Vista noturna do canteiro de obras de Belo Monte
A linha de transmissão que transportará a energia gerada pela hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, para os grandes centros consumidores no país será a primeira da América Latina com 800 kilovolts (kv). Atualmente, as linhas existentes no país são, em sua maioria, de 600 kv. Quanto maior a voltagem da linha, menor é a perda de energia pelo caminho.
Segundo especialistas, o novo modelo permitirá o transporte de cargas mais altas de energia e deverá reduzir o custo de operação em até 12% na comparação com a tecnologia anterior.
Belo Monte terá uma das mais longas linha de transmissão do país, de 2.140 quilômetros, cortando os Estados do Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais.
“A tecnologia de 800 kv é mais cara para instalar, mas reduz o custo operacional do projeto”, afirma o consultor Paulo César Esmeraldo, da consultoria italiana Cesi.
“Ela não trará um desafio de engenharia maior do que a construção de Belo Monte, por exemplo, mas conseguirá transportar a energia com mais segurança e por um valor mais baixo.”
O leilão da linha de transmissão de Belo Monte está previsto para 7 de fevereiro. A Taesa, empresa que tem a mineira Cemig como acionista, é uma das únicas que anunciaram publicamente o interesse em formar um consórcio para disputar o leilão.
Há ainda a expectativa de que a chinesa State Grid forme outro grupo interessado.
“A maior curiosidade do mercado é com relação à participação da Eletrobras e da Cteep [Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista], que tiveram seus caixas impactados recentemente pela renovação das concessões da Aneel”, afirmou Roberto Brandão, pesquisador sênior do Gesel/UFRJ (Grupo de Estudo do Setor de Energia Elétrica).
Tanto Eletrobras quanto Cteep aceitaram renovar concessão de geração e transmissão de vários de seus ativos mediante pagamento de indenização à União.
LINHAS E ATRASO
A mais recente grande linha de transmissão construída no país foi a que ligou as usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, aos centros consumidores no Sudeste.
Com 2.385 km e 600 kv, a linha atrasou um ano e dez meses para entrar em operação devido a problemas de licenciamento ambiental. Antes, a linha de Itaipu, com cerca de 800 km, tinha sido a última do tipo construída no país.
Segundo Esmeraldo, da Cesi, há só duas linhas do tipo em operação na China e uma em instalação na Índia.
A usina de Belo Monte é o maior empreendimento hidrelétrico em construção no país e teve sua entrada em operação adiada de 2014 para 2016. A usina terá capacidade para gerar 11.233 megawatts, mas, por não ter reservatórios, vai operar apenas no período de chuvas, o que reduz o aproveitamento de energia para cerca de 4.500 megawatts.
Fonte: Folha Online