Eram 23 mil duas semanas atrás e agora já são, pelo menos, 30 mil os habitantes de Marabá que, desde o surgimento do novo coronavírus no Brasil, tiveram contato o organismo invisível causador da Covid-19. É o que mostra a segunda fase do estudo Epicovid19-BR organizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), custeado pelo Ministério da Saúde e que tem o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) como coletor dos dados em campo.
Ontem (11) à noite, a UFPel liberou dados detalhados sobre o levantamento, segundo os quais 10,8% dos marabaenses apresentaram anticorpos para o novo coronavírus. Para chegar a essa conclusão, foram feitos testes com 250 pessoas escolhidas aleatoriamente pelo Ibope na cidade. Os resultados revelam que o total de marabaenses positivos para Covid-19 pode ser 13 vezes maior que o dado oficial. Nas contas da Prefeitura de Marabá, até a última quarta-feira (10), eram 2.146 casos confirmados no município.
E não é apenas Marabá que possui número alto de anticorpos para Covid. A capital paraense, Belém, segue sendo um dos principais redutos de onde, proporcionalmente, o vírus mais gostou. Na metrópole, 16,9% da população entrevistada já tiveram contato com o coronavírus, o correspondente a 253 mil habitantes, praticamente uma cidade inteira do tamanho de Santarém de infectados dentro de Belém.
Na segunda fase da Epicovid19-BR, a capital do Pará só perdeu para a capital de Roraima, Boa Vista, onde 25,4% da população apresentaram anticorpos para coronavírus durante a testagem aleatória. Em Santarém, oeste paraense, a taxa de detecção foi igual à de Marabá: 10,8%. Isso quer dizer que aproximadamente 34 mil santarenos já tiveram contato com a Covid desde o início da pandemia.
Os municípios paraenses que, por enquanto, possuem índices baixos de anticorpos são Altamira (2,8%) e Redenção (1,4%). Breves, que liderou nacionalmente a primeira fase da pesquisa com 24%, agora apresenta 12,2%. Os estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Ceará, todos posicionados entre os dez menos desenvolvidos do país, detêm os maiores indicadores proporcionais de coronavírus.
Na próxima fase da pesquisa, a última, os mesmos municípios serão visitados. A ideia é que os pesquisadores do Ibope voltem a campo em duas semanas. Esse é o maior estudo do mundo para dimensionar a taxa de infecção e o alastramento do coronavírus.