Subsidiária da Eletrobras obtém primeira certificação de hidrogênio renovável do País

Empreendimento de Furnas, em Itumbiara (GO), foi inaugurado em dezembro de 2021 e já produziu 3 toneladas de hidrogênio verde
Planta de hidrogênio verde (H₂V) em Itumbiara (MG/GO)

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Inaugurado em dezembro de 2021, em Itumbiara (GO), o empreendimento de Furnas Centrais Elétricas, subsidiária integral da Eletrobras, obteve na terça-feira (7) o primeiro Certificado de Hidrogênio de Fonte Renovável da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) do país. O hidrogênio verde é conhecido como ‘’combustível do futuro’’ e o Brasil pretende ser o líder mundial em sua produção e aplicação.

A implantação do projeto da planta piloto de hidrogênio renovável em Itumbiara se iniciou em maio de 2018, com inauguração em dezembro de 2021. Atualmente já foram produzidas 3 toneladas de H₂V.

A certificação da CCEE lançada em dezembro de 2022 é a primeira certificação brasileira de hidrogênio renovável, sendo uma ferramenta de caráter comprobatório que o hidrogênio foi produzido a partir de fontes renováveis de energia, diz a Eletrobras.

A certificação comprova que hidrogênio foi produzido a partir de fontes renováveis de energia, diz a Eletrobras. “Como líder em geração e transmissão de energia elétrica no País, e em linha com sua estratégia de descarbonização, a Eletrobras segue contribuindo para que a matriz energética brasileira seja uma das mais limpas e renováveis do mundo e reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, a inovação e a excelência”, disse a companhia em nota.

A planta faz parte do Projeto P&D ANEEL “Desenvolvimento de Sinergia entre as Fontes Hidrelétrica e Solar com Armazenamento de Energias Sazonais e Intermitentes em Sistemas a Hidrogênio e Eletroquímico”.

Vantagens competitivas do Brasil

O Brasil possui uma grande capacidade de produção de hidrogênio sustentável, tanto para consumo interno quanto para exportação. Sua vantagem competitiva nesse setor posiciona o país estrategicamente diante dos demais países.

Desde 2021, foram anunciados 131 novos projetos de larga escala em hidrogênio, com investimentos previstos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030. O Brasil tem o potencial de atrair ainda mais investimentos nessa área, proporcionando ganhos econômicos significativos, geração de empregos e renda, além de impulsionar a economia de regiões próximas. A produção de hidrogênio sustentável apresenta-se como uma oportunidade estratégica para o país.

Estudo realizado pela CNI, Hidrogênio Sustentável – perspectivas e potencial para a indústria brasileira, mostra que a consolidação do Brasil como produtor de hidrogênio tem o potencial de gerar empregos, atrair novas tecnologias e investimentos, e desenvolver modelos de negócios. Isso pode colocar o país numa posição de destaque na cadeia global de valor, podendo alterar positivamente a balança comercial do país.

O hidrogênio verde surge como uma promissora solução energética para o futuro, oferecendo ao Brasil a chance de se descarbonizar e cumprir compromissos climáticos. Com recursos abundantes de energia solar e eólica, o país possui capacidade competitiva para participar do mercado, tanto doméstico quanto de exportação.

Políticas e Infraestrutura Cruciais

Para se destacar como um player significativo no setor, é fundamental que entidades públicas e privadas priorizem políticas que incentivem a descarbonização da produção e da economia brasileira. Um arcabouço regulatório sólido, que ofereça segurança jurídica aos investimentos em tecnologias limpas para a transição energética, é essencial. Além disso, investimentos na infraestrutura de transporte e armazenamento do hidrogênio verde são fundamentais para garantir a segurança na manipulação desse combustível.

Em audiência pública, subcomissão discute logística e transporte do hidrogênio verde

Arcabouço regulatório

No Congresso Nacional, foi criado a Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara dos Deputados, que adiou a votação, que seria na terça-feira (7), o relatório preliminar que trata do anteprojeto do Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono.

O relator, deputado Bacelar (PV-BA), já entregou a última versão, informou o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente do colegiado. “O governo revisou o seu cronograma, e poderemos ter uma boa convergência”, avaliou.

O hidrogênio verde (ou sustentável) é um gás obtido pela quebra de moléculas de água a partir de corrente elétrica gerada por fonte renovável — como hídrica ou solar. Tem várias aplicações como matéria-prima e na geração de energia.

Urgência

Debatedores reunidos na semana passada na Subcomissão Especial de Hidrogênio Verde e Concessões de Distribuição cobraram urgência na definição do marco regulatório para as cadeias produtiva e logística do hidrogênio verde.

“O Brasil é tido como ‘a Arábia Saudita das energias renováveis’, e precisamos aproveitar essa nossa aptidão”, disse o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), João Azeredo, durante o debate da matéria.

Player global

Para se tornar, efetivamente, um player globar do setor, várias iniciativas estão em curso. O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), localizado no Ceará, por exemplo, já iniciou projetos para se tornar um dos principais produtores e exportadores de hidrogênio verde, disputando os mercados europeu e asiático a partir de 2024.

“Com uma logística adequada, conseguiremos entregar esse hidrogênio verde nos portos de Roterdã, na Holanda, ou de Tóquio, no Japão, com o custo mais barato do mundo”, assegurou o diretor-presidente do CIPP, Hugo Figueirêdo.

“Uma visão regulatória será necessária, mas a indústria tem as condições para enfrentar os desafios”, afirmou o gerente-executivo de Energia Renovável da Petrobras, Daniel Pedroso. A estatal produz hidrogênio a partir do gás natural.

Mercados

A reunião da última quarta-feira foi proposta pelo deputado Leônidas Cristino (PDT-CE), integrante da comissão especial e um dos dois relatores da subcomissão do hidrogênio verde, que está vinculada à Comissão de Minas e Energia da Câmara. Também são membros da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara dos Deputados, os deputados Raimundo Santos (PSD-PA) e Joaquim Passarinho (PL-PA), ambos titulares.

“Temos que usar o hidrogênio verde como fonte de energia no Brasil, para que os produtos brasileiros sejam verdes e competitivos internacionalmente, isso vai ser fundamental no mercado brevemente”, comentou Leônidas Cristino.

Os deputados paraenses não foram encontrados pela reportagem para comentarem o assunto.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.