Testes para detectar coronavírus aumentam no estado, chegando a 939 mil testados até outubro

Pesquisa também revela que estado tem o menor índice de trabalho remoto e foi o segundo mais beneficiado pelo auxílio emergencial

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Em outubro, 421 mil pessoas apresentaram algum sintoma de síndromes gripais. O número manteve-se estável frente ao mês anterior, em que 394 mil tiveram sintomas. Entre os que tiveram algum sintoma, 32% procuraram atendimento médico – na comparação com setembro, em que 22% buscaram atendimento, houve um aumento de 10.0 pontos percentuais na procura. Na população, 86,4% das pessoas não têm plano de saúde.

É possível observar também aumento progressivo no número de pessoas que fizeram algum teste para detectar a presença do coronavírus, chegando a 939 mil (ou 10,8% da população) o número de testados até outubro. A maioria (576 mil) fez o exame de sangue com furo no dedo. Entre os que testaram, 295 mil tiveram resultado positivo, 33 mil a mais que no mês anterior (setembro). Desses, 74% pertenciam ao grupo de cor ou raça preta ou parda. A faixa etária que mais testou tinha entre 30 e 59 anos, sendo responsáveis por 57,3% dos testes. Os dados são do penúltimo boletim mensal da PNAD Covid 19, pesquisa que monitorou os efeitos do Coronavírus na saúde, no trabalho e na vida da população. Os resultados referem-se ao mês de outubro e são divulgados hoje (1) pelo IBGE.

Paralelamente foram diagnosticados com alguma comorbidade 1,3 milhão de residentes no Pará, o que corresponde a 15,4% da população. As mais comuns foram hipertensão (740 mil), doenças respiratórias (365 mil) e diabetes (302 mil). No total de pessoas com alguma comorbidade, 6% testaram positivo para a Covid 19.

Trabalho

Desde maio a taxa de desocupação no Pará cresce em média 1.0 ponto percentual a cada mês, marcando 10,8% em maio, alcançando 14,4% em setembro e chegando a 15,3% em outubro, com 550 mil desocupados. Já a quantidade de pessoas ocupadas ficou estável em 3 milhões.

O trabalho informal também é uma realidade muito presente no estado, que tem a segunda maior taxa de informalidade do Brasil (52,5%), ficando abaixo apenas do Amazonas (52,7%) e com aproximadamente 1,6 milhão de pessoas nessa condição.

Depois de duas quedas sucessivas, a quantidade de pessoas não ocupadas que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade, mas que gostariam de trabalhar também ficou estável frente ao mês anterior: 706 mil (ou 23% da população fora da força de trabalho). Em maio o número chegou a 941 mil.

Já o número de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao distanciamento social diminui gradativamente, chegando ao menor número no mês de outubro: 93 mil, o que corresponde a 3,1% da população ocupada. Em setembro o número era de 113 mil e em maio 852 mil.

Entre as pessoas ocupadas e não afastadas do trabalho, 93 mil trabalhavam de forma remota, o que equivale a 3,3% da população ocupada. Durante toda a pesquisa o Pará foi o estado com o menor percentual de trabalhadores remotos, perdendo apenas para o Mato Grosso no mês de maio, mas voltando a assumir a liderança no mês seguinte e em todos os sucessores. A média brasileira é de 9,6% da população ocupada em trabalho remoto, 6.3 pontos percentuais a mais do que o observado no Pará. A estrutura produtiva do estado estar baseada em atividades extrativas e agrícolas e em serviços que exigem baixa qualificação e escolaridade são fatores que colaboram para os baixos índices de trabalho remoto no Pará.

No total de pessoas ocupadas, constatou-se que 6,4% estavam afastadas do trabalho. Entre as afastadas, 34,5% deixaram de receber remuneração. Em maio, pico da pandemia, chegou a 549 mil o número de pessoas que ficaram sem remuneração, já em outubro esse número foi de 67 mil.

Percebe-se também que o número de horas trabalhadas aumentou: enquanto em maio a média de horas efetivamente trabalhadas ficou em 23 horas, em outubro passou para 34 horas, aproximando-se da quantidade de horas normalmente trabalhadas antes da pandemia (38 horas).

O impacto sofrido pelo mercado de trabalho com o advento da pandemia refletiu no bolso dos trabalhadores: desde maio a pesquisa registra redução na remuneração de parte da população ocupada. Em maio chegou a 38% o percentual de pessoas que receberam menos do que recebiam normalmente. Em outubro, 24% das pessoas ocupadas continuam recebendo menos do que o habitual. Estima-se em 698 mil o número de trabalhadores que em outubro ainda sofrem prejuízo na renda.

Ainda que parcela dos trabalhadores continuem com a renda comprometida pela pandemia, nota-se, em contrapartida, que diminuiu a diferença entre aquilo que o trabalhador normalmente recebia e o que passou a receber durante a pandemia: em maio ficou em R$ 1.122,00 o efetivamente recebido pelos trabalhadores, já em outubro a quantia foi de R$1.652,00, valor próximo do que era normalmente recebido antes da pandemia (R$ 1.744,00). Ou seja, em maio o trabalhador teve uma redução de R$ 622,00 na sua remuneração normal, e em outubro a redução foi de R$ 92,00, o que indica gradativa volta ao patamar da normalidade.

O percentual de domicílios recebendo auxílio emergência no Pará fechou o mês em 62,2%. O estado foi o segundo mais beneficiado do Brasil, com aproximadamente 1,4 milhão de domicílios favorecidos. O rendimento médio recebido foi R$ 646,00. Entre os que receberam, a maioria tinha o nível de escolaridade sem instrução ao fundamental incompleto (41,4%), seguido do médio completo ao superior incompleto (32%). O grupo que menos recebeu foi o com superior completo ou pós-graduação (6,5%)

Assuntos relacionados (aulas, medidas de restrição e empréstimo)

Em todos os meses houve aumento na quantidade de estudantes com atividades disponibilizadas on-line, subindo para 1,4 milhão o número de alunos que estudaram remotamente em outubro. A maioria (998 mil) pertencia ao ensino fundamental, seguido do ensino médio (258 mil) e acompanhado pelo nível superior (230 mil). Entre o total de pessoas que frequentam escola, 61,8% tiveram atividades disponibilizadas on-line, maior percentual já registrado pela pesquisa.

Em outubro a flexibilização das medidas de isolamento social continuou crescendo: subiu para 1 milhão o número de pessoas que não fizeram restrições no contato social, o que equivale a 12% da população. Outras 4 milhões (ou 47%) reduziram contato, mas continuaram saindo de casa e/ou recebendo visitas, ao passo que 2,7 milhões (ou 32%) ficaram em casa e só saíram por necessidades básicas. Já o grupo que ficou rigorosamente isolado diminuiu, ficando em aproximadamente 756 mil pessoas (ou 9% da população); em comparação com o mês anterior, a redução foi de 446 mil pessoas.

Ainda no mês de referência, 252 mil domicílios solicitaram empréstimo como forma de complementar a renda. Desses, 214 mil conseguiram. Em comparação com o mês anterior, 36 mil novos domicílios precisaram do empréstimo, o que equivale a 10% dos domicílios do Pará recorrendo ao auxílio.