Com a publicação de sua nomeação no Diário Oficial da União, na última sexta-feira (14), o agora deputado federal licenciado e novo ministro do Turismo, o paraense Celso Sabino, presidente estadual do União Brasil no Pará, quer “transformar o Brasil no 3º maior destino turístico do mundo”. Confira alguns planos do ministro para atingir a ambiciosa missão.
Sabino foi nomeado após uma novela com capítulos quase diários, que duraram mais de 40 dias, envolvendo sua indicação pelas lideranças de seu partido e aliados na Câmara dos Deputados, o que resultou na demissão da também deputada federal Daniela do Waguinho (União-RJ), então titular do ministério.
Os problemas da então ministra vieram em decorrência do grupo político da qual é uma das líderes e que é comandado pelo seu marido, prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, mais conhecido como Waguinho, que se desentendeu com a direção nacional do União Brasil numa disputa politica local, levando-o a migrar, com cuias e redes, para o Republicano
A troca de sigla resultou na falta de sustentação do União à ministra, que perdeu as condições para manter a mulher e aliada no cargo, porque ela, também, pediu judicialmente, desfiliação da legenda, para também migrar para o Republicanos.
Planos
Celso Sabino não disse, mas semanas antes já estava confirmado no cargo. Ao assumir, ele tem planos ousados para a pasta do Turismo, mas, politicamente, quer distância de confusão e se concentrar na elaboração de um plano nacional de desenvolvimento do turismo que pretende apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até o fim de setembro. “Esse programa é mais macro, é para cinco anos, e prevê metas de alcance de geração de riquezas”, adiantou.
Explicando melhor a frase “confusão política”, Celso Sabino se refere, por exemplo, sobre a permanência de Marcelo Freixo — recentemente filiado ao PT fluminense —na direção da Embratur, órgão sob o guarda-chuva da pasta do Turismo. “Cabe ao presidente a decisão dos espaços que serão ocupados”, disse, dando a entender que o ministério não foi entregue com a “porteira fechada”, como se costuma dizer.
Nas conversas antes de assumir o cargo, Sabino garante que Lula prometeu incrementar o orçamento da pasta, e a ele, como deputado bem relacionado no Congresso, incrementar com emendas parlamentares dos atuais e futuros aliados que procurarão a pasta. Geralmente, existe uma secretaria de turismo nos municípios, mesmo nos mais pobres.
Em relação à questão orçamentária, Celso Sabino disse que: “Pretendemos sensibilizar a junta de execução orçamentária, e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão), Simone Tebet (Planejamento) para fazer uma recomposição orçamentaria no ministério. O turismo é a segunda atividade no Brasil que mais gera emprego, queremos que ele receba o orçamento necessário para o crescimento que temos pela frente. Começamos a elaborar um cardápio de propostas e projetos para apresentar aos senadores e deputados para atrair emendas. Projetos que variam de R$ 200 mil a R$ 10 milhões.”
Recuperação do setor
O turismo foi um dos setores econômicos e sociais mais afetados pela pandemia de Covid-19 nos últimos anos. Mas esse cenário está mudando, o que possibilita que milhões de pessoas voltem a visitar seus lugares preferidos e a conhecer novos destinos.
Segundo o último Barômetro Mundial de Turismo da Organização Mundial do Turismo (OMT), divulgado em maio deste ano, as viagens internacionais atingiram 80% dos níveis pré-pandêmicos no primeiro trimestre de 2023. Estima-se que 235 milhões de turistas viajaram internacionalmente nos primeiros três meses, mais que o dobro do mesmo período de 2022.
O ranking mais recente dos países mais visitados no mundo feito pela OMT e disponível no relatório International Tourism Highlights, 2020 Edition (com dados de 2019, pré-pandemia) mostra quais foram os 10 destinos globais que receberam 40% dos turistas.
Dessa lista, destacam-se lugares na Europa e nas Américas como os que mais atraíram turistas recentemente — ainda que lutem para retomar os mesmos patamares pré-pandemia. Enquanto isso, países do Oriente Médio e da Ásia têm ganhado notoriedade entre viajantes que buscam passeios internacionais.
Sabino, aliás, conta com o gigantesco patrimônio de belezas naturais que o país possui para torna-lo um dos três mais visitados do mundo, sua meta mais ousada a frente da pasta.
