Os detalhes para o tão aguardado desembarque de cursos superiores da Universidade do Estado do Pará (Uepa) na capital do minério continuam sendo discutidos entre a Diretoria de Extensão da universidade e a Secretaria Municipal de Educação (Semed). Na última quinta-feira (8), o representante da Uepa, Osvando Alves, e o secretário Luiz Vieira sentaram para alinhar mais oportunidades em ensino superior para Parauapebas. E já tem notícia boa: o município deve ganhar, também, uma graduação em Licenciatura Intercultural Indígena, voltada exclusivamente à população indígena local, e uma pós-graduação em nível de especialização na área de Educação Ambiental.
A informação foi levantada exclusivamente pelo Blog do Zé Dudu e complementa outras já amplamente ventiladas pela mídia e confirmadas pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Parauapebas, segundo as quais o município vai receber, em 2021, licenciaturas em Matemática e Biologia e um bacharelado em Engenharia de Software; especializações em Gestão Pública, Saúde Coletiva, Psicologia Educacional e Metodologias em Educação Básica; e mestrados em Ensino de Matemática e Ciências Ambientais.
Há 12 anos o município de Parauapebas tenta implantar um campus da Uepa, mas por questões diversas – como terrenos e projetos inadequados e falta de estrutura administrativa da universidade para expandir-se no interior – o sonho foi sendo adiado. Este ano, segundo a universidade, não fosse a pandemia do novo coronavírus, a Uepa já teria realizado seu processo seletivo e iniciado as aulas presenciais na capital do minério.
De acordo com o secretário de Educação, a luta por novos cursos públicos não vai ficar apenas nas graduações já confirmadas e nas pós-graduações anteriormente acordadas. “A Uepa indicou disponibilidade em trazer o curso de Licenciatura Intercultural Indígena, e nós, claro, estamos interessados porque vai ampliar o leque para que ofertemos à sociedade graduações por meio de um instituição pública, séria e com tradição,” destaca.
Demandas locais
A graduação para os indígenas mira um filão considerável já contabilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão oficial recenseou em 2010 um total de 1.181 indígenas em Parauapebas, 122 deles morando na cidade. O Blog apurou que, desse universo, 49 tinham apenas o ensino médio completo e só 11 ostentavam diploma universitário. Isso dez anos atrás. De lá para cá, com a ampliação das políticas de educação, o número aumentou, logo, há demanda.
Segundo o professor Osvando, diretor de Extensão da Uepa, a ideia, inicialmente, é criar uma turma dedicada apenas a cidadãos comprovadamente indígenas, com no máximo 30 vagas. Inclusive, as aulas, que devem ser em regime intervalar, serão ministradas na aldeia. Uma vez graduados, eles poderão atuar como professores em escolas indígenas, como educadores em unidades de ensino que ofereçam espaço para educação intercultural, como agentes culturais ou tradutores do povo indígena, entre outras possibilidades.
Já a especialização em Educação Ambiental é desejo antigo de diversos profissionais, sobretudo da educação, e cujo clamor a Semed levou à Uepa. Isso porque Parauapebas com seus problemas ambientais (queimadas, supressão vegetal, desmatamento, caça predatória, poluição de corpos hídricos e falta de saneamento básico) e, ao mesmo tempo, com sua imponente e exuberante Floresta Nacional de Carajás é uma espécie de laboratório a céu aberto para formação e práticas científicas em Educação Ambiental.
“A gente está de olho e preocupado em atender demandas locais, com inclusão,” salienta o diretor de Extensão. O secretário Luiz Vieira, por seu turno, esclarece que as aulas das graduações vão funcionar provisoriamente no espaço do Centro Universitário de Parauapebas (Ceup), até que o campus seja construído. A licitação do prédio já está em andamento, conforme adiantou em primeira mão o Blog do Zé Dudu (relembre aqui).