Só com 3 ambulâncias, SAMU de Marabá acende sinal vermelho

Serviço sofre também com problemas constantes nas linhas telefônicas e SMS acionou a Justiça contra operadora de telefonia

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As ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) têm passagem livre por todos os sinais de trânsito. Mas a maior parte da frota do serviço em Marabá está de freio de mão puxado e não consegue sair do lugar. Isso porque a grande maioria das dez ambulâncias não tem mais condições de uso e o Ministério da Saúde procrastina a liberação de novos veículos.

O assunto foi revelado esta semana aos vereadores durante reunião na Câmara Municipal de Marabá pela própria gerente da Central Regional de Regulação de Urgência de Carajás, enfermeira Walternice Vieira, e ratificada pela diretora de Média e Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Saúde, Dármina Duarte.

Walternice explica que o SAMU ganhou caráter regional e passou a atender 17 municípios da região. O serviço conta com 10 ambulâncias, mas três estão sucateadas e foi solicitada baixa ao Ministério da Saúde. Atualmente, apenas três estão em funcionamento pleno, porque as demais estão (e vivem) na oficina por estarem muito desgastadas. Em geral, os mecânicos da empresa responsável pela manutenção tiram peças das sucateadas para resolver os problemas de outras. “Precisamos renovar a frota, mas o Ministério da Saúde não renovou a frota como deveria, a cada cinco anos”, lamenta ela.

Dármina Duarte explicou que em relação ao drama da frota do SAMU, a Secretaria Municipal de Saúde que reiterou documentos sobre desfazimento das ambulâncias ao Ministério da Saúde, mas não houve resposta dos processos. Este ano, o secretário Marcones Santos foi a Brasília no dia 8 de março, conversou com a coordenação geral do SAMU. Segundo ela, havia um documento que nunca foi enviado para Marabá, com orientações que deveriam ser feitas para o desfazimento. Lá mesmo em Brasília o secretário de Saúde preencheu todos os pais e desde então passou a aguardar a confirmação para liberação de novas ambulâncias.

Todavia, isso nunca aconteceu. Mais recentemente, os técnicos do Ministério da Saúde orientação que Marabá tem de correr atrás de emenda parlamentar se tiver urgência para receber novos veículos para o serviço, que é essencial. Outra saída é que fossem junto ao ministro da Saúde, Gilberto Occhi, para autorizar as ambulâncias para Marabá. “Mesmo a gente provando que as ambulâncias estão sucateadas, com mais de 10 anos de existência, não fomos contemplados com os veículos ainda”, lamenta Dármina.

DRAMA DOS TELEFONES

Outro problema grave enfrentado pelo SAMU de Marabá é o dilema das linhas telefônicas, tanto as quatro fixas quanto as móveis. Walternice explica que há quatro linhas normais (fixas) que acionam quando as pessoas ligam para o 192. Elas são analógicas e quando há problema de chuva, por exemplo, o Samu fica sem sinal e não dá para atender as chamadas de emergência. Para o cidadão que faz a ligação, a chamada é efetuada normalmente, mas na base do SAMU nenhum sinal de ligação. “Foram feitas reclamações ao Ministério Público e Anatel. Quando o problema não é na linha fixa, é na móvel. Já entramos com ação na Justiça em função disso. Marabá figurava em terceiro lugar no Pará com esse tipo de problema”, diz Walternice.

O presidente da Câmara, Pedro Corrêa, lembrou que todos os 21 vereadores têm bases políticas com deputados federais, que podem ajudar a cobrar o Ministério da Saúde para liberação das ambulâncias necessárias para atender a demanda local e regional. “Se temos dificuldades para cuidar de Marabá, imagine de mais 16 municípios que dependem do SAMU baseado aqui. Ganhamos algumas vantagens nesse processo, mas talvez as desvantagens sejam maiores”.

Pedro solicitou cópia do pedido ao Ministério da Saúde sobre as ambulâncias para que os vereadores possam acionar os políticos para somar à SMS.

EM NÚMEROS

A cada mês, o SAMU de Marabá atende cerca de 600 ocorrências, tanto na zona urbana quanto na rural. No primeiro bimestre de 2018, o SAMU (192) atendeu 1.130 ocorrências em Marabá, um aumento superior a 39% em comparação ao mesmo período de 2017, quando foi apurado o total de 812 ocorrências.

O atendimento referente à clínica médica de adulto, em ambos os bimestres, supera as demais ocorrências. Foram 483 ocorrências em 2018 e apenas 248 em 2017, ou seja, quase 100% a mais que o mesmo período do ano anterior. Assim como em todos os anos, também se destacam os acidentes de trânsito: 306 em 2018, contra 203 em 2017, no período em referência, um aumento superior a 66%.

Ulisses Pompeu – de Marabá