Nem 5% das 144 cidades paraenses pagam, hoje, a média salarial de R$ 3.291,70 que um trabalhador brasileiro, formalmente empregado, recebe. Aqui no estado, que paga a média mais baixa da Região Norte, R$ 2.982,88, somente meia dúzia de municípios se iguala ao patamar do restante do país.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados recém-publicados pelo Ministério do Trabalho referentes à Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2020. De caráter anual, a Rais é o cadastro administrativo mais abrangente sobre o mercado de trabalho e computa tanto empregos da iniciativa privada quanto do setor público. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), outra fonte de dados importante e com atualização mensal, só coleta vínculos com carteira assinada.
De acordo com a Rais, Belém é a cidade onde o trabalhador formal recebe a maior remuneração média no estado: R$ 3.882,02. Mesmo estagnada economicamente com sua produção de riquezas que não avança e sua arrecadação pífia, a metrópole paraense possui um volume de empregos formais que totaliza 399 mil postos, o equivalente à população de duas cidades do tamanho de Castanhal lotadas de trabalhadores com salário regular.
Outra característica positiva de Belém é que, embora seja a rainha da ostentação dos indicadores sociais ruins (geralmente aparece nas pesquisas em último lugar em saneamento, infraestrutura, educação, desenvolvimento econômico e segurança), o rendimento médio do trabalhador belenense não está entre os últimos no confronto com as demais capitais. Paga-se melhor em Belém do que em metrópoles como Manaus, Goiânia, Salvador, Fortaleza e Recife. Mas tem um segredo: a razoável média é puxada pelos salários do setor público.
Confira o ranking dos salários médios dos trabalhadores das capitais elaborado pelo Blog!
SALÁRIOS MÉDIOS NAS CAPITAIS
1ª Brasília — R$ 5.915,91
2ª Florianópolis — R$ 5.416,84
3ª Macapá — R$ 4.899,72
4ª Porto Alegre — R$ 4.690,85
5ª Vitória — R$ 4.604,62
6ª Cuiabá — R$ 4.603,47
7ª Rio de Janeiro — R$ 4.486,68
8ª São Paulo — R$ 4.445,33
9ª Palmas — R$ 4.423,42
10ª Curitiba — R$ 4.378,95
11ª Belo Horizonte — R$ 4.058,34
12ª Campo Grande — R$ 3.909,45
13ª Porto Velho — R$ 3.903,50
14ª Belém — R$ 3.882,02
15ª Boa Vista — R$ 3.803,80
16ª Goiânia — R$ 3.802,06
17ª Rio Branco — R$ 3.792,77
18ª Salvador — R$ 3.745,17
19ª Recife — R$ 3.728,16
20ª Natal — R$ 3.602,50
21ª Manaus — R$ 3.506,59
22ª São Luís — R$ 3.465,82
23ª Teresina — R$ 3.303,88
24ª Aracaju — R$ 3.208,28
25ª Fortaleza — R$ 3.184,72
26ª João Pessoa — R$ 3.175,42
27ª Maceió — R$ 3.098,24
Mineração puxa salários
À exceção de Tracuateua, onde o rendimento médio verificado pela Rais foi de R$ 3.555,50, as demais cidades que “escapam” do vexame de pagar remuneração média inferior à nacional são praticamente todas de municípios titulares de projetos de mineração, a saber, Oriximiná (R$ 3.519,53), Parauapebas (R$ 3.423,71), Canaã dos Carajás (R$ 3.412,05) e Juruti (R$ 3.331,26).
Na lista estendida até a 20ª colocação, a mineração também arrasta outros nomes famosos, como Curionópolis, Marabá e Barcarena, todos com mais de R$ 3 mil em rendimento. No confronto com capitais regionais de igual importância, Marabá (R$ 3.049,35) impõe considerável diferença frente as rivais Imperatriz-MA (R$ 2.254,72) e Araguaína-TO (R$ 2.296,07).
Nomes importantes na economia estadual ou que geraram bastante emprego no ano passado ficaram fora lista das 20 maiores praças salariais do Pará, como Marituba (R$ 2.626,84), Pacajá (R$ 2.618,48), Novo Progresso (R$ 2.593,97), Paragominas (R$ 2.570,60), Itaituba (R$ 2.568,62), Tucuruí (R$ 2.546,24), Santarém (R$ 2.510,94), Altamira (R$ 2.346,94), Redenção (R$ 2.187,12), Ananindeua (R$ 2.034,30) e Castanhal (R$ 1.776,50).
No extremo oposto, o Pará possui algumas das cidades com os piores indicadores de rendimentos do país, como é o caso de Colares, onde, com R$ 1.309,66, o trabalhador recebe quase um terço da remuneração de um trabalhador de outra parte do país. O Blog desconfiou do valor tão baixo e foi espiar os contracheques da maior empregadora local, a Prefeitura de Colares, e não deu outra: é verdade.
Por lá, na folha de novembro, servidor algum recebeu mais de R$ 7 mil líquidos. O salário da prefeita, limpo e seco, não chegou a R$ 5,5 mil e o médico mais bem pago do quadro não recebeu sequer R$ 4,6 mil completos. A segunda pior situação é a de Concórdia do Pará, com média de R$ 1.472,90.
Confira o ranking dos salários médios dos trabalhadores nas cidades paraenses elaborado pelo Blog!
MAIORES SALÁRIOS MÉDIOS NO PARÁ
1ª Belém — R$ 3.882,02
2ª Tracuateua — R$ 3.555,50
3ª Oriximiná — R$ 3.519,53
4ª Parauapebas — R$ 3.423,71
5ª Canaã dos Carajás — R$ 3.412,05
6ª Juruti — R$ 3.331,26
7ª Almeirim — R$ 3.273,28
8ª Afuá — R$ 3.105,07
9ª Melgaço — R$ 3.099,07
10ª Marabá — R$ 3.049,35
11ª Barcarena — R$ 3.048,06
12ª Curionópolis — R$ 3.030,62
13ª Jacareacanga — R$ 3.022,56
14ª Ourilândia do Norte — R$ 2.996,49
15ª Vitória do Xingu — R$ 2.978,90
16ª Senador José Porfírio — R$ 2.857,46
17ª Oeiras do Pará — R$ 2.822,03
18ª Curralinho — R$ 2.815,75
19ª Primavera — R$ 2.721,54
20ª Augusto Correa — R$ 2.709,87
2 comentários em “Só 6 cidades paraenses pagam salários acima da média nacional; veja quais”
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Excelente conteúdo! Parabéns ao blog!