O brasileiro é carinhoso e caridoso. Até mesmo os menos favorecidos financeiramente têm por hábito dar esmolas, participar de campanhas, se solidarizar com o irmão que passa por dificuldades.
Este mesmo brasileiro, que foi às ruas há alguns meses cobrar, entre outras, ação mais eficaz da justiça brasileira contra os corruptos envolvidos no mensalão, hoje se solidariza com José Genuíno, que cumpre pena na “Papuda” mesmo sendo diagnosticado com doença grave e passa a achar que o ministro Joaquim Barbosa teria sido deveras duro e leviano com o deputado licenciado.
“Somos o que pensamos”, já disse Buda. Felizmente os pensamentos são mutáveis, porém, há de se analisar o por quê de mudarmos tanto nosso modo de pensar. Hoje estamos de um lado, amanhã de outro. Somos frutos de uma mídia que conduz o povo conforme as conveniências e interesses dos bastidores da notícia. Acreditamos, e não deveria ser assim, em quase tudo que é publicado pelos grandes veículos de comunicação.
É preciso lembrar que há sempre duas formas de publicar uma mesma notícia. Como exemplo, vamos imaginar que um certo governador inaugurou um colégio que atenderá 1.000 alunos. O órgão de imprensa tendencioso, sem mencionar as qualidades da obra vai logo ao ponto que há indícios de superfaturamento e que o novo colégio não atenderá a demanda do município. Já o órgão de imprensa imparcial, responsável e comprometido com a verdade, mostrará os benefícios que a obra trará à população, as dificuldades que aquela população tinha antes da obra e mencionará que há indícios de superfaturamento ouvindo o denunciante e o responsável pela obra, mostrando todos os lados da notícia e deixando que seu leitor, telespectador ou ouvinte pense a respeito e tire suas próprias conclusões.
A forma como José Genuíno cumprirá a pena imposta pela maioria dos ministros do STF por corrupção merece sim ser revista, assim como é necessário rever a forma como milhares de brasileiros presos são tratados em carceragens e penitenciárias espalhadas Brasil a fora.
Sem querer aqui mencionar os relevantes serviços que os Genuínos e Zés Dirceu prestaram à luta pela liberdade geral que hoje ostentamos e que era proibida na época da ditadura, é preciso lembrar também que esses cidadãos usaram do poder que este solidário povo lhes outorgou nas urnas para roubar dinheiro público e merecem passar por tudo que estão passando. São bandidos piores que aqueles que te roubam a carteira no meio da rua e devem pagar por seus crimes presos.
Já não basta alguns terem o privilégio do regime semiaberto? Em vários outros locais do mundo, crimes como os aplicados por esta gangue seriam punidos com a prisão perpétua ou, em outros mais extremados, com a pena de morte.
O PT foi execrado como partido político. Apesar de grande, de governar o país, vários estados e capitais, o partido é visto hoje, de forma equivocada, como partido de corruptos. Esquece a grande maioria da imprensa que o PT é formado por gente que muito já fez pelo Brasil e que ainda fará. Ter em seu quadro membros condenados não denigre em nada o partido.
O Brasil vem melhorando ano após ano. O poder judiciário vem acompanho esse progresso a ponto de condenar gente forte do partido que governa o país. Sinal que os tempos são outros e que já podemos sonhar com novas condenações de políticos envolvidos nos mesmos crimes, como os do mensalão mineiro que promete ser pauta do STF no ano que vem.
Gente, deixemos de hipocrisia. Se for feita uma pesquisa questionando se você toparia passar alguns anos preso em regime semiaberto, mas com alguns milhões de reais garantidos em sua conta corrente a grande maioria da população responderia que sim. A resposta seria positiva porque somos o que somos desde o descobrimento, quando o país foi povoado com o que havia de mais corrupto em Portugal. A corrupção está no nosso DNA.
Tivemos um avanço com a condenação dos mensaleiros petistas? Sim! Todavia, temos que rever nossa Constituição e Código Penal fazendo com que o crime não compense. E isso só será possível quando o político criminoso, esgotadas todas as formas de recursos (outro grande erro do nosso judiciário), for realmente preso, condenado a devolver tudo o que roubou com juros, multa e correção monetária; tiver seus direitos políticos cassados para sempre e não por quatro ou oito anos, pagando, efetivamente, pelo crime que cometeu.
Enquanto isso não ocorre, conviveremos com o sensacionalismo midiático que pode até fazer um certo sucesso, mas não traz nenhum ganho eficaz para o povo.
