A ampliação e a apropriação das redes de tecnologia em benefício do crescimento econômico e do desenvolvimento social vão continuar sendo alguns dos maiores desafios do Pará na próxima década. Sobretudo para quem vive ou depende da zona rural. A julgar pelo índice de propriedades rurais conectadas à internet — 12,71% de todos os 282 mil estabelecimentos —, é possível deduzir que os governos municipais, estadual e federal terão de trabalhar de sol a sol para universalizar o acesso, inclusive ao mais remoto dos colonos, se quiser garantir redes de produção integrada e se encaixar no mercado cada vez mais global de produção.
A constatação faz parte de um levantamento do Blog do Zé Dudu, que mergulhou nos resultados finais do Censo Agropecuário realizado em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e cuja totalização dos números foi concluída no final de 2019. O Pará é o 4º estado mais atrasado no que diz respeito à fazendas, sítios, chácaras e afins conectados à internet, já que 87,29% deles ainda vivem “isolados” do mundo cada vez mais movido por computadores em rede. Só Maranhão (87,67%), Amazonas (88,84%) e Roraima (88,96%) detêm índices piores. No outro extremo, as propriedades rurais de Distrito Federal (76,71%) e Santa Catarina (50,47%) são as mais conectadas do país.
No Pará, a análise municipal revela um cenário ainda mais desafiador, que vai exigir diferentes estratégias e ações para as diferentes localidades. Hoje, apenas cinco dos 144 municípios do estado têm mais da metade de suas unidades agropecuárias conectadas. No ranking nacional, os quatro municípios com o maior número absoluto de estabelecimentos no apagão da internet são paraenses: Acará (6.184), Santarém (6.609), Abaetetuba (8.349) e Cametá (11.401).
Em termos proporcionais, porém, entre as fazendas de Faro, Soure, Ulianópolis, Portel e Gurupá não há sequer 2% delas com acesso à internet. Esses municípios, diga-se de passagem, estavam entre os mais pobres do Brasil em 2010, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). E devem seguir sendo — os mais pobres — em 2020.
Ilhas de conexão
Santa Cruz do Arari movimenta tímidos R$ 25 milhões por ano em riquezas do agronegócio e nem de muito longe se enquadra como uma potência do mundo agro. Em 2010, foi considerado um dos 500 municípios brasileiros com pior qualidade de vida e hoje, dez anos depois, com pouco mais de 10 mil habitantes e sobrevivendo maciçamente de transferências da União, quase nada mudou.
Mas no menos no campo o panorama se transformou. Hoje, Santa Cruz do Arari é o município com o maior percentual de propriedade conectadas à internet. Lá, 80% dos estabelecimentos estão plugados com o mundo exterior. É um dos 150 lugares mais conectados do país, de acordo com o IBGE. Além dele, só Ourilândia do Norte (61,72%), Abel Figueiredo (56,45%), Canaã dos Carajás (53,83%) e Ananindeua (50,52%) têm taxas expressivas de aproveitamento da rede mundial de computadores.
Nas principais praças agrícolas do Pará, o grau de conectividade é modesto. São Félix do Xingu, detentor do maior rebanho bovino do país, tem 16,38% de suas propriedades com acesso à internet, praticamente o dobro de Altamira (8,32%), pouco maior que Paragominas (15,42%0 e pouco menor que Marabá (18,1%). Taxas melhores são registradas em Redenção (26,67%), Castanhal (38,68%) e Xinguara (47,06%). Confira o ranking dos 12 municípios com fazendas mais conectadas à internet e os 12 com menores taxas!