Este fim de semana vai definir quais judocas representarão o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. A Seleção Brasileira buscará na Inglaterra, a classificação do maior número de atletas possíveis ao longo de dois dias de batalhas no IBSA Grand Prix de Warwick, o último qualificatório da modalidade. Thiego Marques está entre os atletas convocados, filho da cidade de Parauapebas e ex-judoca da escolinha de modalidades da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel), onde iniciou a carreira sendo aluno do antigo projeto Judô Solidário, agora está vivendo um dos maiores sonhos da sua trajetória como atleta profissional da Seleção Brasileira Paralímpica de Judô.
O primeiro desafio aconteceu no mês passado, na cidade de Baku no Azerbaijão, ao competir pela categoria até 60 kg, dentro da classificação visual B3, ganhou a primeira luta contra o coreano Kim Hyeonbin, porém perdeu para o romeno Alexandru Bologa na segunda disputa , com o judoca indo para a repescagem, onde encarou novamente dois atletas. Na primeira venceu o espanhol Borja Pahissa, porém na segunda luta perdeu para o Ishak Ouldkouide, o que rendeu a ele a 7ª posição no ranking classificatório dessa competição. Se tivesse vencido as duas repescagens, teria a chance de competir pelo bronze, mas como perdeu a segunda luta, ficoufora da briga pelo pódio, agora segue para seu próximo desafio na Inglaterra pelo 9º lugar no ranking mundial.
Os dois GP são independentes, porém juntos somam pontos para que os atletas subam em suas pontuações de classificação, no caso das paralimpíadas é levado em consideração duas formas de posicionamentos; a primeira é o grau de deficiência visual onde o atleta que possui cegueira total entra para o grupo B1, e leva algumas vantagens em relação aos demais competidores, ou seja, chega com uma “certa” preferência pelo um número de vagas já determinadas, as demais vagas são destinadas aos outros competidores (B2 e B3) de acordo com o nível de deficiência e a posição deles no ranking mundial.O peso de Thiego concede três vagas aos atletas B1. As sete restantes são aos mais bem ranqueados – descartando o Japão, país-sede.
As lutas acontecem neste sábado (19), às 10h, horário local das lutas, e às 6h, pelo horário de Brasília e seis brasileiros nos tatames: Giulia Pereira (até 48 kg), Maria Núbea Lins e Karla Cardoso (até 52 kg), Lúcia Araújo (até 57 kg), Thiego Marques (até 60 kg) e Luan Pimentel (até 73 kg). As finais começam, às 16h30, local (12h30 de Brasília). Haverá transmissão ao vivo pelo canal da IBSA (sigla em inglês para Federação Internacional de Esportes para Cegos) no YouTube Clique aqui no link disponível
A Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) repassou a tabela onde explica categoria por categoria a situação de cada um dos 13 judocas brasileiros:
Pontuação que estará em jogo no Grand Prix da Inglaterra:
Campeão: 210 pontos
Vice: 150
Terceiro: 120
Quarto: 90
Quinto: 60
Sétimo: 30
(Observação: Se algum judoca ficar entre os sete classificados sem ganhar nenhuma luta, ganha metade da pontuação).
Além disso, cada luta rende pontos extras ao vencedor de acordo com as classificações visuais:
B1 ganha de B3: 50 pontos
B1 ganha de B2: 40
B1 ganha de B1: 30
B2 ganha de B3: 40 pontos
B2 ganha de B2: 30
B2 ganha de B1: 20
B3 ganha de B3: 30 pontos
B3 ganha de B2: 20
B3 ganha de B1: 10
Para melhor entendimento vamos ilustrar com um exemplo fictício de um judoca B3 que seja campeão derrotando um oponente B2, um B3 e outro B2. Neste caso, ele ganha 210 pontos pelo título + 20 pela vitória sobre o rival B2 + 30 pela vitória sobre o rival B3 + 20 pela vitória sobre o outro rival B2, totalizando 280 pontos que serão computados no ranking mundial.
Confira agora, peso por peso, a situação de cada atleta brasileiro:
ATLETAS FEMININAS
A categoria pesada do feminino prevê uma vaga para B1 e cinco às mais bem qualificadas. Cada país só poder classificar um atleta por peso, mas o regulamento do judô prevê exceções e a IBSA ainda convida uma atleta por peso, o que não descartaria a ida das duas brasileiras a Tóquio, pois ambas teriam pontuação suficiente para isso.
