A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS), emitiu uma nota técnica, na terça-feira (14), para orientar os profissionais das secretarias municipais quanto à notificação, investigação e coleta de amostras para casos suspeitos de doença de Haff no Pará. Essa é a quarta nota técnica emitida desde que o primeiro caso suspeita da doença foi notificado ao Estado.
Os sintomas da doença costumam aparecer entre duas e 24 horas após o consumo de pescado ou crustáceos e se manifestam por meio de rigidez muscular repentina, dores musculares, dor torácica, dificuldade para respirar, dormência, perda de força em todo o corpo e urina cor de café – resultado da necrose dos músculos. Com o aparecimento desses sintomas, a Sespa recomenda que a população deve procurar imediatamente uma unidade de saúde.
O prognóstico de recuperação costuma ser favorável se as medidas forem instituídas em tempo oportuno. Os sintomas começam a melhorar a partir de 24 horas e as dores, geralmente, desaparecem em até 72 horas. Contudo, a Sespa recomenda imediato acompanhamento médico, mesmo em pacientes que não apresentem comorbidades.
A nota técnica é uma medida que faz parte das estratégias já tomadas pela Sespa para monitorar a doença no Estado, como as participações em Grupo de Trabalho (GT), criado nesta segunda-feira (13), com representantes da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e na reunião virtual com membros da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Adepará e Sedap, ocorrida no mesmo dia. Nesta quarta-feira (15), técnicos da Sespa estarão em Santarém e articularão formas de investigação para saber a procedência do pescado consumido para chegar a possíveis fontes de contaminação.
O diretor de Vigilância em Saúde da Saúde, Denilson Feitosa, orienta que os municípios e a população façam o rastreio do pescado que foi consumido pelos casos suspeitos. “A Sespa continuará orientando a intensificação da fiscalização e as ações das vigilâncias sanitárias municipais. Porém, não orienta a suspensão do consumo de peixe ou bloqueio da venda de pescado, mas sim o cuidado com a procedência, e o correto acondicionamento do pescado é uma das suspeitas de ocorrência da doença”, explica, ao esclarecer que sete municípios proibiram a venda de pescado, sem orientação da Sespa para isso.
Segundo relato de Denilson, todos os casos notificados no Pará possuem relação com o pescado e, até o momento, não há ocorrências com mariscos. “Também foi identificado que, em algumas ocasiões, só uma pessoa da família que consumiu o pescado desenvolveu a doença. Nenhum caso foi relacionado à psicultura”, relatou.
A nota técnica emitida pela Sespa orienta também que a população observe se o pescado a ser adquirido encontra-se em condições adequadas de higiene e com garantias de segurança validados por serviços, como os de Inspeção Federal (SIF), Serviço de Inspeção Estadual (SIE) da Adepará, Serviço Artesanal da Adepará, ou Serviço de Inspeção Municipal (SIM) ou Sistema Brasileiro de Inspeção (SISBI).
O parecer também confere, aos municípios, orientações para coleta, acondicionamento e transporte das amostras que devem enviadas ao Lacen, em Belém, para diagnóstico de toxinas mediante situações que atendam aos critérios de definição de caso suspeito.
Entre as orientações gerais, as “amostras, como soro – obtida pelo exame de sangue, urina e sobras do alimento pronto – se houver, devem ser coletadas na fase aguda da doença, acompanhadas por ficha epidemiológica, ofício de solicitação da análise com descrição das amostras que estão sendo enviadas e relatório de investigação”.
Até o momento, a Sespa monitora seis casos suspeitos da síndrome de Haff, dos quais um em Belém, um em Trairão e quatro em Santarém, e esclarece que encaminhou, por meio do Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen), os exames sanguíneos e de urina dos casos suspeitos para laboratório de referência e aguarda os resultados.
“O número de casos ainda é baixo quando comparado à quantidade de consumo do pescado em todo o Pará e a evolução para quadros mais graves, quando associados às doenças preexistentes. Por isso não há motivos para que a população entre em pânico e deixe de consumir peixe”, orienta Denilson Feitosa.