“As nossas prioridades aqui, já conversadas com o presidente, é fazer com que o turismo no Brasil signifique, em termos de geração de receita, geração de riqueza para o país, o que alguns países no mundo têm conseguido. Existem países no mundo que não tem nem próximo do que a gente tem para ‘vender’ para o turismo, em termos de belezas naturais, de florestas, de patrimônio cultural e histórico”, contou.
O novo ministro citou como exemplo internacional que o Brasil deve seguir, o país irmão Portugal, “que em dez anos, chegou a triplicar o número de turistas. Foi uma política de turismo, divulgaram na Europa, melhoraram as questões de segurança”, citou.
O ministro, nascido no Pará, quer carimbar o seu nome a frente da pasta. “Quero ver o Brasil estar entre os três países que mais recebem turistas no mundo. É uma meta ousada, mas com cinco anos de prazo podemos buscar”, disse otimista.
Top 10 dos países mais visitados do mundo
1. França
Em primeiro lugar no ranking, a França recebeu 89 milhões de turistas internacionais, segundo o último levantamento da OMT. Paris, a capital, é a cidade que mais retém visitantes.
2. Espanha
Em seguida, a Espanha aparece no ranking com 84 milhões de chegadas internacionais, segundo dados da OMT. Barcelona e Madrid são os destaques entre as cidades mais turísticas do país mediterrâneo.
3. Estados Unidos
Com inúmeros pontos turísticos famosos, os Estados Unidos receberam 79 milhões de visitantes internacionais segundo o último levantamento da OMT. Nova York, por exemplo, recebeu 56 milhões de visitantes em 2022, de acordo com a NYC & Company (agência de fomento ao turismo da cidade), sendo a mais visitada do país.
4. China
Em quarto lugar está a China, tendo recebido 66 milhões de turistas em 2019. Hong Kong e Macau figuram entre os principais destinos.
5. Itália
Já a Itália contou com 65 milhões de chegadas internacionais, atraindo turistas por cidades em todas as regiões do país, diz o relatório da OMT. Roma, Florença, Milão e Veneza continuam como os destinos favoritos, mas algumas ilhas italianas, como Sicília e Sardenha, também são destaques.
6. Turquia
A Turquia vem ganhando preferência entre os turistas internacionais nos últimos anos. Segundo o ranking mais recente da OMT, o país recebeu 51 milhões de turistas em 2019, 12% a mais em comparação com o ano anterior. Ele foi o país com o maior crescimento no turismo internacional.
7. México
Em sétimo lugar está o único país latino-americano do ranking dos mais visitados. Em 2019, o México recebeu 45 milhões de turistas internacionais. A capital, Cidade do México, e a região de Cancún são os principais atrativos.
8. Tailândia
Com 40 milhões de chegadas internacionais, a Tailândia é o segundo país da Ásia entre os destinos favoritos. Segundo a OMT, Bangkok, capital do país, acaba sendo o ponto de partida dos turistas que são atraídos pelos diversos templos e ilhas paradisíacas.
9. Alemanha
Outro destino querido pelos viajantes que partem para a Europa é a Alemanha. O país recebeu 40 milhões de visitantes segundo o último levantamento da OMT. Sua capital, Berlim, e a cidade de Frankfurt, que abriga um dos maiores aeroportos do mundo, são as cidades que mais atraem turistas.
10. Reino Unido
Por fim, a lista dos mais visitados acaba com o Reino Unido, registrando a chegada de 39 milhões de turistas internacionais. O levantamento leva em consideração os desembarques na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, sendo que a Inglaterra e sua capital, Londres, são os principais destinos.
Quem é Celso Sabino
Celso Sabino, 44 anos, é casado; auditor fiscal estadual licenciado, tendo ingressado na carreira através de concurso público quando tinha 22 anos; é formado em Direito e Administração, doutor em Ciências Jurídicas e Sociais; foi secretário de estado de Trabalho, Emprego e Renda, na gestão do então governador Simão Jatene; ex-presidente do Imetro no Pará, foi deputado estadual por dois mandatos e deputado federal também por dois mandatos. No Plebiscito de 2010, que consultou a população paraense sobre a criação dos estados do Carajás e do Tapajós, Sabino foi a voz contra a divisão do Pará.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.