No último dia 10 de abril, o prefeito de Marabá, Tião Miranda, confirmou o que já se especulava na cidade: gravou um vídeo anunciando que seu pré-candidato para a prefeitura seria o então secretário de Obras, Fábio Moreira. 

Não houve anúncio de desistência do nome do vice-prefeito, Luciano Dias; apenas uma conversa informal entre eles na véspera da data limite para mudança de partido, dia 5. Miranda queria que Dias se filiasse ao seu PSD, mas o vice não concordava e acabou se filiando ao PDT do vereador Miguel Gomes Filho, o popular Miguelito, também da base de apoio do prefeito. 

Por mais de um ano, Tião Miranda vinha falando em eventos de inauguração que seu pré-candidato à sucessão seria Luciano Dias, um aliado de longa data e que já tinha ocupado os cargos de secretário de Educação e de Saúde. Ambas pastas que comanda até hoje, com os secretários indicados por ele.

Mas apesar da estrutura de governo permitida ao vice, este não conseguiu deslanchar nas pesquisas para a sucessão do prefeito, que está encerrando o segundo mandato consecutivo. Não alcançou 15% das intenções de votos nas pesquisas internas e muito menos naquelas realizadas por outros pré-candidatos.

Embora já tivesse anunciado a Dias que ele não seria mais seu escolhido, o prefeito de Marabá curiosamente só apareceu ao lado de Fábio Moreira no dia 11, após o governador do Pará, Helder Barbalho, aparecer em um vídeo ao lado do deputado estadual Chamonzinho, fazendo um anúncio indireto de que o parlamentar terá seu apoio para a prefeitura de Marabá.

Um tema sensível acabou irritando o atual prefeito. No vídeo, Helder enumerou algumas obras realizadas pelo estado em Marabá e Chamonzinho entrou na sequência, citando a ponte sobre o Rio Itacaiunas, que o governo estadual está ajudando a construir, com a injeção de R$ 50 milhões dos R$ 110 milhões previstos.

Foi quando Tião Miranda chamou para o campo da batalha política o ex-secretário de Obras, que já era apontado como plano B. No primeiro vídeo ao lado de Moreira, o atual prefeito falou firme sobre as obras que realizou, inclusive a ponte da parceria com o estado.

No grupo familiar e de alguns políticos mais chegados de Miranda, o senso comum é que Fábio Moreira alcançaria maior popularidade do que Luciano Dias e não teria a rejeição que o vice tinha (ou tem) pelo trabalho à frente das Secretarias de Educação (SEMED) e de Saúde (SMS).

Ao todo, em menos de dez dias, foram quatro vídeos já gravados ao lado de Fábio – mais do que Tião Miranda tinha feito em mais de um ano apoiando Luciano Dias. Os dois aparecem lado a lado em obras do governo atual que tiveram as digitais de Moreira. 

Outro grupo começa a fazer apostas para saber quando o prefeito vai abandonar, também, a pré-candidatura do ex-secretário de Obras. Mas ele parece determinado a fazer o sucessor pela primeira vez, após tentar por outras duas ocasiões, mas sem sucesso. 

Após o anúncio, o vice-prefeito saiu de cena e sumiu da cidade por alguns dias. Na volta, selou apoio ao deputado Chamonzinho como pré-candidato ao Executivo de Marabá. Até o início da campanha para valer, muita coisa ainda pode acontecer no cenário político local.

Foi anunciado, por exemplo, que o ex-presidente Bolsonaro visitará Marabá no dia 8 de maio, com a finalidade de fortalecer o nome do deputado estadual Toni Cunha, outro pré-candidato ao cargo de prefeito.