Pela primeira vez, um município paraense que não é a capital – nem minerador, nem produtor de energia, nem grande agropecuarista – chegou ao grupo dos 15 que mais geram postos de trabalho com carteira assinada no país. E tudo isso em meio a um cenário econômico catastrófico decorrente da pandemia do novo coronavírus.
A estrela do momento é Pacajá, um lugar rural remoto de 48 mil habitantes, encravado no coração da Transamazônica e acostumado a viver de especulação de terra e gado, com ficha corrida reconhecida por ser uma famosa “terra de pistoleiro”. O município, que ao longo dos anos vem mudando essa alcunha e sua sina, aparece agora no balanço do Ministério da Economia como o 14º lugar do país onde é possível encontrar emprego.
Os dados foram anunciados na tarde de ontem (29), por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referente a maio, quando o município criou 392 oportunidades com carteira assinada, um saldo melhor, por exemplo, que o de 26 das 27 capitais brasileiras.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que observou que o setor de serviços que atende à construção civil pública é o grande responsável pela guinada do município de qualidade de vida baixa, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Prefeitura é vetor de desenvolvimento
O governo local disparou obras nos quatro cantos sob a batuta do prefeito Chico Tozetti, que comanda uma receita que rompeu de forma inédita a cifra de R$ 100 milhões no ano passado. O Blog foi a Pacajá entender qual o segredo do município que, em meio à pandemia, conseguiu desbancar Belém, Parauapebas e Marabá, as maiores locomotivas econômicas do estado e que fecharam maio no vermelho.
O xis da questão está na contratação de obras pela prefeitura local. Centro de convivência para pessoa idosa, praça com quadra poliesportiva, pontes nas áreas urbana e rural, terminal rodoviário municipal, praça de alimentação, quadra coberta, construção de escola pública, construção de posto de saúde na zona rural e 20 quilômetros de asfalto (garantidos por parte do Governo do Estado) fazem de Pacajá, hoje, o maior canteiro de obras públicas do trecho da BR-230 entre Marabá e Altamira.
E tem mais: Pacajá vai ganhar até núcleo avançado da Universidade Federal do Pará (UFPA), que no futuro deve ser desmembrada para conformação da Universidade Federal do Xingu, com sede de Altamira. Quando isso ocorrer, o núcleo avançado deve tornar-se campus para atender municípios vizinhos, como Anapu e Novo Repartimento.
No acumulado deste ano, Pacajá soma 427 novos empregos formais, posicionando-o na 75ª colocação nacional. Nesse ranking, o município só perde para Parauapebas, que de janeiro a maio abriu 1.122 oportunidades, mas desde março vem registrando sucessivas quedas mensais na geração de emprego.
Em maio, quase todo o Brasil foi à lona em termos de geração de empregos, com a perda de praticamente 332 mil postos. No Pará, a baixa foi de 2.557 oportunidades, com 36 municípios fechando no azul, 90 no vermelho e 18 com saldo zerado entre demissões e contratações.
Municípios paraenses que mais abriram postos de trabalho em maio
- 1º Pacajá: 392
- Tailândia: 121
- Ulianópolis: 72
- Santana do Araguaia: 59
- Canaã dos Carajás: 56
- Oriximiná: 51
- Abaetetuba: 45
- Redenção: 38
- Água Azul do Norte: 37
- Tomé-Açu: 37
- São Geraldo do Araguaia: 34
- Novo Progresso: 33
Municípios paraenses que mais fecharam postos de trabalho em maio
- São Miguel do Guamá: -53
- Parauapebas: -69
- Benevides: -86
- Dom Eliseu: -95
- Barcarena: -105
- Tucuruí: -114
- Castanhal: -121
- Marabá: -142
- Santarém: -246
- Ananindeua: -304
- Altamira: -328
- 144º Belém: -1.197
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