Brasília – O ex-juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, que condenou o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva a vinte anos de cadeia, acaba de assinar ficha de filiação ao Podemos e se lançou como pré-candidato à Presidência da República para eleições 2022. Em evento que reuniu cerca de 400 pessoas no centro de Convenções Ulysses Guimaraes, em Brasília, nesta quarta-feira (10), o “xerife da Lava-Jato”, não poupou o presidente Jair Bolsonaro, ao qual, atribui o fracasso da economia nacional.

Moro se soma a pelo 10 pré-candidatos que pretendem ser o nome da uma provável 3ª via eleitoral do universo de eleitores que não votarão em Bolsonaro nem no ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT).

O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, que como Sergio Moro, que como o ex-juiz foi também ex-ministro de Bolsonaro e se desentendeu com o presidente, definiu a possível candidatura de Moro como uma “alternativa de direita”. Sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse: “Não é de direita nem esquerda. É só um populista”.

O Podemos chama a entrada de Moro no partido como um “novo capítulo” na política brasileira.

O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) era um dos mais animados na plateia. Foi ele quem agendou uma reunião secreta entre Moro e os dirigentes do MBL (Movimento Brasil Livre), antes apoiador de Bolsonaro e agora um dos seus maiores críticos.

Kataguiri disse que a condição de um apoio do MBL à candidatura de Moro é o apoio à candidatura de Artur do Val ao governo de São Paulo. Artur do Val disse que Moro pode “unir de uma vez por todas” a chamada 3ª via. Declarou que, no momento, o MBL busca viabilizar uma “parceria” com o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro. Sobre eventual ida de integrantes do movimento ao Podemos, afirmou que não é o momento para conversas partidárias.

O ex-procurador da Operação Lava-Jato, Carlos Fernando, definiu Moro como um nome de centro. Disse que o ex-ministro, depois de deixar o Governo, já criticou o presidente Jair Bolsonaro por “ter matado a Lava- Jato”. Além de Moro, outra candidatura possível ligada à Lava Jato é a de Deltan Dallagnol, considerado um nome forte no Paraná. Para Carlos Fernando, não há impasses contra a candidatura do ex-procurador, com exceção da discussão sobre a elegibilidade dele.

“Eu creio que é o caminho real dele [Deltan Dallagnol] ser candidato. Ele vai ter que tomar essa decisão. Ele é um mobilizador social e de qualquer modo tem um trabalho muito importante para fazer em organizações não governamentais e também na advocacia”, disse Carlos Fernando.

Estratégia

O discurso de Sergio Moro deus pistas de como será pesada a campanha presidencial do próximo ano. Moro entrará “atirando” em Bolsonaro e Lula. Na estratégia que será adotada, qualquer dos dois nomes será derrotado no 2º turno, — se a campanha chegar no segundo turno, disse um apoiador do ex-juiz.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.