Por Herbert Viana ( * )
São tantos os caminhos que aprofundam uma crise em uma organização seja ela uma empresa, uma família, uma sociedade, etc. O discurso de ódio, a indisciplina no cumprimento das rotinas, o desinteresse nos estudos, entre outros fatores, levam à perda de capacidade de engajamento dos membros desta organização frente as suas metas, seus sonhos e seus desejos de realização.
Pois bem, falar de crise e fatores que levam as pessoas pra baixo foi foco apenas deste pequeno preambulo, com o único objetivo de introduzir a minha ideia de escrever sobre assuntos positivos, assim, contribuindo para termos mais discussões que elevam nossa “imunidade social” diante desta atmosfera negativa que toma conta do atual momento.
Acredito que voltando nossas energias para formular pensamentos que incentivem a buscar saídas que elevem nossa performance individual e coletiva, teremos mais chances de resolver nossos problemas.
Partindo deste ponto, pergunto aos leitores, vocês sabem o quê é uma “organização que aprende”?
Em 1993 o escritor David Garvin em seu livro “Buildin a Learning Organization”, observou que: “a organização que aprende é a que dispõe da habilidade para criar e transferir conhecimentos e é capaz de modificar seu comportamento, de modo a refletir os novos conhecimentos e ideias”.
No meu entendimento as “organizações que aprendem” equilibram muito bem o conhecimento tácito dos seus membros, articulando-o com o conhecimento explicito, de maneira a construir e usufruir de uma atmosfera de aprendizagem, onde os desafios são normalmente encarados e superados, por uma equipe capacitada, segura e autocrítica (aprender com o erro). Isto que torna uma “organização que aprende” um caso de sucesso em qualquer cenário socioeconômico, com ou sem crise, ou melhor, para uma “organização que aprende” não há crise, apenas grandes oportunidades.
Estendo o termo “organização” para outros tipos de sociedade, além daquela que normalmente pensamos como sendo a única, que é uma empresa. A família é uma organização, e encaixa perfeitamente o conceito de Garvin na mesma, ou seja, sua família é uma “organização que aprende”?
Pais, filhos, tios, primos, amigos, trabalhadores domésticos, ou seja, os membros de uma família em um conceito mais amplo uma vez que estamos falando de educação, equilibram seus conhecimentos tácitos de vida com os conhecimentos explícitos (livros, filmes, etc), de forma a construir um ambiente de transferência de conhecimentos, incentivando assim a modificação do comportamento através da reflexão sobre erros e novas ideias?
Se a resposta for sim, certamente esta família caminha com firmeza sempre em frente, superando desafios, conquistando vitórias e “mandando beijinhos no ombro” para a crise, me permitam a coloquialidade desta expressão.
Se a resposta for não, então esta família, infelizmente, é dona de uma “baixa imunidade social”, que a meu ver consiste na fragilidade de viver em um ambiente desafiador, como um organismo de uma pessoa que, de tão fraca, não consegue resistir a uma gripe.
Pense, para vencer um vírus ou qualquer doença, seu corpo precisa de força, de boa imunidade, da mesma forma uma organização precisa de força para vencer crises, daí, uns dos remédios é construir uma atmosfera em torno da família, onde o vírus do desanimo, da indisciplina com as rotinas escolares, financeiras, afetivas, etc, não sobreviva mais do que alguns segundos, assim, sua família prevalece a qualquer ambiente adverso.
Segundo Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação, bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto.
Hoje vemos uma certa tendência de distanciamento dos líderes da família (pai e mãe) com os objetivos educacionais dos mais jovens, daí, a família precisa repensar seu posicionamento como unidade educadora que é, voltando a assumir o protagonismo na educação dos filhos, ao invés de transferi-lo para outros espaços educativos como as escolas e igrejas, estas últimas têm papel imprescindível, mas nunca ocuparão em plenitude o papel dos pais juntos aos seus filhos.
E quando se fala do protagonismo dos pais, não está se falando de ações de alto grau de complexidade, são coisas simples que geram mudanças significativas no comportamento, vamos fazer um teste, responda as seguintes perguntas:
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Você pergunta sobre o quê seu filho aprendeu na escola?
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Você deixa-o faltar às aulas?
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Combina e segue horários para o estudo?
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Confere os cadernos da escola?
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Participa das reuniões na escola?
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Conversa sobre as notas (rendimento escolar)?
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Estimula a leitura?
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Brinca com seu filho?
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Conhece seus professores?
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Já o ensinou a usar um dicionário?
Pois bem, se você encontrou dificuldade em responder “sim” a este questionário básico sobre a educação dos seus filhos, é preciso repensar seu engajamento na educação dos mesmos, pois se continuar assim, dificilmente sua família será uma “Organização que aprende”.
( * ) – É Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), com mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), também possui especialização em Tecnologia Mineral pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Gestão Empresarial pela PUC de Campinas – SP (PUCCAMP).
1 comentário em “Sua família é um “organização que aprende” ?”
Caros, boa noite.
A família foi e continuará sendo a base da nossa sociedade, pelos menos se quisermos ter um sociedade centrada em valores altruístas .
Ao lê este material , sobre organizacao que aprende , me fez pensar como estamos estamos carentes de líderes que aprende e que ensina , em todo campo da sociedade . A família , já estar sofrendo , quisera Deus que aprenda e volte a ter a importância que sempre teve,. Mas há a política, as empresas públicas e precisarás que precisam aprender e por em práticas governanças corporativas mais sólidas e alinhadas as nossas realidades.
Parabéns Herbert , por ser um líder que aprende e ensina , você é um oásis neste mundo de líderes que vivemos.
Abraços a todos.
Marcos Rogério .