Uma pauta levantada por leitores do Blog do Zé Dudu na manhã desta segunda-feira, 11, mostrou-se verdadeira e preocupante. Drogarias e farmácias credenciadas junto ao Ministério da Saúde para funcionar como preposto do Programa Redes de Farmácia Popular não estão comercializando medicamentos em vários municípios do Pará por falta de conexão com o sistema do Datasus (Departamento de Informática do SUS).
As queixas chegaram ao Blog por áudio e davam conta que o serviço estava indisponível em Belém e, provavelmente, em vários municípios do interior do Estado. De fato, em Marabá, a Reportagem do Blog confirmou que 9 das 12 farmácias que têm convênio com o programa do Governo Federal não estão atendendo porque não conseguem conexão com o Datasus.
Das oito farmácias procuradas na Avenida Nagib Mutran, no núcleo Cidade Nova, em Marabá, quatro usavam um adesivo de destaque na fachada: “Aqui tem Farmácia Popular”. Esse é considerado um “imã” para atrair clientes, que supõem encontrarem medicamentos mais baratos naquele estabelecimento.
Danilo Silva, farmacêutico da Maxi Popular, disse que ocasionalmente o sistema realmente fica fora do ar e eles não conseguem liberação para comercializar os 35 medicamentos disponíveis pelo programa. Ele informou que o dele estava funcionando hoje, mas que geralmente acontecem apagões e eles entram em contato com o Datasus para tentar resolver imediatamente o dilema. “Eles direcionam, dizem o que fazer e geralmente dá certo”, alegou.
A poucos metros dali, na Extrafarma, uma funcionária que faz atendimento direto com clientes pediu reserva de seu nome, mas informou que mais da metade dos clientes de medicamentos daquele estabelecimento procura por remédios da Farmácia Popular. “Mas nesta segunda-feira, o sistema funcionou só até 10 horas e depois sumiu. Aí o número de clientes diminui bastante. Isso está acontecendo direto”, lamenta.
Com problemas de pressão alta e necessitando de medicamentos diários, a aposentada Maria Edem de Souza Santos procurou a Extrafarma na tarde desta segunda-feira e não foi atendida como gostaria. “Me orientaram a procurar outro estabelecimento, mas tenho medo de todos estarem do mesmo jeito, fora do ar. Eu sei que há pessoas mais carentes do que eu que estão passando inúmeros transtornos, que não podem pagar e necessitam dos remédios”, disse ela.
No site do Ministério da Saúde há disponível uma lista com nomes de estabelecimentos que fizeram convênio com o Farmácia Popular, além do telefone de contato. Das 12 existentes, a Reportagem fez ligações e constatou que apenas três estavam atendendo nesta segunda-feira.
Ainda no ambiente do site do Ministério da Saúde, uma mensagem tenta minimizar esse tipo de problema: “Informamos que o sistema (datasus) que se comunica com as farmácias e drogarias funciona por 24 horas, considerando que as transações ocorridas no sistema de dispensação do programa farmácia popular são online. O que pode ocorrer nesses casos são problemas de conexões por necessitar de internet em perfeito estado de funcionamento”.
Todavia, nas farmácias consultadas, os atendentes disseram que a Internet estava funcionando perfeitamente e que apenas o programa da Farmácia Popular se encontrava fora do ar.
A Reportagem enviou e-mail para o Datasus, por meio de sua plataforma digital e depois de cadastramento como jornalista e de informar qual era a demanda, apareceu a seguinte mensagem no final: “Após análise do número de protocolo será enviada uma informação para o seu e-mail. Contudo, até a publicação desta notícia nenhuma resposta havia chegado.
O Programa Farmácia Popular do Brasil foi criado com o objetivo de oferecer mais uma alternativa de acesso da população aos medicamentos considerados essenciais. O Programa cumpre uma das principais diretrizes da Política Nacional de Assistência Farmacêutica e, atualmente, tem uma lista de 35 medicamentos disponíveis com preços mais baixos que os tradicionais.
Em Parauapebas, 14 farmácias constam no sistema do Ministério da Saúde como credenciadas ao Farmácia Popular. Canaã dos Carajás apenas uma e Curionópolis também uma.
Ulisses Pompeu – de Marabá