A Vigilância Sanitária e a Epidemiológica de Tucuruí estão em alerta máximo nas últimas semanas com um surto de Doença de Chagas que acometeu uma família inteira da cidade, embora até agora apenas três casos estão confirmados laboratorialmente, mas com a forma aguda da doença.
Segundo a Reportagem do blog apurou junto a uma fonte no Laboratório do Instituto Evandro Chagas, em Belém, tudo começou no início de janeiro deste ano, quando a família adquiriu açaí de um ponto de venda às proximidades de sua residência.
Os sintomas só começaram a aparecer 20 dias depois. Quando a investigação minuciosa da Vigilância Epidemiológica rastreou a possível causa, membros da família lembraram-se do açaí que tomaram, onde encontraram pedaços de um animal semelhante ao barbeiro.
Dos três que apresentaram sintomas mais agudo da doença, inicialmente, foram coletadas amostras de sangue e enviadas para o Evandro Chagas. A confirmação, dias depois, deixou as autoridades preocupadas e um “batalhão de choque” da saúde começou a ser montado para descobrir a origem do açaí.
Os donos do ponto que venderam o produto para a família, quando descobriram a “zebra que deu”, fecharam tudo e se mudaram da vizinhança na calada da noite para um local que as autoridades ainda não descobriram.
Em nota que está sendo divulgada nesta quarta-feira, dia 7, a Secretaria Municipal de Saúde de Tucuruí diz o seguinte:
“A Prefeitura de Tucuruí, através da Secretaria Municipal de Saúde, informa que foram confirmados três (03) casos com a Doença de Chagas em Tucuruí pelo Laboratório Evandro Chagas. Segundo as coordenações municipais de Vigilância Sanitária e Epidemiológica, todas as pessoas infectadas são da mesma família e apresentaram a forma aguda da doença.
A principal forma de transmissão da Doença de Chagas na região Amazônica é por via oral e um dos alimentos mais envolvidos nesses surtos é o vinho do açaí, devido à falta das boas práticas de higiene na produção do mesmo.
As investigações realizadas pela equipe de saúde aumentam as suspeitas de que o alimento envolvido no surto seja o vinho do açaí, pois os pacientes relataram à equipe que consumiram açaí manipulado em uma amassadeira localizada na área urbana do município. Outro fato, que leva as autoridades sanitárias a suspeitar que a contaminação se deu pelo açaí é que as pessoas da família encontraram dentro da embalagem um inseto, muito parecido com o barbeiro, inclusive informaram à Vigilância Sanitária local, porém não haviam guardado nem a amostra do açaí e nem do inseto. Após, aproximadamente 15 dias (27/01) do consumo do açaí, alguns membros da família começaram a apresentar sintomas da doença (febre persistente, astenia, diarreia e vômito). Os mesmos procuraram uma unidade de saúde, onde foram coletadas as amostras de sangue desses pacientes e encaminhadas ao Laboratório Evandro Chagas. No dia 1º de março, a coordenação de Vigilância Epidemiológica recebeu a confirmação do laboratório dos casos suspeitos.
Os três pacientes confirmados com doenças de chagas estão fazendo acompanhamento ambulatorial com medicação. Os outros membros da família, que consumiram também o produto, estão sendo acompanhados pelas equipes de saúde e já realizaram os exames laboratoriais necessários no sentido de detectar o mais rapidamente possível, caso estejam com a doença.
A Secretaria Municipal de saúde informa que o município está abastecido com toda a medicação necessária para o tratamento da doença, e os profissionais de saúde das unidades de saúde estão sendo orientados para ficarem em alerta para qualquer caso de suspeita da Doença de Chagas.
DOENÇA DE CHAGAS E AÇAÍ
A Doença de Chagas é uma inflamação causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, transmitida pelo barbeiro (Triatoma basiliensis), e seus sintomas parecem muito com o da malária, entre os principais sintomas estão febre, inchaços cardíacos, que, em estado mais avançado, levam o paciente à morte.
Adoção de boas práticas no preparo do açaí ajuda na prevenção. A contaminação ocorre quando há falta de higiene no processo de beneficiamento do açaí, por isso devemos ter cuidado com todo e qualquer alimento consumido. A coordenadora da Vigilância Sanitária ressalta que o açaí não pode ser visto como vilão, mas sim a falta de higienização no preparo do produto. É necessário o comprometimento de todos os envolvidos na cadeia produtiva para melhorar a qualidade do processamento do fruto para obtenção de um produto seguro”.