10 comentários em ““Somos o que pensamos”.”
cade omesalao do psdb eojarder babalho
Se o Genoíno é um ladrão pior do que um batedor de carteira, como você afirma, esclareça-me o seguinte: O Genoíno é rico? Ele tem pelo menos uma casa grande, bonita ou alguma fazenda? Qual é o banco, a conta corrente à que se você se referiu e quantos milhões de reais estão depositados nela? Baseado na vida do Genoíno, desde a guerrilha do Araguaia, passando pela longa carreira política, que você como jornalista deve ou deveria conhecer um pouco, você acha mesmo que ele, nesse processo, é culpado por ser um ladrão?
Se o Genoíno é um ladrão pior do que batedor de carteira, como você afirma, esclareça-me o seguinte: O Genoíno é rico? Ele tem uma casa grande, bonita ou uma fazenda? Qual é o banco, a conta corrente à que você se referiu e quantos milhões de reais estão depositados nela? Baseado na vida do Genoíno, desde a guerrilha do Araguaia, passando pela longa carreira política, que você como jornalista deve ou deveria saber um pouco, você acha mesmo que ele, nesse processo, é culpado por ser um ladrão?
Excelente matéria.
Pena que outros blogueiros de nossa região, que sempre questionam a imparcialidade, se apresentaram tão “Genuístas”.
Concordo, as condições de cumprir a pena dos mensaleiros deve ser revista sim, mas não sem antes rever de tantos outros condenados.
José Dirceu, José Genuíno entre outros queriam igualdade de diretos, ok, eles devem ser reclusos em igualdades com nosso sistema prisional.
Caro João dos Prazeres;
A Globo está mais petista do que nunca.
Se você analisar bem cada aparição da Dilma, a Globo é muito generosa com ela. Do contrário faria uma reportagem especial das promessas cacofônicas e números sem nexo nenhum, que até hoje não saiu do papel, muitas nem entraram. Prometer duas vezes a mesma obra e nunca iniciar ou só ficar na pedra fundamental.
As matérias são editadas com muita dificuldade para cortar tanta asneira que sai do neurônio solitário da Comandanta Presidenta.
Ai já é Demais!!!
Querer tirar a culpa destes senhores! O povo não é tão burro caro blogger! Estão e devem pagar pelos crimes que cometeram!
Faça-me o favor!
“os relevantes serviços que os Genuínos e Zés Dirceu prestaram à luta pela liberdade geral que hoje ostentamos” Começo meu comentário com frase da matéria, pois ate parece brincadeira querer RESCREVER a história. Estes senhores que agora o senhor defende nada mais fizeram que tentar implantar um outro regime político no país o mesmo que arrasou a ex união soviética e cuba. Eles estão pagando por crimes comuns, como todo criminoso que são. Como voce mesmo disse, as noticias são passadas conformes a tendencia do veiculo e exatamente por isso , não vejo essa clemencia que voce apregoa, pelo menos , nos locais que frequento como escritório com mais de 30 pessoas e na faculdade .
Faltou dizer, sr. Zé Dudu, que essa mesma mídia da espetacularização é composta por veículos que devem milhões à Previdência e até, como a Globo, que sonegou 1 bilhão de reais em valores atualizados. Estes sim roubam do país. São os rotos falando dos esfarrapados.
PARECE QUE A VENEZUELA É AQUI!!!.
PRECAUÇÃO E CALDO DE GALINHA NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM, SORRATEIRAMENTE O PT E SEUS ALIADOS FARÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA UMA RÉPLICA DA VENEZUELA.
Ao jogar as câmeras na cobertura do julgamento do mensalão, a mídia deu ao caso contornos de espetáculo. Não faltaram heróis e bandidos, bem ao gosto popular. Iniciado o cumprimento das penas por alguns dos condenados, o tom geral conferido à cobertura vai lentamente se transformando – “ilegalidade !”, alertam uns ; “excessos !”, admoestam outros ; “pena não é vingança”, doutrinam aqui ; “cuidado”, receitam acolá.
Dentre as vozes, é certo que muitas são respeitáveis. No entanto, não recebiam holofotes. E aqui está o ponto. Ao espetáculo interessa o que traz público, esteja de cá ou de lá da mesa, dentro ou fora do livrinho. Nessa lógica, as câmeras devem girar e captar personagens mais interessantes para a bilheteria ! E como sabem até os infantes, alguns heróis – despidos de suas capas – perdem seus poderes. Nesse sentido, para um público sedento de novidades, ídolos em queda funcionam como boa narrativa.