Que o Pará é um estado com serviços de saúde e educação ruins, sem saneamento básico, com alto índice de violência, com desemprego bombando, sem atratividade para negócios e com qualidade de vida precária, isso todo mundo está careca de saber. E agora, o que já não era muito bom acaba de ganhar reforço: o estado despencou na lista das Unidades da Federação mais visitadas, com queda no número absoluto de turistas.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que teve acesso ao Anuário Estatístico do Turismo 2019, uma produção do Ministério do Turismo (MTur) que compila indicadores das visitas realizadas por estrangeiros ao estado. Em 2017, exatos 30.524 “gringos” passearam pelo Pará, volume que baixou para 28.720 em 2018.
De 13º estado mais visitado do país em 2017, agora o Pará passou para 15º, sendo ultrapassado por Amapá e Acre, estados com menos infraestrutura hoteleira e que, ainda assim, recepcionaram 33.383 e 31.537 visitantes internacionais, respectivamente. O maior impacto ao Pará foi no mês de fevereiro, quando as chegadas de turistas caíram de 3.323 em 2017 para 1.926 em 2018.
Riquezas naturais x Misérias sociais
Extenso, cheio de florestas místicas e rios caudalosos, além de fauna e flora exuberantes aliados a uma cultura ímpar e a uma gastronomia exaltada pelo mundo inteiro, o Pará pouco aproveita o potencial que tem. E seus problemas sociais, gravíssimos, afugentam muitos dos que chegam, a começar por seu maior cartão-postal urbano, Belém, porta de entrada para turistas estrangeiros.
A capital paraense é uma das mais sujas e sem infraestrutura do Brasil, muito embora seja uma metrópole com cerca de 1,5 milhão de habitantes. Com péssimos indicadores sociais, sobretudo nas áreas de saúde, educação e saneamento básico, Belém convive também com a violência que a condena a ser uma das 15 áreas urbanas mais violentas do mundo, de acordo com levantamento divulgado este ano pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal do México.
O custo de tudo isso é econômico, de maneira que Belém, que tem mais ou menos o tamanho de Goiânia (GO), arrecada 35%. Várias capitais bem menores que Belém — como São Luís (MA), Teresina (PI) e Campo Grande (MS) — conseguiram se reinventar e atualmente conseguem arrecadar mais impostos que a capital do Pará, que também perde divisas ao perder turistas para o seu subdesenvolvimento, marca registrada do Pará.