Por Val-André Mutran – de Brasília
O deputado federal Cássio Andrade (PSB-PA) está preocupado com a situação em que se encontram as instalações de um dos símbolos culturais do Pará: o centenário Theatro da Paz. Desta forma, o parlamentar apresentou um requerimento (REQ 41/2019) que foi aprovado à unanimidade na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA), da Câmara dos Deputados, pelos membros do colegiado, na reunião deliberativa de quarta-feira (8). O documento solicita a visita técnica de membros da CINDRA para avaliar in loco a situação do prédio histórico, na cidade de Belém do Pará, em data a ser marcada.
O Theatro da Paz é uma das heranças do áureo Ciclo da Borracha na Amazônia, quando Belém foi considerada “a capital da borracha” e a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia, inaugurada em 15 de fevereiro de 1878. O prédio foi construído com materiais importados da Europa: arcos das portas confeccionados em ferro fundido inglês, escadaria em mármore italiano, os lustres são franceses e o piso é de pedras portuguesas, além de apresentar acústica perfeita e elementos decorativos revestidos com folhas de ouro. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1963.
Em 2010, parte do forro do hall de entrada do Theatro da Paz desabou. “Em vista da importância dessa visita para conhecermos a situação real das instalações [parte elétrica, estrutural, saneamento e etc.] do Theatro da Paz, faremos essa vistoria em companhia de técnicos do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil,” justificou Andrade.
Conjunto arquitetônico histórico está a cada dia mais deteriorado
Não é só o Theatro da Paz que padece pela falta de manutenção. A má conservação compromete boa parte de um dos mais bonitos e raros conjuntos arquitetônicos históricos da América Latina, em Belém do Pará, a capital do estado.
Há menos de três meses, um pedaço de forro de estuque desabou no Museu do Estado do Pará, no Palácio Lauro Sodré. O prédio do século XVIII faz parte do conjunto histórico e arquitetônico de Belém. Com a queda do forro, uma mesa histórica de madeira que tinha mármore em formato de brasão também foi destruída. Pelo que foi apurado, não foi a primeira vez que houve desabamento nesse museu. O IPHAN apontou que existem infiltrações em alguns pontos e que o restante do forro do salão estava escorado por peças de madeira, sem a recuperação necessária.
Além das questões narradas acima, o estado do Pará possui outros tombamentos que precisam de um olhar mais apurado para evitar que quaisquer tipos de desastres possam acontecer, desde desabamento a incêndios. “É nosso dever zelar por nossos patrimônios para evitar danos e tragédias, como ocorreu no Museu Nacional, no Rio de Janeiro,” disse o deputado.
“Visando o debate construtivo sobre o tema e estabelecimento de políticas públicas concretas que possam contribuir para melhorar a situação de nossos patrimônios, pedimos o apoio de nossos pares para a aprovação deste requerimento,” solicitou Cássio Andrade.
O requerimento foi apresentado e aprovado por unanimidade.