O estudo inédito “Mulheres no Mercado de Trabalho”, recém-divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que, em uma década, houve um aumento da paridade salarial entre homens e mulheres em 6,7 pontos – saindo de 72 em 2013, para 78,7, em 2023. O estudo mostra, ainda, que as mulheres ganharam espaço em funções de tomadas de decisões. A participação delas em cargos de liderança passou de 35,7%, em 2013, para 39,1%, em 2023 – aumento de cerca de 9,5% em dez anos.
Ex-aluna do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) Pará, Veridiany Silva faz parte dessa estatística. Hoje Chefe de Máquinas da Marinha Mercante, ela superou os desafios de seguir em uma área dominada por homens e, com muito estudo e trabalho, alcançou o seu sonhado cargo de liderança.
“Quando falam pra gente que não somos capazes, nós não desistimos, vamos atrás do conhecimento para que as coisas aconteçam. Eu sou prova disso: quando eu tinha 18 anos entrei no SENAI e fiz todos os cursos possíveis relacionados a motores e, a partir de então, vim galgando meu espaço. Fiz curso técnico, fiz curso superior, fiz especializações e hoje estou realizando um grande sonho que é ser Chefe de Máquinas da Marinha Mercante”, conta.
Empresas industriais têm adotado políticas afirmativas
Divulgada em março de 2023, a pesquisa “Mulheres na Indústria”, da CNI, mostrou que 6 em cada 10 empresas do setor industrial contam com programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero. A principal razão para desenvolver tais políticas é a percepção de que há desigualdade e que é necessário alcançar maior igualdade entre gêneros, citada por 33% dos executivos e executivas ouvidos, seguida da importância de dar oportunidades iguais para todos, mencionada por 28%.
A Equatorial Pará, em parceria com o SENAI, desenvolve, desde 2022, o Programa Escola de Eletricista, com abertura de turmas exclusivas para mulheres. A iniciativa, por meio da qualificação profissional, visa ampliar a representatividade feminina nas operações do setor elétrico. A eletricista Jorgiane Sousa, formada pelo programa, logo conseguiu emprego na área e atualmente compõe a equipe de operações da Dínamo Engenharia, prestadora de serviço da concessionária de energia elétrica do estado.
“Eu nunca me imaginei trabalhando nessa área porque eu nunca tinha visto uma eletricista mulher. Mas quando eu vi esse programa, fui atrás da oportunidade, me qualifiquei e hoje estou atuando e gostando muito. Inclusive estou fazendo um curso técnico em Eletrotécnica para crescer ainda mais nessa área, que é ampla. Apesar dos desafios, que são maiores para nós, mulheres, acredito que estou me saindo muito bem”, comenta a eletricista.
Há cerca de três anos eram raras as posições operacionais ocupadas por mulheres na produção de silício metálico na unidade da Dow em Breu Branco, no Pará. Mas após a estruturação de um programa de contratação de Técnicas de Operação, a unidade do Pará aumentou em 75% a representatividade de mulheres em posições de manufatura. A mudança veio depois que a empresa de ciência dos materiais assumiu como uma de suas prioridades a promoção de uma cultura de inclusão e aumento da representatividade de mulheres em suas fábricas.
“Bastou um olhar um pouco mais intencional e atento para perceber como as mulheres estão vindo bem preparadas para o mercado de trabalho. Temos muito orgulho do avanço que conseguimos fazer em representatividade de gênero. O movimento de ampliar oportunidades para mulheres nas operações nos permitiu ter uma visão diferente dos processos e trouxe ganhos valiosos em aumento de segurança das operações”, avalia Cristiane Ricco, co-líder do WIN (Women Inclusion Network) na América Latina, rede de afinidade da Dow.
O levantamento da CNI foi feito a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa analisou as respostas de 1 mil executivos – 500 de indústrias de pequeno porte e 500 de indústrias médio e grande portes do Brasil.