A prefeitura de Juruti, no oeste do estado, realiza entre os dias 27 e 29 de julho, no Tribódromo, a 29ª edição do Festival Folclórico das Tribos de Juruti. O evento conta com o apoio do governo do Pará, Ministério da Cultura, governo federal, Fidens, Maná Produções e Lei de Incentivo à Cultura, além do patrocínio da Equatorial Energia, Banpará e Alcoa.
O Festribal, como é conhecido, acontece desde 1995 e faz parte do calendário cultural estadual ao celebrar a cultura amazônica e a valorização da diversidade dos povos tradicionais, por meio da dança, música, artesanato e gastronomia típica.
Trata-se de uma oportunidade para enaltecer e valorizar os povos originários da região, como os indígenas, quilombolas e ribeirinhos, reconhecendo sua contribuição histórica e cultural para o Pará. Através de apresentações de danças folclóricas, contação de histórias e exposições de artesanato, o Festribal promove a visibilidade e o respeito a essas comunidades.
Atual campeã do chamado Festribal, a tribo Munduruku retrata a defesa da terra sagrada e a luta pela demarcação do território, por meio do tema “Guardiões do Território Ancestral”. Já a tribo Muirapinima busca reconquistar o título por meio da temática “Nossos pés, nossas raízes”, que aborda a sabedoria milenar passada de geração a geração, que ainda é preservada e mantida como modo de vida dos indígenas brasileiros, um ato de resistência.
Confira as sinopses dos temas, respectivamente, na íntegra:
Faz tempo que nossas vozes ecoam no silêncio omisso desse Brasil colonial. Lutar pelo direito à terra é lutar pelo direito à vida. Para nós, povos originários, Terra e vida são uma única coisa; quando nos negam o direito de tê-las, estão nos negando o direito de nascer, crescer, repousar e morrer no colo afável de nossa mãe. Se ainda existe floresta em pé, é por causa da nossa luta! Se ainda tem água para saciar a sede e fertilizar os campos, também é por nossa luta! Fomos nós que herdamos de nossos deuses e avós a sagrada missão de proteger, amar e guardar a nossa mãe terra. Neste Festribal de 2023, os Munduruku de Juruti conclamam todos os outros povos da terra a se tornarem “Povos Indígenas, guardiões do território ancestral”. “Guardiões do Território Ancestral”, da tribo Munduruku (amarelo e vermelho)
Nossa Terra chora! Nossos sábios pajés e pajeranas assistem com agonia a luta da Terra pela sua sobrevivência. Nossa conexão com ela se perde a cada árvore derrubada, a cada rio morto pelo mercúrio, a cada vida indígena derrubada ao chão e a cada estrela que cai do céu. Já não é mais tempo de espera. Venham todos, homens e mulheres, para juntos lutarmos pela nossa Mãe Terra, de onde fomos geradas, de onde fomos paridos. Que das suas entranhas tenhamos a força para a luta. Que juntos possamos empunhar a bandeira da luta e da esperança pela demarcação das terras indígenas, pois sem ela, não temos pés e nem raízes. Seus pés e suas raízes devem ser embalados pelos cantos dos pássaros, pela força das águas, pelo som que sai da terra e pelo calor do fogo. Que o nosso manifesto se torne a voz de todos os povos que sofrem pela inexistência de suas terras, pela ausência de seus direitos e por todos aqueles que lutam pela vida. “Nossos pés, nossas raízes”, da tribo Muirapinima (azul e vermelho)