Dos 144 municípios paraenses, apenas Eldorado do Carajás e Santa Izabel do Pará mudaram de nome ao longo da história. E não foi, assim, “aquela” mudança: eles apenas deram tapas suaves — tapinhas, na verdade — na grafia de seus títulos, sem impacto significativo na semântica, diferentemente de outras localidades, que mudaram de nome radicalmente. Mas mesmo as mudanças mais sutis são importantes para localizar os municípios na geografia das políticas públicas.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do estudo anual referente às alterações dos topônimos legais dos municípios brasileiros. Desde 1938, ocorreram 130 alterações de nomes de cidades, sendo a primeira delas de uma localidade pernambucana, que trocou de identificação duas vezes.
No Pará, a primeira mudança foi registrada em 17 de outubro de 2013, quando Eldorado do Carajás abandonou a letra “s” na preposição “do”. Antes era chamado de Eldorado “dos” Carajás. Já Santa Izabel do Pará trocou o “s” pelo “z” em 1º de janeiro de 2014, já que antes era conhecido por Santa “Isabel” do Pará.
A revisão de grafia, que aparentemente podem parecer “boba”, são de suma importância para os municípios que as fazem, uma vez que passam a constar de cadastros administrativos para concepção de políticas públicas, mapas e documentos oficiais, auxiliando na identificação das localidades no plano governamental.
O Blog do Zé Dudu traz como exemplo o nome de Eldorado do Carajás, que já é bem e corretamente identificado ortograficamente pelo próprio IBGE, pelo Tesouro Nacional, pelos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. Porém, ainda se encontra como Eldorado “dos” Carajás no Ministério da Infraestrutura, uma vez que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) segue literalmente emplacando Eldorado com o nome anterior. Quando, porém, é preciso fazer cruzamento de dados entre órgãos, usando o nome do município, os sistemas acusam mensagem de erro pela discrepância causada por um “s”. A imprensa também trata frequentemente — aliás, na maioria das vezes — Eldorado como “dos” Carajás.
De acordo com o IBGE, os topônimos refletem e perpetuam um pouco da história e cultura dos municípios, ao remeterem a um fato ou pessoa de relevância durante o processo de ocupação, ou retratando o sentimento de pertencimento e identidade no território. No estudo divulgado nesta terça, houve mudança apenas na nomenclatura do município de “Grão Pará”, em Santa Catarina, que passou para “Grão-Pará”, ganhando hífen, em 2021.