Servidores paralisam e conseguem acordo com Aurélio Goiano

Dia começou tenso em frente à prefeitura, com adesão em massa da categoria, que forçou prefeito a reabrir mesa de negociação.

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Nem 5% nem 10% de reajuste salarial. Após mais de três meses de desentendimentos, a prefeitura e os três sindicatos representantes dos servidores públicos de Parauapebas concordaram num reajuste salarial de 5,5% – sendo 4,83% de reposição inflacionária e 0,67% de ganho real – mais 15,38% de reajuste no auxílio-alimentação, que sobe de R$ 1,3 mil para R$ 1,5 mil.

O pagamento do reajuste será retroativo a janeiro deste ano, data-base dos servidores municipais, parcelado em cinco vezes. Outras reivindicações específicas das categorias serão tratadas separadamente em reuniões marcadas para a próxima semana, dias 15 e 16, na prefeitura, com a presença do prefeito Aurélio Goiano e secretários municipais, além da chefe de Gabinete, Joelma Leite.

Mas chegar a esse acordo não foi nada fácil para os sindicatos dos Trabalhadores da Saúde (SindSaúde), dos Servidores Públicos Municipais (Sinseppar) e dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), que depois de duas rodadas de negociação com a prefeitura foram surpreendidos com um ofício do gabinete, assinado por Joelma Leite, dando por encerrada a conversa com o funcionalismo.

A justificativa de Aurélio Goiano é a de que a prefeitura não tem orçamento para reajustar os salários com base nas propostas sindicais por dois motivos: a queda livre na arrecadação do município desde o início deste ano e o rombo bilionário deixado nas contas da prefeitura pela gestão de Darci Lermen.

Do outro lado, os questionamentos dos sindicatos sobre a enxurrada de contratações de servidores, como dos 585 comissionados, por um governo que alega não ter dinheiro, e o descumprimento da promessa feita em campanha de valorização do servidor público.

Vaias e tensões

Com a negativa da prefeitura em reabrir a mesa de negociação, os servidores decidiram em assembleias-gerais paralisar nesta quinta-feira (10), acabando com o clima de festa dos 100 dias de governo de Aurélio Goiano. A manhã foi tensa com o prefeito se mostrando irredutível na decisão de manter os 5% de reajuste salarial e ainda ameaçando, desde o dia anterior, cortar o ponto dos servidores que aderissem a paralisação.

A resposta foi imediata: a adesão foi em massa e 100% das escolas municipais pararam, segundo o coordenador-geral do Sintepp, Raimundo Moura. Em manifestação em frente à prefeitura, os servidores exigiam respeito do prefeito. “Servidor na rua, Aurélio a culpa é tua”, gritavam eles, acompanhados de perto pelos policiais da Ronda Ostensiva Municipal (Romu).

“Eu não vou abrir a mesa de negociação”, insistiu o prefeito ao se dirigir até os manifestantes, para tentar explicar sua decisão. Não conseguiu. Era vaiado cada vez que iniciava uma frase. “Pare de enfrentar os servidores”, diziam eles. Com o coordenador do SindSaúde, Marden Lima, o prefeito trocava farpas e avisava que, com ele, não queria conversa.

Mesa reaberta

Horas depois Aurélio Goiano cedeu à pressão e abriu as portas do gabinete para os dirigentes sindicais, que não chegaram a comemorar o acordo, mas entenderam que houve “um mínimo de avanço” a partir da reabertura das negociações e do próprio gesto do prefeito em se dirigir pessoalmente até os manifestantes e pedir uma oportunidade.

“Não sou Aladim. Não estou com deboche, mas não faço mágica”, disse Goiano, referindo-se à falta de dinheiro para conceder reajuste maior aos servidores. “Vocês sabem da bagaceira que ficou esse município. Não tenho culpa nisso não”, frisou o prefeito, já em frente à prefeitura para falar, ao lado dos dirigentes sindicais, sobre as decisões tomadas.

Ficou decidido que no dia 15 deste mês o prefeito irá receber o Sintepp, às 9 horas; e no dia 16, o SindSaúde, às 9 horas; e o Sinseppar, às 15h, para tratar de pautas específicas das categorias. Outro acordo, desta vez proposto pela prefeitura, é que a mesa de negociação do reajuste salarial de 2026 seja antecipada e comece em setembro deste ano, para que na data-base dos servidores, em janeiro, os índices já estejam definidos.

Texto: Hanny Amoras (Jornalista – MTb/PA 1.294)

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