Mais de quatro meses depois da paralisação das obras civis de implantação de uma mina subterrânea para extração de ouro, na qual foram gastos cerca de R$ 560 milhões, o antigo garimpo de Serra Pelada, no município de Curionópolis, segue com seu futuro indefinido. A única certeza que se tem até agora é quanto ao afastamento em caráter definitivo do grupo canadense Colossus Minerals Inc., que vinha tocando o projeto desde 2007 em sociedade com a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada, a Coomigasp.
O contrato entre a Coomigasp e o grupo canadense, cujo braço recebeu no Brasil o nome de Colossus Geologia e Participações Ltda, deu origem à joint venture Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM), empresa legalmente responsável pela implantação do empreendimento. No final do ano passado, quando entrou em processo de falência, a Colossus acumulava no Brasil um passivo avaliado em cerca de R$ 95 milhões, constituído basicamente de dívidas trabalhistas e débitos com fornecedores.
Para dar andamento ao projeto, concluindo as obras da etapa final de engenharia até chegar à fase de produção, a empresa, além de sanear suas finanças, precisaria investir ainda em torno de US$ 95 milhões, o equivalente a pouco mais de R$ 200 milhões. Ela não dispunha desse dinheiro, estava sem crédito junto ao sistema financeiro e ainda enfrentava problemas com o sócio, em face da disputa feroz de poder entre grupos e facções rivais que disputam com a Coomigasp a representação dos cerca de 38 mil garimpeiros que se julgam com direitos no antigo garimpo.
Para restabelecer a ordem administrativa no empreendimento, depois do afastamento do grupo canadense, e tentar pacificar os ânimos, evitando os choques previsíveis entre grupos rivais, em disputas que historicamente ignoram os métodos pacíficos, a Justiça de Curionópolis decretou intervenção na Coomigasp em novembro do ano passado e designou como interventor o administrador de empresas Marcos Alexandre Mendes. O período de intervenção judicial terminou no dia 11 deste mês, mas foi prorrogado pelo juiz Danilo Fernandes até o próximo mês de agosto.
Marcos Alexandre participou esta semana, em Belém, de um demorado encontro realizado na sede do Ministério Público com os novos controladores da Colossus. Estes são, na verdade, os credores remanescentes do grupo canadense, investidores que aplicaram capital próprio no empreendimento e que agora assumem o seu controle, como garantia para os empréstimos concedidos. Segundo o interventor, os novos controladores fizeram uma apresentação dos gastos realizados e das dívidas ainda pendentes de pagamento.
Ao final, a conclusão foi de que há necessidade de se buscarem novos investidores para a retomada do projeto.
Fonte: Diário do Pará