Os graves problemas sociais que assolam o Pará, condenando-o perpetuamente às últimas posições em rankings de pesquisas e levantamentos sobre desenvolvimento humano e progresso social, têm no frágil mercado de trabalho uma de suas tantas razões de ser. Para além da alta informalidade e do baixo índice de registro em carteira daqueles que estão empregados, o cidadão que se aventura a encontrar ocupação formal no estado se depara com a pior parte do percurso: uma remuneração média muito baixa, quase R$ 900 a menos que a média nacional. A informação foi levantada pelo Blog do Zé Dudu.
O Blog analisou microdados recém-liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e referentes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadCT) e constatou que o rendimento médio de um trabalhador no Pará é o décimo menor do país, no valor de R$ 2.386, cerca de 25% abaixo da média nacional, de R$ 3.214.
É uma diferença nominal de exatos R$ 828 a menos no bolso do trabalhador paraense, o que daria para comprar – com troco para tomar açaí – uma cesta básica no padrão definido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que, em julho, custava R$ 682 no Pará, tendo a apuração realizada em Belém como referência.
Se serve de consolo, nove estados brasileiros têm remunerações médias ainda mais baixas para seus trabalhadores. O lanterninha é um clássico vizinho do Pará, o Maranhão, onde se ganha por mês R$ 2.088. Depois dele vêm Alagoas (R$ 2.127), Ceará (R$ 2.164), Bahia (R$ 2.206), Paraíba (R$ 2.267), Pernambuco (R$ 2.279), Amazonas (R$ 2.281), Sergipe (R$ 2.293) e Piauí (R$ 2.354).
Por outro lado, no topo dos melhores salários médios para o trabalhador estão Distrito Federal (R$ 5.154), São Paulo (R$ 3.898), Rio de Janeiro (R$ 3.748), Rio Grande do Sul (R$ 3.599) e Santa Catarina (R$ 3.532). Não por acaso, os estados que oferecerem os melhores rendimentos são aqueles que detêm os mais elevados Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, uma vez que o fator renda é um dos indicadores levados em conta na conformação do prestigiado IDH.
Quantidade de desocupados
O Pará computou, até o final de junho deste ano, 312 mil trabalhadores desocupados, o menor volume para um primeiro semestre desde 2015. Apesar de ser um dado em queda, é, ainda assim, significativo, já que em termos comparativos há dentro do estado mais desempregados que a população inteira de cidades como Parauapebas e Marabá, duas das mais importantes do interior da Amazônia. O pico de desemprego no Pará foi registrado no final do primeiro semestre de 2019, quando os desocupados somavam 435 mil.
Mesmo com o desemprego em queda, o Pará é o sétimo maior bolsão de desocupados do país, atrás apenas de São Paulo (1,674 milhão), Rio de Janeiro (878 mil), Bahia (769 mil), Minas Gerais (612 mil), Pernambuco (492 mil) e Rio Grande do Sul (367 mil).
MAIORES SALÁRIOS DO BRASIL EM 2024 1º Distrito Federal R$ 5.154 2º São Paulo R$ 3.898 3º Rio de Janeiro R$ 3.748 4º Rio Grande do Sul R$ 3.599 5º Santa Catarina R$ 3.532 6º Mato Grosso R$ 3.488 7º Paraná R$ 3.457 8º Mato Grosso do Sul R$ 3.314 Média do Brasil R$ 3.214 9º Goiás R$ 3.207 10º Espírito Santo R$ 3.197 11º Rondônia R$ 3.050 12º Minas Gerais R$ 3.004 13º Amapá R$ 2.897 14º Tocantins R$ 2.739 15º Roraima R$ 2.728 16º Rio Grande do Norte R$ 2.651 17º Acre R$ 2.495 18º Pará R$ 2.386 19º Piauí R$ 2.354 20º Sergipe R$ 2.293 21º Amazonas R$ 2.281 22º Pernambuco R$ 2.279 23º Paraíba R$ 2.267 24º Bahia R$ 2.206 25º Ceará R$ 2.164 26º Alagoas R$ 2.127 27º Maranhão R$ 2.088
1 comentário em “Trabalhador do Pará ganha quase R$ 900 a menos que restante do Brasil”
Se não fosse atrasado, não seria Pará!!!