreendedor, transformou o Grupo Pão de Açúcar na maior rede varejista do País. Teve papel fundamental também na criação e fortalecimento da ABRAS, como um dos seus membros mais importantes”.
Diniz, que lecionou uma disciplina de empreendedorismo na Fundação Getúlio Vargas, onde se formou na segunda turma de administração da então recém-criada instituição de ensino, destacava em suas aulas: “O problema do Brasil é gestão, e gestão é a coisa mais simples de se administrar por ser tratar de pessoas e método, método e pessoas. Isso nunca muda”, ensinava.
O empresário contou em uma entrevista recente à emissora CNN que deixou instruções com a família para quando morresse. “Minha mulher disse que não vai fazer porque Deus não ia gostar, mas eu pedi para colocar na minha lápide: ‘Eu estou aqui, mas eu vim contra a minha vontade’”.
Ao encerrar a terceira temporada de entrevistas da Série Caminhos, na TV CNN, Abilio Diniz pediu: “Eu já disse para a minha mulher e para os meus filhos. Quando eu morrer, põe a música do Gonzaguinha, ‘viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a alegria de ser um eterno aprendiz’, que é o que eu sou”, afirmou, se referindo à música O que é? O que é?, de Gonzaguinha.
“E deixa rolar. Não quero esse negócio de ‘ah, coitado, foi tão cedo’. E isso minha mulher disse que não ia fazer porque Deus não ia gostar, mas eu pedi: coloca na minha lápide estou aqui, mas eu vim contra a minha vontade.”
O velório ocorrerá nesta segunda (19), no Salão Nobre do Estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol, time do coração do empresário. Ele será aberto ao público das 11h às 15h. O enterro será reservado apenas aos familiares.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.