Brasília – O Tribunal de Contas da União (TCU) formou um grupo de trabalho para garantir que o leilão de frequências do 5G ocorra no primeiro semestre de 2021. A Corte de contas aguarda a aprovação da proposta do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para acelerar o processo de análise do edital para a venda das frequências da rede de nova geração. A iniciativa é considerada estratégica pela área econômica e demais setores produtivos para abrir oportunidades em vários setores na retomada da economia após o tombo devido a pandemia do novo coronavírus em 2020.
O ministro Bruno Dantas, disse que o TCU pretende analisar o edital do 5G em 60 dias, sendo que o prazo máximo legal é de até 150 dias.
A expectativa é que conselheiro Carlos Baigorri, relator do 5G na Anatel, apresente o edital ainda neste mês de janeiro o que aceleraria o trâmite do processo no órgão de contas.
Durante evento online, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, anunciou que pretende viajar com Dantas para Finlândia e Suécia com o objetivo de visitar empresas que desenvolvem a tecnologia 5G. A China não foi citada no roteiro.
Além do 5G, o ministro das Comunicações afirmou que a privatização dos Correios é uma das suas prioridades para 2021.
5G sem atrasos
O Brasil já está atrasado na implantação da tecnologia 5G, cuja plataforma pode turbinar a aceleração do processo de ganho de competitividade tecnológica, trazendo desenvolvimento econômico para o país nos próximos anos. Em outubro, o Movimento Brasil Digital (MBD) divulgou um estudo que encomendamos à IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, aponta para investimentos de US$ 24 bilhões até 2024 em negócios B2B. Mais do que em cifras, esse número também pode ser lido como a geração de mais de 200 mil empregos diretos.
Mas para que essas previsões se concretizem, é muito importante que 2021 seja um ano em que os esforços sejam otimizados em prol do cumprimento da agenda da implantação do 5G. Do lado do poder público, é fundamental que o leilão de frequências aconteça ainda no primeiro semestre de 2021, sem atrasos. O Movimento Brasil Digital defende que o Governo Federal discuta todos os assuntos relativos à realização do certame no âmbito do Ministério das Telecomunicações, priorizando o modelo de metas de acesso e investimentos, em detrimento do leilão arrecadatório.
O estudo do IDC aponta que o 5G trará o desenvolvimento do mercado de novas tecnologias no Brasil, entre elas destacam-se IoT (internet das coisas), Public Cloud Services, Big Data & Analytics e Security, especialmente a partir de 2022, com taxa de crescimento anual composta (CAGR) deverá ser de 179% no período. Por isso urge a realização do leilão de frequências. Essas novas tecnologias trarão avanços para diversos setores inseridos dentro do conceito de indústria 4.0, dentre os quais algumas das principais forças motrizes do Produto Interno Bruto (PIB), como agribusiness, energia, mineração, indústria automotiva e até em saúde ou mesmo no poder público.
Digitalização humanizada
Parte desse desafio pertence às empresas. A digitalização acelerada deve ganhar contornos ainda mais ágeis e sofisticados com a chegada da rede 5G. Com isso, qualificar e requalificar profissionais será um imperativo para todas as empresas. Muitas companhias de tecnologias já fazem forte uso dessa prática, mas a recomendação geral é para que empresas de todos os setores da economia se atentem para essa questão. Além do autobenefício de contar com pessoas prontas para os desafios, trata-se de uma ação de responsabilidade com cada colaborador impactado pelo processo de digitalização.
Mas o poder público tem sua responsabilidade. Cabe ao governo federal e aos governos estaduais o investimento em cursos técnicos e tecnólogos de base tecnológica, além de frentes como meio ambiente, inovação e criatividade, que, juntos com tecnologia, compõem o leque de oportunidades para o futuro.
Para ajudar nessa missão, o MBD lançou recentemente o programa Eu Capacito, uma plataforma de cursos gratuitos, com a ambiciosa meta de capacitar 1 milhão de pessoas em habilidades digitais. “É a nossa parcela de contribuição para tentar pôr fim a um triste contrassenso. Em um país com 14 milhões de desempregados, é um contrassenso pensar que com uma demanda anual de 70 mil vagas em TI, 25 mil não são preenchidas por falta de qualificação, ou seja, uma em cada três vagas”, afirma o MBD, baseado em dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom). Isso tem que acabar. E 2021 está aí para o Brasil mostrar que finalmente recuperou o tempo perdido e pode virar esse jogo.
Val-André Mutran – É correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.