Com o avanço da era digital, o aparelho celular surgiu trazendo consigo a praticidade. Basta um simples toque e o usuário tem acesso à tecnologia bem ali, na palma da mão e você pode falar com o mundo todo. Com o passar dos anos, isso fez com que os telefones públicos, mais conhecidos como orelhões por causa da concha que os protege e que já foram até cartões postais, devido às formas, tamanhos e cores atraentes, caíssem no esquecimento.
Eles já foram uma febre em todas a cidades do País, fosse nas principais esquinas ou na frente da taberna do seu Manoel, lá estavam eles, corpo fino, cabeça robusta, fixados ao chão, caladinhos, sempre na deles, só aguardando a primeiro usuário do dia, primeiramente com suas fichas de metal, depois com os cartões de recarga, que viraram alvo de colecionadores.
Os orelhões públicos já foram de uma utilidade incomensurável. Teve gente que, por meio deles, marcou encontro enquanto tentava se esquivar do sol e transmitiu ou recebeu aquela notícia boa ou ruim, entre outras. Lembra aquele vizinho que saía correndo depois de atender a uma chamada, gritando para avisar a outro vizinho que o parente lá dos cafundós ligaria mais tarde?
O orelhão já até serviu para diminuir a saudade. Falar o que se sentia nunca foi tão romântico, ainda que estivesse desconfortavelmente encostado de pé em uma parede enquanto torcia-se com dedos cruzados para que as míseras unidades de crédito, que mais pareciam evaporar-se quando o papo estava bom, não chegassem ao fim.
Agora, a pergunta que não quer calar: Há quanto tempo você não usa o telefone público? Aos 54 anos, Aeston Gomes Carneiro lembra que, a última vez em que fez uso do equipamento foi há exatos 22 anos. “Foi assim que eu deixei o Maranhão e me mudei para o Estado do Pará, no ano de 1996. Nessa época a gente usava muito o orelhão, qualquer coisa, corria pra ele”, disse o empresário.
“A ultima vez que eu usei um orelhão foi há 20 anos, depois que comprei meu celular eu nunca mais eu usei um”, contou Eliene Oliveira, dona de casa.
“Eu já até usei o orelhão algumas vezes na minha vida, mas já tem mais de 15 anos que eu não utilizo um. Esses dias eu passei na rua e vi uma mulher usando, confesso que até achei estranho. Hoje em dia já não é tão comum”, destacou Kerllyson Carneiro, 26.
Atualmente, sem receber qualquer manutenção, os equipamentos mais parecem ferro-velho, espalhados e abandonados pelas esquinas. Lançados no Brasil em 1972, os orelhões tornaram-se alvo constante de vandalismo, passaram a ser brinquedo nas mãos da criançada.
Difícil é encontrar algum telefone público que não esteja sucateado ou que ainda funcione. “Hoje em dia é até difícil ver alguém usando, a maioria dos aparelhos já não presta mais, a gente demora pra encontrar algum que ainda esteja inteiro e, quando, finalmente encontra, ele já não funciona mais, principalmente os da Zona Rural”, concluiu Aeston.