Por Wagner Vilaron – ESP
Única emissora a enviar proposta, a RedeTV! foi apresentada ontem, pela diretoria do Clube dos 13, como a vencedora da licitação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro em tevê aberta para o triênio 2012, 2013 e 2014. O valor oferecido foi de R$ 1,54 bilhão pelo período, o que representa R$ 516 milhões por temporada. O ágio é de 3,2%, uma vez que o lance mínimo exigido para participar da licitação era de R$ 500 milhões. O encontro foi marcado também pela frustração decorrente do fato de a Rede Record ter anunciado, minutos antes de os envelopes serem abertos, que seguiria o exemplo da Rede Globo e não enviaria oferta.
Apesar de ser anunciada como vencedora, a RedeTV! ainda não assegurou o direito de transmitir o evento de fato. O resultado é ameaçado pelo racha no C13. Oficialmente, os clubes transferiram à entidade a missão de representá-los na negociação com as emissoras. Definida a melhor oferta, o passo seguinte seria o C13 convocar uma Assembleia Geral para que todos os presidentes de clubes (ou seus representantes) assinassem o contrato de cessão do direito de arena (uma espécie de direito de imagem do clube) à vencedora da licitação. É nesse ponto que o conflito deve se estender.
Vários clubes, entre eles Corinthians, Palmeiras, Santos, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, já disseram que negociariam sem a participação do C13. Em outras palavras, essas agremiações não se julgam obrigadas a aceitar o resultado da licitação realizada pelo C13. Ciente dessa dificuldade, os executivos da RedeTV! deixaram claro que os valores apresentados só valem se a emissora puder transmitir todos os jogos. Para que isso aconteça é obrigatório que todos os dissidentes voltem atrás e aceitem o resultado definido pelo C13. Tal cenário, para muitos cartolas, é difícil de ocorrer.
No bolso. Fiel ao C13, o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, reconhece que a missão de reunir os 20 clubes é um desafio gigante. Porém, o dirigente mineiro deixou claro qual será a argumentação utilizada nesse processo de convencimento. “Trata-se de um discurso racional, baseado na receita que esse contrato proporcionará aos clubes. Além de R$ 1,5 bilhão, teremos um aporte imediato de R$ 300 milhões para os clubes”, explicou. “E olha que estamos falando apenas de direitos de transmissão em tevê aberta. Ainda temos outros quatro contratos para fechar (tevê fechada, pay-per-view, internet e celular), fora direitos internacionais. Acreditamos que o valor final possa chegar aos R$ 3 bilhões.” Kalil lamentou o fato de a Record ter desistido de encaminhar proposta no último instante. “É claro que isso nos frustrou bastante. Afinal, as conversas indicavam outro caminho”, disse. “Nessa história (sem concorrência) perdemos R$ 300 milhões”, afirmou o dirigente.