Categoria: Até 48 kg
Representante: Giulia Pereira
Classificação visual: B1
Posição no ranking: 15ª
Situação: o peso de Giulia concede duas vagas às atletas B1. O foco dela, então, está na russa Viktoria Potapova, hoje quem levaria a segunda vaga B1 para os Jogos. A diferença de pontos entre as duas está em 199 (305 a 106).
Categoria: Até 52 kg
Representantes: Karla Cardoso e Maria Núbea Lins
Classificação visual: B3 (Karla) e B2 (Núbea)
Posição no ranking: 13ª e 20ª
Situação: também são duas vagas a quem é B1 e seis pelo ranqueamento. Hoje, a sexta e última vaga via ranking está nas mãos de Basti Safarova, atleta do Azerbaijão, que soma 510 pontos. Karla tem 182 e Núbea, 82.
Categoria: Até 57 kg
Representante: Lúcia Araújo
Classificação visual: B3
Posição no ranking: 4ª
Situação: duas vagas para B1 e seis vias ranking. A campanha no GP anterior, em Baku, quando faturou o bronze, levou a brasileira a uma confortável quarta colocação no ranking, com 740 pontos, distante de quem poderia impedi-la de ir ao Japão.
Categoria: Até 70 kg
Representante: Alana Maldonado
Classificação visual: B2
Posição no ranking: 1ª
Situação: uma das favoritas pela categoria feminina, o peso de Alana permite duas vagas para B1 e seis – via ranking. Com 1.520 pontos no topo da lista.
Categoria: Mais de 70 kg
Representantes: Meg Emmerich e Rebeca Silva
Classificação visual: B3 (ambas)
Posição no ranking: 3ª e 4ª
Situação: No GP de Baku eliminou a conterrânea na semifinal antes de garantir o seu ouro – Rebeca ficou com o bronze. A distância entre elas é de 290 pontos.
ATLETAS MASCULINOS
Categoria: Até 60 kg
Representante: Thiego Marques
Classificação visual: B3
Posição no ranking: 9º lugar ranking mundial
Situação: o peso de Thiego concede três vagas aos atletas B1. As sete restantes são aos mais bem ranqueados – descartando o Japão, país-sede. O brasileiro é o nono, com 363 pontos, mas, como há dois atletas do Cazaquistão à sua frente, ele ganha automaticamente uma posição na luta pela vaga. O foco, portanto, fica no mongol Yadamdorj Sukhbaatar, que soma 420 e seria hoje o último classificado da lista via ranking, ou seja, ele precisa tirar 57 pontos de diferença para seu oponente e ainda ficar ligado em que vem atrás. O turco Recep Ciftci soma 362 pontos, e Zurab Zurabiani, da Geórgia, 360. Deverá ser a categoria mais disputada do qualificatório.
Categoria: Até 73 kg
Representante: Luan Pimentel
Classificação visual: B3
Posição no ranking: 12º
Situação: O brasileiro é o 12º, com 322 pontos, mas há dois lutadores da Geórgia e dois da Rússia à sua frente, o que o leva para o décimo posto na briga.
Categoria: Até 81 kg
Representante: Harlley Arruda
Classificação visual: B1
Posição no ranking: 10º
Situação: O brasileiro é o 10º do mundo, com 277 pontos, sendo o terceiro B1. Porém, um dos oponentes à sua frente é japonês, que entra como representante do país-sede e abre uma lacuna para Harlley entrar como o segundo B1 mais bem qualificado.
Categoria: Até 90 kg
Representante: Arthur Silva
Classificação visual: B1
Posição no ranking: 6º
Situação: O brasileiro é o segundo B1 mais bem colocado, com 632 pontos. O quarto B1, que é o argelino Abderrahmane Chetouane, é somente o 22º do mundo, com 52 pontos.
Categoria: Até 100 kg
Representante: Antônio Tenório
Classificação visual: B1
Posição no ranking: 3º
Situação: o peso do melhor judoca paralímpico de todos os tempos prevê duas vagas aos B1 e seis pelo ranking mundial. Tenório é o primeiro B1 da lista, muito à frente de quem poderia ameaçar sua ida ao Japão.
Categoria: Mais de 100 kg
Representante: Wilians Araújo
Classificação visual: B1
Posição no ranking: 7º
Situação: entre os pesos-pesados do judô, há duas vagas para B1 e seis vias de classificação pelo ranking. O brasileiro é o segundo B1 da lista, com 530 pontos, contra 283 do chinês Song Wang, o terceiro B1 do ranking.
Texto e informações Cleidi Rodrigues e Renan Cacioli (Comunicação CBDV) / Foto: Divulgação